Foram 20 anos de trevas sobre o país até os primeiros raios de luz das Diretas Já. Da "ditadura técnica" do abjeto Collor até a esperança de Lula chegamos a uma democracia. Não é a democracia que queremos, que sonhamos, mas é uma democracia, e mesmo com os defeitos, que precisamos combatê-los, o país é uma república federativa presidencialista.
Vivemos duas décadas de arbitrariedades, de prisões, de torturas, de mortes, de "suicídios", de corpos em valas comuns, sumidos, jogados ao mar. Há mais de quarenta anos que pais não têm seus filhos de volta, que filhos não conhecem seus pais, que brasileiros perderam o passado em cárceres e ainda ecoam em seus ouvidos a ira de seus carrascos. A tortura como instrumento do Estado, e não da lei, foi uma marca registrada do governo militar.
Em 1998 realizei um filme curta-metragem, "O último dia de sol", ambientado nesse período. Com roteiro a partir de lembranças minhas sobre o meu pai e histórias que ouvia, o filme se passa na madrugada de 1º de abril de 1964, quando um militante político foge com a mulher e o filho pequeno numa pequena cidade do interior cearense. Filmei em preto-e-branco, em película 35mm, com atores e técnicos de Brasília, Fortaleza e Rio, na pequena cidade de Baturité, a 100 quilômetros de Fortaleza, reconstituindo a época e revisitando as emoções. Foram dois anos entre filmagem e montagem, e junto a alegria de fazer cinema, de ouvir o toque da claquete e gritar "ação!", as dificuldades inerentes, principalmente de orçamento.
Neste 31 de março, a minha homenagem aos que lutaram contra a ditadura escancarada.
(NIRTON VENÂNCIO, escritor, poeta, cineasta crateuense
radicado em Brasília, autor de
Caro Raimundo Cândido, grato pela postagem. Seu blog é muito bom e é uma honra participar dele, como leitor e conterrâneo. Um abraço.
ResponderExcluirQuero lembrar aos interessados que clicando no link do Youtube na barra inferior da imagem, remete ao site onde estão as duas partes do filme.
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