sexta-feira, 8 de julho de 2011

UM OITAVADO ABRAÇO DE ANIVERSÁRIO!



Nascer no dia 8, poeta, é uma benção!

Oito é o número da luz, festa sagrada, lírio de Jesus, aliança colada!

Só que você é meio descolado, cheio daquela fé dos ateus, chegado a uma festa profana e, talvez até por isso, seja esse ser obscuro condenado à luminosidade!


(Júnior Bonfim)


Se foi no dia oito, tens um biscoito!
Mas acho que não, é muito pouco...
Elias? Nem é oito nem é oitenta,
é talento pra lá de oitenta e oito!
É como a gente ver passar o trem,
nem se imagina o impulso e o vigor
que o impele a este  dom que ele tem
buscando a perfeição com todo rigor,
em vagões e vagões de engenho e arte.
Acho que ele veio mesmo foi lá de marte!

Raimundo Candido


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Muito obrigado, poeta, pelas palavras e pela tradução desse meu humilde ser!

Viver no meio de uma geração tão iluminada, ainda que quase toda (todos) com alguns trejeitos de obscuridade, profanismo e rebeldia, é para mim um grande privilégio, alem da benção.

Grande Abraço!

Elias de França

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Raimundo, nós que já estamos pra lá dos oito,
querendo conquistar os oitenta
com saúde, paz e poesia,
e, quem sabe, os 88,
ou, quem sabe ainda, os 88 mais 8 e mais 8,
agora, com os seus versos,
vamos todos fazendo vida longa,
ao sabor deliciosos dos biscoitos caratis,
de Crateús até Marte!
Muito obrigado pelos trocadilhos com sabor de biscoitos, que, vindos assim da alma, valem mais do que qualquer outro tesouro!
Grande abraço!
Elias de França
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Isis Celiane disse...




Parabéns ao Elias: amigo, poeta, compositor, dramaturgo, artista plástico, pedagogo e fiscal da SEFAZ... rsrsrs. Você cumpre bem todos estes papéis, o de amigo especialmente.
Celi.
Sexta-feira, 08 Julho, 2011

Muito obrigado, Querida! Constar da sua lista de amigos é para mim um grande privilegio!
Grande beijo!
Elias

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cantilena à Princesa

Cantilena à Princesa

Foste em teu calor escaldante e sol brilhante, uma quimera...
agora, alvorecendo, empunhar raios do teu brilho eu quisera,
como os brutos diamantes te lapidam e burilam...
uns instigam a tua vinda, outros duvidam que tu hás de nascer,
limitados em mente não percebem ainda que tu já veio;
desce sobre o Alto as inspirações das Musas enquanto...
a flauta ou os pífanos soam ao teu anúncio que é constante como a luz estrelar;
de imediato, o vento vindo do Oeste sopra um ralho arrebatador
e, os ouvidos se aguçam para compreenderem a melodia da natureza!

Porém, os ventos nos trazem nuvens de todas as partes,
regozijam-se os pássaros; os colibris da Caatinga agora têm néctares a sugar;
identifica-se a exuberância de tuas matas no inverno duradouro ou passageiro
no momento em que se recolhe e se exibe como seca ou como esverdejante;
com isso deduzem que tu renova-se a cada tempo;
e as gotas do céu formam notas que se entremalham nas vozes das aves,
se pudéssemos então perceber, neste momento a água transpassando a terra...
aí, veríamos a beleza da Criação, gerando vida, luz e saber!

diante de tanta majestade, no decorrer de tantas lutas, de sonhos...
o orgulho vitorioso não o desdenhoso, brota em nosso seio!

Os campos não somente iluminados pelo Sol e sim pela Tocha do saber,
entram com as mais belas variações de cactos que compõem nossa paisagem;
se os poetas antigos aqui vivessem, (e vivem), também sentiriam todo este clímax...
também enxergariam o veludo verde que tu, como concreta e majestosa se veste
e é por isso que as línguas dos poetas e dos músicos te chamam Princesa do Oeste!

