Uma grande crise se abateu
sobre o Planalto Central. No desespero, sem saber o que fazer, o Centro
Administrativo dos Camundongos convoca todos os ratos, ratinhos, ratões e as
ratazanas da nação para uma Grande Convenção
entre os salafrarios , ordinários,
patifes, tratantes e roedores larápios
do Brasil. O que tinha de rato em Crateús, (E não eram poucos!) pegou carona,
clandestinamente é claro, nos ônibus e caminhões que se dirigiam à Brasília.
Quem sofreu bastante foram as pobres corujas! Procuraram um ratinho para matar
a fome e não acharam! Estavam ficando magras e desnutridas.
Uma coruja branca, destas orelhudas
e da cara redonda, moradora dos telhados do Colégio Vitória, teve uma ideia brilhante
, pois não aguentava mais passar tanta fome. Iria comer um dos saborosos alunos
daquele estabelecimento, alguns até pareciam uns ratinhos dentuços. Ficou de
olho, bem atenta! Percebeu uns quatro meninos que moravam ali por perto e
tramou um plano. Estes estavam no papo! Sábia, como é toda coruja, eliminou logo
dois, pois eles não tinham carne nem para fazer um pastel! Dos outros, viu que o mais gordinho, metido
a alemão, era muita sustância para sua fome. Pronto, estava escolhida a vitima:
Arthur Goiano, até o nome era sugestivo como cardápio de lanchonete, não precisaria
nem de maionese nem ketchup.
Sorrateiramente, voando leve
como uma pluma, penetrou no quarto dos meninos e, bem oculta, aguardou. O coraçãozinho do
Arhur quase pula pela boca quando viu aquele bico arregalado e as pontiagudas garras
de cinco centímetros da coruja esfomeada. Foi um pega num pega, um corre que
corre tremendo e Arthur gritava desesperado:
- Socorro!!! Alguém me ajude!
Esta coruja doida está pensando que sou um rato!
- Já que alguém aqui não tem
coragem, chamem o Tio Dim, e bem depressa, por favor!
Alguém pegou o telefone e,
rapidamente, liga para o tal corajoso Tio Dim que, como um Super Herói das
revistas em quadrinho, voa rápido e apreende a Coruja malvada, salvando o menino
Arthur, que nem fôlego tinha mais, de tanto correr.
A Coruja foi solta nas margens
do Rio Poti, que é o seu verdadeiro lugar, mas mandou um recado para o gordinho
Arthur:
- Oh, seu intrometido Tio Dim, diga para aquele ratinho roliço,
que se nossos alimentos não vierem logo de Brasília eu volto lá, e ele agora
não escapa não! E levantou voo, piando tristemente, com suas longas asas talhadas ruflando no ar, rumo à
inóspita Caatinga para se alimentar de algum desprevenido e saboroso calango.
Raimundo Cândido