quarta-feira, 28 de março de 2012

Saldo da vaidade e da politicagem: decepção

 
Fim da segundona 2011: tudo era festa. O Crateús surpreendentemente ascendera à elite do futebol cearense. Ali não se viram adversidades políticas, divergências entre gestores. Parecia um todo harmônico, como uma orquestra de anjos. Loas de todos os lados para os “verdadeiros desportistas” que galgaram a façanha.
Início do campeonato cearense 2012: novamente festa: o Crateús se revela forte e guerreiro. Empata com o Guaraju em 2X2 e perde para o poderoso Horizonte de 3X2 fora de casa. No Jumelão parece imbatível: ganha do Ferroviário, do Icasa, do Trairiense... Recebe da grande mídia a alcunha de “caçulinha abusado”. Comentaristas da Verdes Mares vieram conferir se o “o bicho papão” era realmente feio, no empate com o Ceará. Dorme no G-4 por duas noites, chama à atenção da Imprensa até mesmo nos Estados vizinhos...
Aí tudo começou a mudar: oportunistas politiqueiros que nunca haviam pisado no Juvenal Melo viraram porteiros. Neodesportistas de ocasião querendo tomar os microfones dos dirigentes e posar como interlocutores dos “Guerreiros do Poti”. Até que enfim veio o recado dos “home”: ou saem os três indesejados, ou não tem mais o repasse dos R$ 45.000,00. E mandam um dos prepostos dar uma desculpa qualquer à opinião pública.
Vem a primeira goleada: 4X0 para o Fortaleza e a queda para a sétima posição, derrota para o Icasa, cedida nos últimos minutos. O alívio em três vitórias, no sufoco, inclusive contra o lanterna Itapipoca, que se não fosse o Véi... e por fim, a goleada em casa para o Guaraju de 4X1e a volta à sétima posição, de onde não sobe mais.
Pois que restam ao Crateús cinco jogos, três dos quais fora de casa; quatro dos quais contra as equipes do G-4. Se jogar bravamente, consegue, na melhor das hipóteses, dois ou três pontinhos, dos 15 a disputar. Com dez pontos apenas à frente da zona de degola, podendo ser ainda alcançado por Icasa, Guarassol e Trairiense. Não fosse a fragilidade dos adversários da parte de baixo da tabela, decairia mais ainda na classificação.
A campanha já não inspira o mesmo entusiasmo do início e a presença de público no Estádio mingua. A renda, que já ultrapassou os 40 mil, cai para cerca de 10 mil, nos jogos comuns. Correm boatos de que, com as novas contratações (Fabio Saci para que?), a folha teria ficado muito pesada e transcorre alto endividamento do clube. Tomara que verdade não seja.
Tudo por causa da exclusão dos três dirigentes? Provavelmente não. O Crateús tem um elenco modesto e recursos parcos, se comparados aos da maioria dos demais clubes do Cearense. Os resultados positivos até então são, de fato, heroicos. E heroísmo em futebol, sabe-se bem, se consegue com motivação e harmonia do grupo.
Motivação e harmonia, porém, somente verdadeiros desportistas podem proporcionar a um elenco. Neste aspecto, os três que foram “tirados”, por certo, ajudariam muito. Têm eles envolvimento político-partidário? Sim, mas quem não o tem? Retornemos ao passado deles e os veremos presença marcante nas principais conquistas do esporte de Crateús, seja nas boas campanhas do futsal, inclusive um terceiro lugar no campeonato cearense; seja nos títulos da terceirona do Cearense de campo.
Que agora os politiqueiros, oportunistas e neodesportistas de ocasião tenham a hombridade de tomarem para si a responsabilidade, não diria pelo fracasso – pois poder permanecer na elite do futebol cearense é um grande feito – mas por frustrarem a expectativa que os próprios dirigentes e treinador plantaram de levar a equipe ao quadrangular decisivo do Campeonato. Era muito? Talvez. Mas o torcedor acreditou, eu também acreditei.
Elias de França - Escritor
 

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