Academia de Letras de Crateús
Este é o chão sagrado da Academia de Letras de Crateús na internet. Como um templo ecumênico, nele há espaço para todos que adoram cultuar a beleza da virtude, a simplicidade da inteligência, a singeleza do verbo, o fascínio da cultura, a liberdade da palavra, a profundidade do amor.
quarta-feira, 7 de junho de 2023
quinta-feira, 11 de maio de 2023
terça-feira, 9 de maio de 2023
domingo, 14 de agosto de 2022
Seu Zacarias
Sempre levou alegria
Nos sertões por onde andou
Com o pife e a sanfona
Era grande animador
Tocava a noite inteira
Até a barra do dia
No gogó, sem microfone
Assim era Zacarias
Uma sanfona, uma zabumba, um pandeiro
Carregava a tiracolo não Tinha tempo ruim
Era uma bicada de cachaça e pé na estrada
Não tinha medo de nada e hoje ainda toca assim.
Quirino, Poty
Animando as noitadasSiá Emilia conquistou
Casa Nova, Ibiapaba
Piauí e Maranhão
O seu canto escutou.
sábado, 13 de agosto de 2022
Na terça-feira, outro Conterrâneo, Nirton, da família Venâncio, lançou o livro Trem da Memória.
Ambos Poetas, cultivam em comum o amor ferroviário. Aliás, a Estação do Trem constitui a musa imarcescível de alguns dos nossos discípulos de Orfeu.
Sem embargo, o fato mais emblemático do período em que Crateús foi legalmente guindada à categoria de cidade repousa no advento da ferrovia, a chegada do trem – à época, símbolo excelso de progresso, de quebra de barreiras, de encurtamento de distâncias, de surto desenvolvimentista.
José Maria Bonfim de Morais. É ele que, mirando as paralelas, nos brinda com um verso de trem carregado de partitura litúrgica: “A estação de Crateús é o meu sacrário. Minha Igreja. Minha inesquecível Catedral. Tabernáculo das lembranças mais ditosas e mais queridas da minha infância”.
Feliz Aniversário, Confrade ZÉ MARIA BONFIM!
ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS
Eu, Humberto Rodrigues Paz, na condição de presidente da ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS (ALC), reconhecendo a legitimidade do pleito eleitoral realizado na data de 12 de agosto de 2022, tendo como resultado a aprovação da chapa única aqui apresentada, satisfazendo as normas contidas no Estatuto, declaro empossada a nova Diretoria da ALC para cumprimento de mandato pelos próximos dois anos, contados a partir da data da realização do referido pleito.
Crateús-Ce, 13 de agosto de 2022.
(Humberto Rodrigues Paz)
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL - ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS
O Presidente da Academia de Letras de Crateús - ALC, Humberto Rodrigues Paz, nos uso das atribuições estatutárias, RESOLVE:
Artigo 1º - Ficam todos os acadêmicos fundadores e efetivos, na forma do art. 34 e
seguintes do Estatuto, convocados para a Sessão Especial Virtual de Eleição da nova Diretoria, no dia 12 de Agosto de 2022 – excepcionalmente por meio do grupo de WhatsApp ALC GRUPO OFICIAL - podendo exercer o direito de voto todos os acadêmicos com direito a voto que estejam em dia com suas obrigações e no gozo de seus direitos sociais, sendo vedado o voto por procuração.
Artigo 2º - Durante todo o dia mencionado no artigo anterior, os Acadêmicos poderão se manifestar, a favor ou contra, à Chapa abaixo discriminada:
Artigo 3º - Ao final, o resultado será proclamado pelo Presidente da ALC, que
declarará imediatamente empossados os eleitos.
Crateús, 01 de Agosto de 2022.
Humberto Rodrigues Paz
Presidente da ALC
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Manoel Picolé – Carnavalesco.
Somos a terra do carnaval, do futebol e dos políticos ladrões, diz um dito popular que até já virou um seríssimo provérbio. Do futebol há muito perdemos a hegemonia, a perversa pandemia chinesa parece que vai detonar os carnavais, mas o político safado é o próprio desastre natural de nosso País. Um dia desse, vendo o carpinteiro e folião Raimundo Ferreira de Matos passando na sua bicicletinha, lembrei-me dos velhos carnavais de Cratheús. O Sr. Raimundo enfeitava sua bike com umas bugigangas estranhas, usava roupas rasgadas e um chapéu com rabo de cavalo, colocava uma mala na garupa e uma grande placa com os dizeres: “Expulso de casa” e saia pelas ruas acompanhando o Bloco Maravilha e Carreteiros e desfilava no mela-mela do Mandacaru e Tykerê. Alguém, com pena, até dizia: Coitadinho, foi expulso de casa! Era uma alegria pura os nossos velhos carnavais!
O carnaval é invenção do diabo, como dizem alguns religiosos, mas quem ama a folia da festa profana diz que é invenção da religião. Não sei! Sei que quem implantou o carnaval de rua em Cratheús foi o Sr. Manoel Rodrigues dos Santos, o saudoso Manoel Picolé. Um aventureiro corajoso, cidadão de atitude e coragem, valente bebedor de cachaça e tão valente que até a polícia tinha medo do homem trator, do boêmio nas noites frias dos cabarés, embora fosse um excelente artista de circo, um cultivador das tradições populares e um carnavalesco nato.
