Este é o chão sagrado da Academia de Letras de Crateús na internet. Como um templo ecumênico, nele há espaço para todos que adoram cultuar a beleza da virtude, a simplicidade da inteligência, a singeleza do verbo, o fascínio da cultura, a liberdade da palavra, a profundidade do amor.
sábado, 22 de outubro de 2016
SALVE, RIO POTI!...
Da fonte à foz
Cantou-te, um dia, o poeta.
Tuas águas, tuas lendas... De amor
A alma repleta.
*
Cobra de vidro, serpenteia intrépido
Pelos estertores da caatinga.
Geraste urbes e estâncias mil
E o tesouro que em teu seio vinga.
*
Contrariando a lógica natural,
Contra a alta montanha arremeteste,
Majestoso, nessa luta desigual,
Tens a glória da batalha que venceste!
*
É que numa epopeia magistral,
Apoteose das façanhas tuas,
Rompeste, um dia, a grande cordilheira,
Partindo-a simplesmente em duas...
*
O esplendor que teu percurso encerra...
Não verás outra ribeira que se iguale...
As belezas naturais rasgando a Terra
E as riquezas do fecundo vale.
*
Desta linda princesa és pai zeloso.
Crateús é tua filha mais garrida.
E a ti deve o seu porte grandioso,
Toda a honra, toda a glória, sua pompa... sua vida!
*
Sonhaste um dia, bravo Poti,
Com tuas águas cristalinas e peixinhos aos milhares,
A jorrar por entre as pedras e sentir
Preservadas tuas matas ciliares.
*
Sonhaste um dia, bravo Poti,
Com varandas, balaustres e jardins,
A contemplar tua beleza sem igual,
Por entre rosas, bouganvilles e jasmins.
*
Mas os teus filhos te viraram as costas.
Na fluidez do tempo sofreste mil revezes.
Em vez de varandas, construíram fossas.
Em vez de flores, te ofertaram fezes!
*
Poderíamos desfrutar de teus encantos,
Nossos corpos degustando a doce brisa,
Tuas lendas, teus mistérios... E no entanto
O que vejo é o bravo rio que agoniza.
*
Poderíamos te amar como nos ama...
De um amor com que abraças Crateús.
Por desdita, só recebes lixo e lama,
Como o Cristo foi pregado numa cruz!
*
Porém espero, um belo dia, bravo Poti,
Ver a nossa consciência iluminada.
Que teu povo possa, enfim, se redimir!
Então salvar de um triste fim, tua jornada!...
***
Humberto Paz.
(Crateús-CE., 22/10/2016)
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