quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eu não acredito na educação que propaga a liberdade e aprisiona os saberes aos interesses do homem burguês

Não acredito numa educação que prega a igualdade e a realiza apenas dentro de uma mesma categoria social

Não acredito numa escola que tenta impor disciplina a suas crianças sem nunca ter aberto a elas o seu Estatuto

Não acredito no crescimento de um país que se sustenta na ignorância dos homens simples

Não acredito na generosidade dos governantes que só negando antes, conseguem assim ser gentis

Não acredito na ordem de um país onde os facínoras ocupam os lugares mais improváveis da sociedade (nem sempre as margens sociais)

Não acredito no progresso deste mesmo país onde apenas uma classe sobe na escala social

Não acredito numa Justiça que defende a presunção da inocência e a vende por um preço tão alto.

Não acredito numa democracia que se encerra nos belos artigos constitucionais

Não acredito na supremacia do homem que planeja, tampouco na insignificância daquele que executa

Não acredito no desamor de um povo que não enxerga no outro sua condição de
humano

Não acredito na cegueira dos que fecham os olhos ao mundo, e enxergam apenas o que há dentro de si

Não acredito no “querer divino” de uma força opressora que se legitima na fraqueza dos oprimidos

Eu acredito na educação que transpassa os muros das escolas e se realiza nos campos dos movimentos sociais

Acredito na riqueza e no poder dos que possuem mais livros do que dinheiro

Acredito na generosidade dos que compartilham a árdua luta por uma sociedade mais humana

Acredito na fé dos sertanejos que esperam a chuva, mesmo no dia mais quente da seca nordestina

Acredito na força da mão que sustenta a enxada, e colhe, e planta

Acredito em todas as pessoas que exiladas da própria vida, não desistem nunca de viver

Acredito na esperança de que tudo transforma-se, ressurge e renasce à luta dos que não recuam ao conformismo

Acredito na solidariedade da mão que se estende aos que fraquejam à luta

E acredito que há, em algum canto que não se conhece, uma força maior que olha este País e ainda acredita que amanhã tudo pode ser diferente

Isis Celiane