Não me compares às flores,
por mais que seja bela e perfumada.
Não me chames de uva,
ao me achares madura, doce e saborosa,
ou, por vezes, acre, quando verde.
Tampouco sou abacaxi,
ainda que o tempo me tenha enrugado o corpo.
A valentia, ou a pele macia, não faz de mim tigresa.
Não pretendo ser-te pimenta de odor ou ardor,
por mais que cheire e te esquente.
Não sou tua comida,
mesmo quando me possuis vorazmente.
Não me tomes por aguardente,
ainda que me aches “um porre”.
Nem coco verde, nem quenga,
nem coroa, nem caça-macacas,
Nem piranha, nem cotovia,
nem galinha, nem gata... nem nada.
Basta!
Chega de metáforas e bajulações.
Quando me citares dentre os humanos,
não me trates de “homem”.
Eis, pois, que sou, simples e necessariamente,
MULHER.
Elias de França
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