sábado, 5 de maio de 2012

Mais um escritor de Crateús selecionado em concurso do PAIC

 
O Programa Alfabetização na Idade Certa divulga o resultado do 3º Concurso Literário do PAIC que selecionou 36 textos de escritores cearenses para comporem as próximas coleções PAIC, PROSA e POESIA de Literatura Infantil. São 12 textos por categoria: Categoria 1 para crianças de 04 a 06 anos, Categoria 2 destinada às crianças de 07 e 08 anos e Categoria 3 para crianças de 09 a 10 anos.
Seguindo os passos já trilhados por Elias de França, que tem dois livros nas Coleções anteriores do PAIC, Lourival Mourão Veras, membro da Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho (SABI) e da Academia de Letras de Crateús (ALC), foi um dos escritores escolhidos para compor a próxima Coleção. Seu texto foi inscrito na Categoria 2, destinado a crianças de 07 a 08 anos, e leva o título de Matilde viu o Maracatu.
A Seduc parabeniza os candidatos selecionados e comunica que entrará em contato para dar prosseguimento à ação de publicação das coleções.


Veja: RESULTADO

Fonte:

sexta-feira, 4 de maio de 2012



                                              AMIGO DO HOMEM

Uma corda se alonga do teto. Dentro dela, na crepuscular solidão, a cabeça emite um comando. O cão empurra a cadeira.

Silas Falcão


Ainda há mundos, além do asfalto, do caos rodoviário, do concreto e do absurdo metropolitano

Por Teddy Williams


Quando saio de Fortaleza em direção ao sertão, em especial a cidade de Crateús, dando umas voltas também às cidades de Nova Russas e Hidrolândia, um novo mundo se apresenta e tudo se transforma. Até chegar, algumas longas horas de estrada, de ônibus ou carro.
  Chegando lá, a vida se modifica de fato. O tempo e as pessoas ainda correm menos, mesmo diante da correria da globalização, da exploração do homem pelo homem e de outras injustiças sociais.
  Vou me situando com as novidades do dia, da semana, do mês. Vou vivendo uma nova vida, ligada a que tenho de caminheiro, com outros olhares e outras estradas, amigos por esse nosso Brasil. Mas lá existe uma transformação também. Quando chega o fim de semana, as histórias continuam, com outros ares, sabores, luzes, olhares e lugares.
Em alguns passeios, depois de minutos na estrada, chegamos ao Arvoredo. Lá, dependendo da hora e do dia, geralmente antes do almoço, uma especialidade diferente a mesa. Sabores da terra, preparados por mãos amorosas, felizes em compartilhar, uma característica real do sertão. O alimento é criado e/ou cultivado na própria casa, sem venenos e outras coisas nocivas a nossas vidas.
  Alguns minutos depois, mais felizes ainda, vamos as redes, cadeiras e até no chão... um cafezinho e uma boa conversa, quem sabe até uns cochilos. Eu durmo e ronco....fazer o quê?
  No antigamente, em meu tempo de cervejas e/ou vinho, uma bebida para refrescar e ficar na rede real. Curtir o alpendre da casa e viver uma outra vida, menos louca, menos agitada, mais cheia de luz.
  São muitas poesias para se viver e histórias para se escrever, pois é também uma terra de muitas realizações e acontecimentos.

 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

quarta-feira, 2 de maio de 2012

FESTEJE A ALEGRIA DA VIDA FEITO POESIA!

                           
                                           

Se um amante da canção completa 05 décadas de versos na bagagem 
e a sua revista, a Gente de Ação, 10 anos de tiragem, é óbvio que vai ter homenagem.
Venha conosco celebrar esse rito de passagem.
Academia de Letras de Crateús – ALC convida você e sua família para as comemorações 
de aniversário do Poeta e da Revista, momento em que ele lança o livro Nos Cafundós do 
Sertão e o CD Dideus Sales – Entre amigos, poemas e canções.
LOCAL: CABANA MENDES
DIA : 05 DE MAIO
HORÁRIO : 20 : 00

