Às vezes as flores brotam nas
fendas das rochas e exibem o poder invisível que há no cerne das coisas. Como magia que nos alumbra e, repentino, vai
desvelando a pureza que surge de onde menos se espera. Soube destes sucedidos
milagres quando o poeta João Cabral de Melo Neto concretou seus versos, duros
como pedras, mas com uma engenhosidade poética que me fazia, e ainda faz, chorar...
Meus olhos, absortos e incrédulos,
brilharam de emoção ao terminar de ler (Sorver!) o livro QUASE POESIA do
engenheiro-poeta Humberto Rodrigues Paz, meu amigo Cancão, que traz,
magicamente, o engenho de Cabral na oralidade de Patativa do Assaré. Não sei o
que faz, nesta periodicidade rara da vida, surgir do duro concreto, dos
cálculos inalcançáveis, dos fios de prumo e das aglutinantes argamassas tanta
sensibilidade, tanta essência poética, tamanha inspiração calculada em rimas e
métricas num livro que me fez pensar: É o primeiro QUASE que percebo ser mais
que perfeito! Praticar o verso como quem manuseia o concreto armado, buscando um
equilíbrio, uma simetria e usando palavras como tijolos é coisa de pura magia. Vocês
perceberão o que afirmo lendo os poemas e as memórias deste grande poeta que
canta a natureza e amor e ainda se chama Paz
Como o Cancão, pássaro curioso
da nossa Caatinga, nada passa despercebido ao poeta Humberto (Solitário
Navegante) que, num aguçado olhar amoroso, mostra sua sensibilidade, quando proclama:
“Quem ama não envelhece / O tempo lhe será leve / Que nem a luz do luar / O
voar dos colibris...” Até que enfim, em Crateús, emerge mais um grande poeta para
cantar as belezas da Ribeira do Poti.
Raimundo Cândido
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