Manoel nasceu e cresceu em Tauá, onde o sangue de aventureiro começou a borbulhar nas suas veias juvenis. Resolve assentar praça no 23º Batalhão de Cavalaria, em Fortaleza, chegando a patente de cabo. Deu baixa e se viu sem ter o que fazer. Conheceu uma fábrica de picolés no centro de Fortaleza, encantou-se com aquela maravilha. Decide morar em Cratheús, para comercializar com a doce atração que aprendera a fazer. Colocara sua sorveteria vizinho ao comércio do Sr. Ferreirinha, na Rua Moreira da Rocha e o negócio ia de vento em popa. Ele mesmo saía vendendo os sorvetes, enfiados na ponta de palitos pelas ruas da cidade, com isso ganhou o apelido característico. Um dia, um fazendeiro desses encruados até a alma, desce do cavalo e comprar uma porção de picolés para levar para o interior. “E o senhor vai levar em que? ” Pergunta o Manoel. “ Embrulhe aí, num jornal! ” Respondeu o sujeito, rudemente, e assim foi feito. No outro dia o sertanejo chegou reclamando que só chegará lá os palitos.
Havia conhecido sua companheira num passeio de trem, local em que também vendia seus picolés. Já com os filhos, Agenor, Derléia e Antônio Luiz crescidos, o espírito de aventura lhe impulsiona a voltar à orirem: Tauá, onde ingressam no Circo Jandaia. Manoel agora era mágico e com uma varinha de condão acendia lamparinas, era também domador das duas onças pardas Jane e Diana, mas o número mais perigoso era quando ele chamava alguém da plateia e entregava uma espingarda para atirar na sua esposa que se servia de alvo. Ele contava: Um. Dois. Três. Atiraaar! A pólvora e os chumbos tomavam conta do ar, mas aparecia era uma flor branca no bolso da Dona Maria Picolé. O circo perambulou pelas cidades de Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha, mas chegou ao fim e eles tiveram que rumar novamente para Fortaleza e a pé, passando necessidades.
Um certo dia Manoel volta, novamente, à Cratheús e como cultivador das Tradições Populares implanta o costume do Enforcamento do Judas por essa região. Já morava em frente ao Cemitério São Miguel e ao lado Campo Santo enfinca o mastro da forca. Ele mesmo fabricava o boneco de pano, vestido com suas roupas velhas. O judas era colocado num carrinho de mão e conduzido por um “padre”, um “juiz” e um “soldado” pelas ruas de Cratheús, apregoavam, por onde passavam, o seu julgamento, a sua condenação e a queima na forca pelo seu falso beijo e seu crime vil de traição. Depois de julgado e condenado ateavam fogo nos trapos de boneco dependurado no mastro e não faltava quem, da plateia, puxasse de uma arma e disparasse tiros no Iscariotes traidor que mostrou, numa lição bíblica, que a traição é inerente ao ser humano. E lembrei-me de um amaluco poeta: “Quando lhe jurei meu amor, eu traí a mim mesmo...”
Viver é a maior aventura que existe e Manoel Picolé tentava viver como sabia, preenchendo sua existência com peripécias e aventuras. Havia assistido o desfile do bloco Mandacaru Az de Ouro, em Fortaleza, então resolve criar o seu próprio bloco: o Az de Espada. O Maracatu estava dividido em dois blocos, um com os foliões totalmente pintados de negro e o outro fantasiado de empenados índios, seminus, que desfilavam pela cidade, passando pela coluna da hora e iam até a Praça da Estação, entoando músicas de carnavais para alegria do povo que ficava nas calçadas para ver passar o Bloco do Manoel Picolé, nosso primeiro carnavalesco.
Nas vésperas de um carnaval sofreu estrangulamento de uma apendicite e foi operado às pressas. Manoel não se conteve, não se resguardou e saiu com o bloco na rua, fumou, bebeu e pulou... Sua saúde se complicou. A mente do aventureiro tresvariou e ele sonhou que ainda era cabo do 23º Batalhão. Abandona a família e segue sem rumo, sem prumo e sem ponto de apoio. Num dia chuvoso, em Fortaleza, uma enfermeira nota uma pessoa caída na calçada do hospital onde trabalhava. Avisa para o Dr. Valdir, que decide olhar o que é aquilo. O doutor, irmão do nosso querido e saudoso bodegueiro Valmir da Frei Vidal, reconhece o famoso Manoel Picolé naquela difícil situação. Recolhe o valente aventureiro e tenta socorrê-lo, mas em vão. E naquele dia era chegada a decisiva “quarta-feira de cinzas” para o corajoso aventureiro Manoel Rodrigues dos Santos, o nosso carnavalesco Manoel Picolé, agora um folião de alma livre, como um triste pierrô, no carrossel das ilusões do inexplicável universo.
Raimundo Cândido.