terça-feira, 1 de maio de 2012

Torrão de Lampião

A luz dança como uma bailarina diluída nas pupilas do dia e realiza um coito ventral no seio da terra. Transborda de um sem fim trazendo um imenso calor que fecunda à vida e delibera um suor e um desassossego ardente nos corpos expostos a essa diurna excitação.
                Já transpirávamos aos borbotões nas primeiras horas do dia, pois a inclemência em Serra Talhada, o torrão natal de Lampião, começa pelo impiedoso Sol da manhã. Dizem que em Caicó, no Rio Grande do Norte, onde se realiza a famosa Festa de Sant’Ana, um patrimônio imaterial do Brasil, que em Teresina, capital do Piauí, e também em Crateús regada pelo intermitente Rio Poti, no sertão do Ceará, estão os dias mais quentes que se tem notícia, mas com certeza que, como na Terra do Xaxado em Pernambuco, não há nada igual. 
                O motivo de estarmos ali, numa região tão distante como imensamente quente, era pela fama lampiônica e pelo talento do poeta Edmilson Providência, que fora selecionado entre centenas de afamados compositores de todo País, para concorrer no II Festival de Músicas do Cangaço com uma elaborada letra chamada Convite a Lampíão.
Depois de saborearmos, com intrepidez estomacal, um delicioso angu de milho na manteiga da terra, queijo e galinha caipira ao molho pardo, um prato típico do Sertão de Lampião,  fomos contemplar a Feira, na Praça Barão do Pajéu, pelo Dia Nacional da Caatinga com encantadoras danças, declamados louvores poéticos, e uma mostra de fotos do Parque Estadual da Serra da Pimenteira, onde se localiza a famosa Serra Talhada, demonstrando um forte desenvolvimento intelectual no município. Inesperadamente alguém intercepta meu amigo e escritor Flávio Machado, insigne historiador dos Sertões de Crateús:
— Secretário de Cultura, o senhor por aqui?!
Passado o susto e aceito a explicação de que não era o Secretário do Governo de Pernambuco, lembrei-me que há pouco tempo uma grande parte da população crateuense desejou intensamente a candidatura do eminente acadêmico para a cadeira de prefeito, indicação que foi logo recusada. Agora repito o que dizem os pernambucanos quando desejam que algo de bom aconteça na vida deles: — Aí se sêsse, ô xente, ixi maria menino! Sei que, com a candidatura de Flavio, só tínhamos a ganhar.
É isso o que acontece com as pessoas que expelem honestidade pelos olhos e transpiram retidão pela alma, chamam atenção das outras. O Senhor Adauto Bezerra, um agrônomo aposentado que fez questão de dizer não ter nenhum parentesco com o militar que governou o Estado do Ceará, foi atraído pelo magnetismo de Flávio, com seu imenso poder de farejar as histórias que ficam esquecidas nos baús da vida. O versado senhor fez questão de nos contar tudo o que sabia sobre o Rei do Cangaço, e foi logo afirmando:
— A minha mãe dançou com lampião! Vou explicar, disse ele.
— O casamento estava marcado para acontecer na fazenda algodão, aqui pertinho, logo depois do Rio Pajéu. Meu pai e alguns convidados iam a cavalo, pois a noiva e o padre já esperavam por lá. De repente avistaram uns sujeitos muito bem armados e pensaram que era a “força”. Tentaram voltar.
                — Opa! Não voltem não! Ordenou um dos homens. Eram do bando de Lampião.  Depois de explicarem o que iam fazer, os cangaceiros disseram:
                — Lampião está aí, com oitenta homens precavidos. Se entrar, num sai mais não e se tentarem voltar correm o risco de não chegar. Escolham!
                Resolveram entrar. Virgulino Ferreira da Silva participou do casamento, pois conhecia os pais dos noivos, mas disse que na primeira dança fazia questão de arrastar o pé com a noiva. Depois da festança deixou os noivos voltarem para Villa Bella, hoje Serra Talhada que tenta se recuperar, culturalmente, do que perdeu na época do Cangaço. Seu Adauto se indignou foi com a primeira passeata gay da região, onde uns desavergonhados desfilaram vestidos de Lampião, com as vestimentas todas na cor rosa e ainda dizendo que o Rei do Cangaço era gay. Ousaram chamaram a tal marcha obscena de Gangagay.
                —Veja só se isso é possível! Tem um advogado gay por aí, um tal de Pedro Moraes, que vai lançar um livro com o titulo: Lampião, o mata sete. Há se Virgulino  voltasse e pegasse um cabra desse, dependurava amarrado por aquilo, como era de seu gosto fazer.
                Despedimo-nos da agradável feirinha regada a bolo de milho e caldo de cana com limão e fomos nos concentrar, para logo mais à noite assistir e torcer pelo “Convite a Lampião” num festival que nos lembrou outros, dos tempos idos, em que participaram Geraldo Vandré com “Pra não dizer que não falei das flores” e Chico Buarque com “A Banda”.
                É chegado o momento, os participantes vão se apresentando um a um para uma platéia animadíssima que aplaudia os seus eleitos. O nosso interprete, Ernesto Teixeira, na segurança e no requinte deu um show de desempenho numa performance emocionante.  A letra dizia: Meu padim Padre Cícero / Romão do Juazeiro / diga aí ao cangaceiro / Virgulino Lampião / para fazer uma turnê / e de perto poder ver / como está nosso sertão.
Tínhamos certeza de estar entre as cinco primeiras. E aguardávamos ansiosos, madrugada adentro, o resultado. Nada. O honrado Júri preferiu até uma música que tinha uns aís , uns uís, gemidos ridículos como coisas próprias de deboche, de chacotas, mas que por algum motivo obscuro encantou aquela comissão.
Nem o refrão final do nosso Convite a Lampião despertou sequer um vulto de um justiceiro vingador daqueles tempos de Lampião: Por isso te peço amigo / reúna os cangaceiros / para essa grande missão / sei que é cabra valente / mas vai ter que bater de frente / com a tal de corrupção.
O bacamarte do Rei do Cangaço desta vez bateu catolé. Sei não, mas penso que o tal advogado que escreveu o mata sete pode até ter razão. Esses tais lampiões de hoje em dia...

Raimundo Candido
ASSISTAM AO VÍDEO NO YOUTUBE: http://www.youtube.com/watch?v=IwtOCWF3jvs&feature=youtu.be

José Alberto de Souza disse...
Parabens a todos crateusenses que se fizeram presentes no II Festival de Músicas do Cangaço, em Serra Talhada, levando sua solidariedade aos conterrâneos Edmilson Providência e Ernesto Teixeira, pela brilhante participação nesse evento