terça-feira, 22 de dezembro de 2009

FLÁVIO MACHADO


Primeiro, um apelo aos representantes do povo no Legislativo da minha terra: aprovem, com aclamação e louvamento, à unanimidade de votos, um título de Cidadão Crateuense para Flávio Machado e Silva.

Ele apenas nasceu na bíblica Palestina (hoje distrito de Novo Oriente), que pertencia à antiga freguesia de “Pelo Sinal”, atual Independência; porém toda a sua caminhada histórica foi trilhada em Crateús. Todos os registros da sua memória primária se concentram na terra do Senhor do Bonfim, onde passou a residir desde os três primeiros setembros de vida. Sua alma é um monumento comemorativo às pessoas, aos lugares e às cousas da cidade que ama. É um dos raros nobres da nossa ex-Príncipe Imperial.

Ao beijar a cidade de Crateús, o rio Poty se bifurca e, como um bolo atraente, uma coroa de terra emerge: é o bairro da Ilha. Quando Flávio abre o filme das recordações, a primeira imagem o remete ao espaço de ternura desenhado pelo rio. E, em especial, àquele caminho constituído por dormentes de aroeira, trilhos de ferro e uma passarela cerimoniosa, imponente e primorosa que liga o bairro ao restante da urbe: a ponte de ferro.

Flávio é daqueles cuja infância esteve indelevelmente vinculada ao som do trem e à magnitude da ponte. Incorporou às veias do coração o hábito dos bons ferroviários: amar o trabalho sereno, cultivar a velocidade constante e andar sempre nos trilhos. Descobriu e cultiva a liturgia da rotina. Na música Caminhos, Raul Seixas e Paulo Coelho fazem uma peroração sobre a rotina: “E você ainda me pergunta: /aonde é que eu quero chegar, /se há tantos caminhos na vida /e pouquíssima esperança no ar! /E até a gaivota que voa /já tem seu caminho no ar!” Segundo o comercial do perfume, “a rotina do destino é a certeza. Toda rotina tem a sua beleza”. Esse apego à rotina, no entanto, nunca significou acomodação. Pelo contrário. O filho do casal Izauro Machado Portela e Antonia Silva Machado desde cedo revelou pendores para a atividade intensa. Sertanejo de clara e gema, ainda criança criava galinha e vendia os ovos para juntar dinheiro. Após o curso primário na Escola da D. Delite, tomou assento no trem e foi estudar em Sobral, no Seminário Diocesano São José.

Em que pese ser uma figura compenetrada, descobriu que se sentia melhor com o blusão de leigo do que com as vestimentas clericais. Voltou aos bancos escolares crateuenses e, na Escola de Comércio, concluiu o Curso Técnico de Contabilidade. Estudante ativo, militou no Grêmio Clóvis Beviláqua, onde começou a alinhavar artigos para o jornal O Estudante. Integrou a Juventude Estudantil Católica – JEC – e incursionou pelas ondas sonoras da radiofonia, compondo a equipe da única emissora da região, a Rádio Educadora de Crateús, onde apresentou programas como “Sertão do Ceará” e “Discoteca do Fã”. (Anualmente, era promovida a festa para a escolha da Rainha dos Radialistas. A eleita de 1968, Izabel Morais Barros, foi por Flávio desposada e lhe deu quatro filhos: Izauro Neto, Elizabeth (Betinha), Eliane e Flaviana).

Sua imagem de compenetrado virginiano e comedido torcedor do Fluminense só se transformava quando era convidado a entrar em campo como jogador de futebol. Aí virava um verdadeiro tufão: aonde ia arrastava tudo e arrancava com a bola até o gol. Ganhou, por isso, o apelido de Caterpillar, numa referência à famosa multinacional fabricante de máquinas pesadas.

Membro de uma geração dedicada ao labor e ao estudo, varava madrugadas à luz de um candeeiro de petróleo preparando-se para concursos públicos. Sem maiores dificuldades, foi aprovado nos certames que enfrentou para ingressar nos quadros da Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural – ANCAR-CEARÀ, do Banco do Nordeste e Banco do Brasil. Optou definitivamente por este último, onde assumiu destacadas posições até atingir o posto de Gerente Geral.

