Este é o chão sagrado da Academia de Letras de Crateús na internet. Como um templo ecumênico, nele há espaço para todos que adoram cultuar a beleza da virtude, a simplicidade da inteligência, a singeleza do verbo, o fascínio da cultura, a liberdade da palavra, a profundidade do amor.
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Cancão
Travesso a fuçar,
intrometido de enleio,
um arruaceiro na mata,
de galho em galho
bisbilhotando o alheio.
Tudo devora, onívoro!
Engole fogo, ignívoro,
e não se admire não,
do espinho de mandacaru
ao miolo de xique-xique
come, mastigando beiju!
Enxerido, mas prevenido,
anda aos magotes,
se agrupam nas estripulias,
acuando assombros e cobras
e não temem nem gavião.
Um aguçado sentinela,
e se lhe vê, galgando a caatinga,
alardeia: aguda sirene no sertão!
– Cancão! – Cancão!
Raimundo Cândido
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Permita-me, ave travessa,
ResponderExcluirchamar-lhe atrevido
quero-quero do sertão,
apesar dessa voracidade
que mais lembra danada
caturrita nas folhagens.