Éricson Fabrício
(Educador e Poeta)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Canivete

Um afiado canivete talhou em duas
a vida que era una, trina, múltipla.
Uma foto decepada na parede ficou,
num sinal difuso, afeito vil afronta.

O canivete apagou como borracha
o que antes eram os passos a indicar
meu território e meu exato domínio que
se desfez, qual aquáticas  bolhas de ar.

Degolou-me no instante que irrompia.
Dilacerou-me quando uma luz inexistia,
logo quando os revoltos olhos almejavam
o que sempre apetece ser neste subsistir.

Resvalo desfalecendo tal pesado fardo,
desde que a fina lâmina degringolou-me,
e na meia fotografia uma nodosa gravura
sangra e chora, feito meu inexistente ser.

Raimundo Candido

segunda-feira, 4 de julho de 2011

                                          
                                           “Ô de casa”
                                           “Ô de fora” 

As residências estão habitadas de medos.
As câmeras de segurança desconfiam de qualquer pessoa. Alarmes estão prontos para delatarem assaltos. As guaritas blindadas procuram suspeitos. Cingindo a residência, cercas elétricas armazenam o choque fatal. O interfone não permite olharmos a cor dos olhos da irritada voz feminina perguntando: o que é? Cães pit bull latem apetitosos por ataques mutiladores.
Os extensos muros de pedra dos luxuosos condomínios residênciais difundem a rusticidade dos castelos medievais, que protegiam seus moradores dos povos invasores. Nesses condomínios – será que eles já possuem passagens subterrâneas? – cada inquilino soma às suas necessidades de defesa, outros equipamentos de segurança: portas e janelas gradeadas, assemelhando-se a celas prisionais.
Vizinhos não conversam mais. As cadeiras, que pertenciam às calçadas embalando as conversas de boca de noite, hoje são imoladas pela TV.
As ruas estão habitadas de ausência de crianças. Tanta coisa a fazer. Tanta conversa. Tanta novidade. Elas não brincam mais de bila, de triângulo, de peteca. Não existem mais as rodas de meninos trocando figurinhas de álbuns. Todos estão nos majestosos condomínios, algemando-se ao computador.       
As residências de hoje são solitárias, lado a lado.
Sempre inventamos novas maneiras de errar.
Lastimável o ontem não ser para sempre. Casas de portas abertas aos ventos. Janelas escancaradas acolhendo a luz da alvorada. Muretas permitindo olhares para as azaléias, buganvílias e violetas nos jardins. Liberdade! Assim eram as casas da minha infância. Quando alguém chegava, batia palmas, se anunciando: “Ô de casa”. Da cozinha cheirosa de temperos, vinha a resposta: “Ô de fora”.
 Mesmo não sabendo quem era. 

Silas Falcão, autor do livro de crônicas Por quem Somos?

Isis Celiane disse...


O nome de tudo isso é solidão. Triste constatar que essa necessidade de proteção isolou, com grades e cercas elétricas, não apenas as casas, mas sobretudo o homem.
Parabéns ao colega por verdades ditas de forma tão bonita e poética.
Segunda-feira, 04 Julho, 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Um offício da Villa              

Desde lá, que se perdem as esporas,                        
o incitamento, a marcha, o júbilo.
Aqui, subtrai-se o bridão, o estribo.
E nunca mais se reverenciou Oeiras.         

Nem o calor do sopro monárquico            
reina mais na remota Príncipe imperial,
a poeirenta Villa, que nunca se dobrou,
nem ao ferro nem ao fogo da lei.

Como aquelas lendárias Sabinas,               
as desejadas mulheres  romanas,
as  filhas alheias daqui, também
se raptam, armados de clarinetes.

A despeito das ordens terminantes,
facínoras  completamente soltos
cavalgam. Ainda agora passeiam,
a olhos vistos das autoridades.

Raimundo Candido