A aposentadoria, no ano de 1995, foi apenas um detalhe, dês que continua em embalada atividade, pois considera que “a ociosidade atrofia a mente e o corpo”. Rui dizia que “oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo sublimar-se d'alma pelo contato com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua de cada um sobre si mesmo e sobre o mundo onde labutamos”.

Flávio ora e labora. Homem de fé, colaborou no Conselho de Assuntos Econômicos da Diocese de Crateús exercendo o cargo de ecônomo.

Além de tocar, com o irmão Antonio, a Casa Comercial Santo Antonio, herança paterna, administra uma empresa rural que trabalha com frango de corte, criação de ovinos, bovinos e suínos.

Às filhas Edite e Larissa, da sua união com a professora Lindalva F. de Carvalho, sua atual companheira, dedica todo o tempo livre. Porque, além da intensa atividade empresarial, continua a labutar com vigor juvenil, reservando espaço para o estudo e a produção literária.

Como Roberto Marinho, que fundou a Rede Globo após ter completado sessenta anos de idade, Flávio encara novos empreendimentos após virar sexagenário. Alimenta quinzenalmente a Coluna “Crateús de Ontem” e lançou, no último dia 05 de dezembro de 2009, o livro “Crateús, lembranças que aquecem o coração”, um conjunto de belas crônicas sobre a vida florida e espinhosa de personagens reais que, na comuna dos seus amores, tocaram o badalo do sino do progresso. É, também, um dos fundadores da Academia de Letras de Crateús – ALC, onde ocupa a cadeira número 04, cujo patrono é seu ex-reitor Dom José Tupinambá da Frota.

Que continues, bom companheiro, seguindo as paralelas da rotina transparente, sob os auspícios da serena crença, no ritmo equilibrado da decência, aquecendo os nossos corações com as lembranças do passado e sempre atento ao apito inconfundível do trem do futuro!


(Por Júnior Bonfim, publicado na Revista Gente de Ação e Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Plágio a Clarice...

Falso Plágio à Clarice

Não és tu a outra parte que faltava...
Então não posso dizer que:
Jamais vai habitar em meu coração...
E nunca vou murmurar a frase:
Eu quero o teu amor por toda vida
estou certo de que
não te quero por não me preencheres...
Logo, não posso estar convencido de que:
és minha vida, meu ar, és meu coração...
Não posso negar o fato de que:
Tu me fez sofrer e me causou tristeza!
Então é justo não querer dizer:
Eu te amo!
( LER DE BAIXO PARA CIMA)
Por Éricson Fabrício

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A lua e Maria
Aldo Santos

Lua cheia Oh! lua cheia
Que clareia a escuridão
Ao surgir por trás da serra
Ilumina meu coração
Lua que a terra veste
Com teus raios de cristais
Não te zangues, mas tem algo
Que prá mim brilha muito mais

São os olhos de Maria
Quando cruzam com os meus
Não tem noite sem estrêlas
Quando estou nos olhos seus
Lua cheia Oh! lua bela
És o encanto do sertão
Não te zangues, me entenda
Falo com a voz do coração

Os teus raios prateados
E os olhos de Maria
Me encantam e me fascinam
dia e noite, noite e dia
Lua, rainha da noite
És de Deus grande magia
Teus raios me iluminam a noite
Noite e dia os olhos de Maria

