De Ana e Manoel nasceu José, preto e raquítico como esperado. Entre os sovacos da serra grande, naquela noite do dia 24, nenhuma estrela riscou o céu anunciando sua chegada, também não vieram presentes, mas a morte espreitava acocorada na trempe.
José cresceu, amou uma mulher e muitas outras, e dele nasceu filhos e netos. Fez fortuna rala, alimentou bocas e sonhos, dividiu com irmãos e amigos o pão de cada dia, abriu suas portas para os loucos, miseráveis e subversivos sem pedir nada em troca.
Na luta cotidiana, engendrou folguedos e brigas – esperança grande nos homens.
José não foi Jesus, mas nasceu quase no mesmo dia. Morreu não na cruz, mas deixou grande saudade.
Karla Gomes
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