a maestrina do coral de galos rouba-me o sono
para eu assistir às árvores orvalhadas
posarem em êxtase, qual figurantes,
em continência ao leste espetacular.
Pássaros sacodem as asas,
piam concertos improvisados,saúdam o menino-sol, que emerge
rasgando a placenta de névoa da madrugada.
e a imensidão é um mar perfumado
exalando um cheiro úmido de vida fértil
e um gosto de eternidade sobre a minha carne.
e o sol rasgue a névoa, mas negue-me seu calor.
Temo que, na aurora,
eu tenha que esconder meus olhos do dia mal-escondido; a imensidão seja um mar perfumado inodoro ao meu olfato
e minha carne não mais degusta o sabor de eternidade.
que tu te esqueças de roubar meu sono
e, tão cedo, deixe-me dormir para sempre,
sem aurora, sem dia, sem nada...
E as árvores orvalhadas batam continência
em homenagem última ao meu ocaso.Elias de França, do Livro Cantigas do Oco do Mundo - 2002
Raimundo Candido disse...
Poeta! O que mais dizer... Só roubar duas palavras da última estrofe e BATER CONTINÊNCIA: POETA!!! POETA!!! POETA!!!
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