A lua do Céu
Beleza irradia
Teus olhos Maria
São estrêlas do dia

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"LEMBANÇAS QUE AQUECEM O CORAÇÃO - FLAVIO MACHADO

Eis um novo livro escrito em nosso chão e sobre esta terra. Da lavra de quem, pelo menos há seis décadas, vive a calejar os pés nas superfícies de barros, areias, pedras ou lamas que o rio Poti trouxe ou levou de suas encostas; retinas hexagenárias a fitar, gravar e sobrepor os cenários de cotidianos movidos e demolidos nos dia-e-noite, das pessoas e dos lugares ao tempo.
Os lugares são a cidade de Crateús; as pessoas, o seu povo; o tempo é quase um século; e o homem... bem, o homem parece menino ainda, despido de malícias, de lá de sua pequena estatura, a desferir um enxergar que a tudo vê, maravilhado ou pasmo, como que a recortar cenas de vida real para tecer seu álbum de figurinhas.
E é assim, de forma modesta, nostálgica doce e pura que Flavio Machado nos apresenta no seu “Lembranças que aquecem o coração” mais de meio século da historia de Crateús, do modo, creio, mais adequado de se contar historias, que é a partir da observação da vivencia e dos desdobramentos dos fatos no dia-a-dia das pessoas.
Alem do rio com seus poços, apelidos, encantos, fúrias e prantos, pode-se ler: chegada e partida do trem nessas terras, como crença de progresso; auroras e ocasos de instituições, escolas, veículos de comunicação; vindas e idas de personalidades da história local, cujos nomes ainda se lêem alguns nas placas que substantivam às ruas e, sobretudo, muitos relatos acerca de pessoas comuns, simples e típicas que compuseram o cotidiano da cidade nos últimos 60 anos.
Livro assim é bom que se tenha ao alcance da mão, na biblioteca ou na cabeceira. ‘Aquecer o coração’ com memórias é uma oportunidade impar de dar aos nossos jovens a chance de compreender como seus ancestrais fizeram acontecer o que ontem foi e hoje é, para assim melhor se pensar no como fazer o que será.


Elias de França – Presidente da Academia de Letras de Crateús - ALC

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eu não acredito na educação que propaga a liberdade e aprisiona os saberes aos interesses do homem burguês

Não acredito numa educação que prega a igualdade e a realiza apenas dentro de uma mesma categoria social

Não acredito numa escola que tenta impor disciplina a suas crianças sem nunca ter aberto a elas o seu Estatuto

Não acredito no crescimento de um país que se sustenta na ignorância dos homens simples

Não acredito na generosidade dos governantes que só negando antes, conseguem assim ser gentis

Não acredito na ordem de um país onde os facínoras ocupam os lugares mais improváveis da sociedade (nem sempre as margens sociais)

Não acredito no progresso deste mesmo país onde apenas uma classe sobe na escala social

Não acredito numa Justiça que defende a presunção da inocência e a vende por um preço tão alto.

Não acredito numa democracia que se encerra nos belos artigos constitucionais

Não acredito na supremacia do homem que planeja, tampouco na insignificância daquele que executa

Não acredito no desamor de um povo que não enxerga no outro sua condição de
humano

Não acredito na cegueira dos que fecham os olhos ao mundo, e enxergam apenas o que há dentro de si

Não acredito no “querer divino” de uma força opressora que se legitima na fraqueza dos oprimidos

Eu acredito na educação que transpassa os muros das escolas e se realiza nos campos dos movimentos sociais

Acredito na riqueza e no poder dos que possuem mais livros do que dinheiro

Acredito na generosidade dos que compartilham a árdua luta por uma sociedade mais humana

Acredito na fé dos sertanejos que esperam a chuva, mesmo no dia mais quente da seca nordestina

Acredito na força da mão que sustenta a enxada, e colhe, e planta

Acredito em todas as pessoas que exiladas da própria vida, não desistem nunca de viver

Acredito na esperança de que tudo transforma-se, ressurge e renasce à luta dos que não recuam ao conformismo

Acredito na solidariedade da mão que se estende aos que fraquejam à luta

E acredito que há, em algum canto que não se conhece, uma força maior que olha este País e ainda acredita que amanhã tudo pode ser diferente

Isis Celiane

sábado, 21 de novembro de 2009

PAULO EDUARDO MENDES



Em que pese fosse abrasado orador, escritor incansável, jurista consagrado, político militante, o que mais enternecia a alma e estremecia o coração do gênio multifacetário Ruy Barbosa era a sua condição de jornalista.

Certa feita proclamou: “E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre (...)”

E foi mais além: “Cada jornalista é, para o comum do povo, ao mesmo tempo um mestre de primeiras letras e um catedrático de democracia em ação, um advogado e um censor, um familiar e um magistrado. Bebidas com o primeiro pão do dia, as suas lições penetram até ao fundo das consciências inexpertas, onde vão elaborar a moral usual, os rudimentos e os impulsos, de que depende a sorte dos governos e das nações.”

Desde algum tempo, sob o influxo da admiração curiosa leio aos sábados, na seção “Idéias” do Jornal Diário do Nordeste, uma coluna assinada por Paulo Eduardo Mendes, que se identifica apenas como jornalista.

