quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Prosa


Prosa

(Do crateuense  FRANCISCO PASCOAL PINTO, O Chico Pascoal, que nasceu no distrito de  Ibiapaba, poeta, cronista premiadíssimo que trabalha na área das telecomunicações e residente atualmente em São Paulo, )

Quando criança, no sertão de Crateús, eu costumava passar férias escolares na casa das minhas avós, em Ibiapaba, um vilarejo próximo. De vez em quando aquelas velhinhas largavam seus afazeres, trancávamos a casa a tramela para os animais domésticos não entrarem (naquele tempo podia-se dormir de porta aberta sem preocupações) e saíamos para fazer visitas. Os vizinhos, eram todos compadres, comadres.

Nessas incursões minhas queridas avós Dona Ângela (Dona Anja, como a chamavam) e Dona Maria Pinto sabiam como amortecer aminha impaciência infantil:

"É só uma prosa com a comadre de Soiza. Não vamos nos demorar. Toma o café e fica quieto!"

"Que cousa, menino? É o tempo de um dedinho de prosa com o compadre Chagas Cardoso. Coma uma broa e sossega!"

Prosa. Creio que foi a partir dali que passei a prestar a mais atenção naquela palavra tão presente na conversas dos mais velhos. E comecei a me dar conta de que o que aquela gente agreste, brava, inculta e bela praticava, o proseio do dia-a-dia, do fim de tarde, a prosopopeia, pasmem, era poesia pura.

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