Este é o chão sagrado da Academia de Letras de Crateús na internet. Como um templo ecumênico, nele há espaço para todos que adoram cultuar a beleza da virtude, a simplicidade da inteligência, a singeleza do verbo, o fascínio da cultura, a liberdade da palavra, a profundidade do amor.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
O Punhal de Lampião
O cabo de prata
do cruel punhal de aço
pendeu da Serra Grande
vertendo rio de sangue,
dançando xaxado ligeiro,
orando à Cícero Romão
na crença da pedra cristalina
para o seu corpo fechar.
O cabo de prata
do cruel punhal de aço
alumiou nas veredas escuras
os fantoches dos mandacarus,
o faro dos rastreadores,
o dedo sujo dos coiteiros
delatando o olhar de vidro
do capitão Virgulino
com sete tiros no corpo,
chapéu de couro bordado,
lenço vermelho rendado,
sol escaldante nos couros,
abatido no fundo da noite,
todo o bando decapitado
pela volante do Ten. Bezerra
e o afã lampiônico acabado,
fim do cabo de prata
do cruel punhal de aço
instrumento de pura magia
extinto no raiar do dia
pelo automático matraquear
que pôs fim a toda marmota
na emboscada de Angico
e do sangue jorrou uma grota.
Raimundo Cãndido
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pretty nice blog, following :)
ResponderExcluirLampião e seu punhal,
ResponderExcluirsímbolos de uma época
eivada de equívocos,
deixaram um legado
de tristes recordações
que jamais conseguir-se-á apagar.