Tempos depois, em evento na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF), seu nome era submetido, juntamente com o da sua consorte Gilmaíse, à nossa apreciação para integrar aquele sodalício de letras. Despiciendo enfatizar que foram aclamados com louvor.

E assim fiquei conhecendo Paulo Eduardo Mendes, de cujas crônicas já era íntimo. Embora pouco tenhamos convivido, já conclui que seu fenótipo parece transparecer sua alma: homem de olhar sereno, leve como a pluma, postura equilibrada, voz ponderada, alma superior. Porque humilde de índole e manso de coração, parece exalar o orvalho da sabedoria por todos os poros.

Talvez por isso se explique o fato de omitir suas outras facetas, como a de magistrado modelar, homem devotado à família, doutor da honrosa causa do bem e da generosidade, jardineiro de flores filantrópicas e reitor da invisível universidade do espírito.

Na página 2 do Jornal Diário do Nordeste de hoje, na seção “Idéias”, o doutor Paulo Eduardo Mendes nos brinda com um comentário sobre o livro AMORES E CLAMORES DA CIDADE.


De coração, muito obrigado!

(Júnior Bonfim)


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AMORES E CLAMORES



Estética na forma de escrever. Modulação de temas para orquestrar um canto de louvor à sua gleba natal. Assim observamos o que se contém no livro de Júnior Bonfim enfocado em “Amores e Clamores da Cidade”.



Crônicas para rádio e jornal emoldurando o município de Crateús. Produção de quem ama a sua cidade. Poema de vida num decantar de boa cepa literária. Júnior Bonfim consegue aliar seu preparo com a vocação ou pendor para escrever bem. Escreve de forma espontânea e analítica, sem rebuscar o texto. Diz de modo agradabilíssimo sobre os “Amores e Clamores” do que presenciou nos dias felizes da existência ali sob o céu de Crateús.



O autor consegue colocar na vitrina todo o esplendor do lugar onde nasceu e cresceu para a vida. A difusão de costumes, tempo, aura e desenvolvimento num complexo de enternecimento. Ah, se todos observassem a cidade de sua origem com a ternura contida em“Amores e Clamores da Cidade”!O mundo estaria, com certeza, em paz.



Júnior faz política de fraternidade através do seu texto misto de simplicidade e cultura amalgamada no interesse maior pelos estudos, pela leitura. A arte de escrever, com segurança, advém de uma cultura nascente na alma dos que sonham.



Júnior Bonfim sai da quimera para a realidade de produzir um livro que o situa no rol de escritores maduros. O seu perfil de poeta promove esse crescimento que o fez merecedor da Cadeira nº 18 da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza. A AMLEF tem o seu acadêmico José Bonfim de Almeida Júnior que nos encanta no trabalho literário com a assinatura de Júnior Bonfim.



“Amores e Clamores da Cidade” nos faz caminhar a céu aberto, no sol causticante de Crateús, sem buscar a sombra do repouso. Livro que se lê de uma assentada, numa audiência necessária para se conhecer o todo geográfico e antropológico de um povo lutador. O sertão na ousadia de pairar nos ares de boa metrópole.



Crateús cresceu no nosso conceito de simples leitor e comentarista de livros. Fizemos uma viagem sem sair da Capital. Méritos ao Júnior Bonfim que conseguiu, no foco do seu trabalho, ser o agente de turismo capaz de retratar tão bem sua terra berço.



(Paulo Eduardo Mendes – jornalista)



Publicado na página 2 do Diário do Nordeste deste sábado – 21.11.2009.



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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

APENAS UM POETA - Elias de França

Não, não construí as sete maravilhas.
Sequer vi a esfinge, senão em ilustrações de livros infantis;
nunca senti o cheiro dos jardins suspensos,
e a pirâmide que eu arquiteto em volúpias
contraria a lei de Newton
com sua base para cima.

Não descobri a lei da gravidade,
nem a gravidade da lei.
Não inventei a lâmpada, nem a escuridão.
Não curei nem matei ninguém,
nem a mim mesmo.
Não fui o rei do futebol,
nem agente da INTERPOL.

Nunca concebi qualquer filosofia
nem por qualquer delas me deixei conceber.
Não marchei sobre a Rússia nem sobre a Alemanha.
Não multipliquei o vinho,
nem abreviei a embriaguez.
Não conquistei a lua, apesar de tantas cantadas e trovas...

Mas quem me vir verá um louco ou um palhaço
escavar jazidas de risos na seriedade alheia;
entortar a retidão lingüística
buscando desenhar um verso redondo;
lavar a alma do mundo
com a minha lágrima!

Do livro "Cantigas do Oco do Mundo - 2002)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

DISCURSO DA ORADORA DOCENTE - FAEC - SEMESTRE 2009.1

Nesta noite, encontram-se em festa os sertões crateuenses, alargam-se, através desse espaço formativo que é a FAEC, maiores possibilidades de mudança para nossa região, tão castigada por problemas como a seca, o individualismo, o descaso político, falta de sensibilidade, a carência de amor à Princesa do Oeste.
Com possibilidades latentes em cada formando e formanda desta noite, expandem-se nossas preocupações e responsabilidades diante do complexo da educação.
Destarte, anuncio o presente discurso com um simples e necessário pedido: cuidem de nossa terra, cuidem de nossa gente, nós somos a FAEC! Vocês fazem parte dessa história e, a partir dessa noite, serão todos legal e efetivamente educadores.
Creio no poder da educação e dos educadores, somos conscientes das limitações a ela impostas pelo poder do capital. Sabemos que não somos salvadores do mundo ou missionários da mudança social, entretanto, somos munidos de conhecimento e da esperança que se reflete no olhar de crianças e jovens que vocês acompanharam de perto na prática de ensino e em outras atividades didáticas que proporcionaram a necessária articulação teórica-prática.
São por esses sujeitos com olhares ávidos por conhecimento e cabeça cheio de sonhos que devemos fazer a diferença, a sedução para o mundo da leitura, do conhecimento, do trabalho e emancipação humana.
Se a função da educação é a humanização do homem essa mesma humanização deve se traduzir na realização de homens e mulheres, considerando aspectos físicos e intelectuais, subjetivos e objetivos, algo propiciado ontologicamente pelo mundo do trabalho.
Sendo a Universidade espaço de formação, seria uma falha imperiosa desconsiderar as necessidades humanas que ocupam corpos, mentes, tempo e espaço geograficamente situados e definidos.
Cuidar de gente é o que existe de mais belo e difícil na história da humanidade. É, sobretudo, o que pode promover o progresso social, ambiental, cultural – humano.
Contrariando esses preceitos, em nossa região, assistimos há décadas a uma miríade de movimentos, denominados políticos, que atendem a reivindicações particulares, desfavorecendo o interesse coletivo, o progresso e o bem-estar da nossa cidade, da nossa gente.
Portanto, convido a todos para compartilharem das seguintes inquietações: é possível nos conformarmos com a realidade política e social de nossa cidade e de nossa região? Onde se encontram os homens de boa-vontade, com postura ética, política e social, capazes de cuidar e amar verdadeiramente nosso povo? O que nós, professores e professoras, podemos fazer para modificar esse quadro de pinturas cinzas e confusas?
A gente do povoado que nasceu e se fortaleceu à margem do rio Poty é a mesma que permite a sua destruição ao se omitir de ações que impeçam tanta inoperância política em áreas sociais, ambientais e culturais. Essa gente é a mesma que se acostumou com o fato da única faculdade verdadeiramente pública de nossa região, seja uma organização de ensino superior que não dispõe de prédio adequado e próprio há mais de 26 anos, mesmo tendo formado mais de 800 educadores licenciados em Pedagogia, Ciências Biológicas e Química. Situação naturalizada numa perspectiva positivista.
No nosso hino cantamos os seguintes versos: Crateús, terra querida, que de tanta beleza se reveste/ És a razão de ser de nossas vidas: majestosa Princesa do Oeste. E hoje, caros senhores e senhoras, o que se desenha nas ruas de nossa cidade, nas últimas décadas, nos faz, com muito pesar, concluirmos que nossa princesa tem sido tratada como uma simples plebeia.
O preocupante é que essa realidade é camuflada por falas que “fetichizam” a realidade. Assistimos, quase que passivamente, à ampliação dos discursos sobre justiça, progresso e cidadania, e não percebemos que esta perde, a cada dia, sua profundidade e operacionalidade.
Na esteira Marxiana, compreendemos que as palavras nem sempre traduzem o que está posto na realidade concreta. Desta forma, faz-se necessário lembrar as palavras de um velho sábio Alemão: Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência (MARX 2007, p.94).
Recorremos à idéia de outro velho sábio, brasileiro que sugere nordestinamente a mesma reflexão ao afirmar: Meu verso é como a semente que nasce em riba do Chão. Nosso Patativa, provavelmente não tenha lido Marx, mas sabia que o verso é a palavra e o chão é a realidade concreta. As sementes das grandes idéias, portanto só podem crescer e florescer em solo objetivo, um chão real que exige cuidados.
Desta forma, justifico e ratifico meu pedido inicial: cuidem de nossa terra, cuidem de nosso chão, cuidem da EDUCAÇÃO de nossa gente para que haja a proliferação de grandes idéias, sementes de fartas transformações.
Como sujeitos pensantes, graduados, munidos de novos saberes, posturas e possibilidades de tocar mentes e corações, de romper com os velhos paradigmas e construir uma nova história para nossa cidade, para nossa região.
Finalizando, utilizo-me das palavras do educador russo Antony Makarenko: eu confesso uma fé sem limites, temerária e sem reservas, na imensa potência do trabalho educativo. (MANACORDA 2002, p.316).
Desejo... do fundo e do raso do coração, aos festejados e festejantes da noite, novas descobertas, saberes, compromisso e empenho, desafios e muita fé nessa nova caminhada que começa agora.
Obrigada!
Profa. Maria da Conceição Rodrigues Martins, Esp. - Acadêmica da ALC

Gato no telhado - mistério

Estou curioso para saber quem é o Autor dessa construção tão inteligente, mas que por modestia ou por esquecimento deixou de se identificar ao postar aqui o poema. Entao estou lançando o enigma: "Quem é o autor de 'gato no telhado'".
Abraços
Elias

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

COISAS QUE SE FORAM



De vez em quando me debruço sobre o passado para sentir a saudade das coisas boas que se foram e que não mais voltarão. Há pouco, próximo à estação de trem, lembrei-me do movimento intenso que víamos ali todos os dias. O vai e vem de carroças, caminhões e carreteiros levando tudo para o trem cargueiro. À noite, principalmente quando o trem de Fortaleza atrasava, grande movimento se fazia nas mercearias do seu Raimundo Carlos e Belmiro Venâncio, ali no beco da cachaça, ou no quiosque do Chico Soldado, iluminados pela luz forte de petromax, visto que a luz da Prefeitura só iluminava a cidade até as 22 horas.

Ouvia-se o barulho do trem durante as manobras se posicionando para a viagem do dia seguinte. Lembrei-me das bancas de café da dona Chaguinha e do seu Carneiro que vendiam panelada, café e cachaça, iluminadas por faróis e lamparinas e ali permaneciam por toda a noite. Fecho os olhos e lembro-me de um bule de café no fogareiro, a panelada servida à freguesia e, no ofício de carregar bagagens os carreteiros Gabriel, Antônio Pequeno Chagas Roldão, Lira, Cipriano e Marcelino. Eles também atuavam como despertadores das pessoas que iam viajar . Acordavam os clientes e conduziam suas bagagens à estação.

O silêncio da noite era quebrado pelo sino da estação anunciando as horas. Antes das quatro da madrugada eram acionadas as caldeiras da velha Maria Fumaça, abriam-se as bilheterias da estação, e o telegrafista Ananias iniciava a comunicação com outras estações utilizando o código morse. O movimento na estação ferroviária aumentava na proporção em que chegavam os viajantes para fazer o embarque de malas, caixões de madeira sacos, etc. Quando se abriam as portas dos vagões de primeira e segunda classe, os passageiros se posicionavam em poltronas ou cadeiras que se modificavam e permitiam que o passageiro viajasse olhando para frente ou para trás, conforme preferisse.

O trem fez história e trouxe o progresso para nós e para todas as cidades por onde passava. Em qualquer estação, proporcionalmente, o movimento era o mesmo, intenso e divertido. Até o início da década de 1960 a única alternativa de transporte para Fortaleza era o trem, pois não havia linha de ônibus aqui, e as rodovias eram carroçáveis e sem pontes, o que provocava atrasos nas viagens empreendidas por caminhões que, durante o inverno perdiam tempo esperando as águas dos rios baixarem para poder passar quando não se metiam em atoleiros.

O tempo passou e o progresso aos poucos foi chegando, trazendo facilidades e encurtando caminhos, porém, não se acaba em nós a saudade do trem tradicional que fez história em Crateús, como também em todo o País, desde os tempos do Visconde de Mauá.


(Por Flávio Machado, da Academia de Letras de Crateús)


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sábado, 14 de novembro de 2009

Gato no telhado

Academia
Cadê?
Mia...
Academia... AMA
LETRAS...
"DIA"
Ama Sol...mia...
Emia?
Não rapaz... Emília... Lobato, "Ferreira"
Mia... Clarice, "Elias"
Cadê? E...
Acade... Acádia... dos poetas!
Deuses, deusas, "Isis"
"Menina de Atenas"
Professores "Raimundos"...
"Césares" Romanos, "Lucas" que evangelizam
pois todos são "Dideus"
Santa Providência... Oh "Providência"...
Sílfides... "Silvias"...
é sim!! Duvidas? é de veras, "DE VERAS" DE "MOURÃO"
De impérios, dos Justinianos, dos "Flávios"...
eita Academia... MIA...
"Carlos" Magno... rei "Luis"... Senhores do Bonfim,
Carlos "Bonfim"... Júnior "Bonfim"...
todos meninos que fazem arte... são "Arteiros"!
tudo isto com a benção de "GOL", a BENÇÃO DE UM GOOOOOL...
A BENÇÃO DOS SANTOS... Aldo dos Santos...
então espia, mira... vê a lua... vê o gato...
viu? cadê? Academiiiiiiiiiiiia...
Academia...
e o gato continua miando pela madrugada...
miaaaaaaaaaaa...
ainda mia...
Academia!

(Postado por Éricson Fabrício, Secretário)

“CEM ANOS DE SOLIDÃO”

Lugar comum
ermo e frio,
deserto
de desdém
e marasmo,
aí vivo...
ou melhor,
meus dias passo!

O descampado
em que existo
é um templo
livre do tempo,
remota capela
em que rezo
minha incivil
solidão!

Secular convívio
com minha
triste sombra,
que me segue
indócil,
ao sol nascente
e sobre passa
apressada
a mim, antecipando
o ocaso
o meu poente!

(Por Raimundo Candido Teixeira Filho, da Academia de Letras de Crateús)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

BIBLIOTECA


As primeiras bibliotecas nasceram na Mesopotâmia cerca de 3.000 anos antes de Cristo, sob o húmus conceitual de guarda e manuseio de material escrito, que na época se constituía de placas de argila. Comenta-se que a biblioteca de Nínive, a primeira da história, chegou a abrigar mais de vinte e cinco mil dessas placas de argila. Depois, surgiram os rolos de pergaminho, os papiros... até chegarmos ao nosso atual papel.

“Diz-se que a alma das civilizações reside nas bibliotecas” – foi o que ouvi, mês passado, durante a solenidade de outorga da medalha Boticário Ferreira ao bibliófilo José Augusto Bezerra, meu confrade na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, ao ser saudado pelo edil Paulo Facó, que acrescentou: “Amar os livros e construir bibliotecas figura entre as mais admiráveis propensões humanas”. Cícero, um dos maiores oradores da humanidade, asseverou: "Se tiveres um jardim perto da biblioteca, nada te faltará."

Sucede que esses espaços de ordenamento da sabedoria parecem se constituir verdadeiros afronta à insanidade humana, à ignorância feita arrogância, ao reinado do abuso e à fúria da ganância. É como se esses recintos que zelam a produção da virtude insuflassem permanentemente o embrutecimento das relações.

A mais famosa edificação de ordenação livresca e o maior referencial cientifico e cultural do Mundo Antigo, a biblioteca de Alexandria, era um lugar onde a jovem princesa Cleópatra, fascinada por leituras, se dirigia quase que diariamente a fim de revigorar o espírito. (Diferentemente do que muitos pensam, Cleópatra impressionava, além dos dotes físicos de beleza, pelo brilho cultural. E esse fulgor de sapiência foi decisivo na sedução ao imperador César). Pois bem, esse extraordinário espaço foi destruído pelo califa Omar.

A grande biblioteca de Atenas, a primeira de natureza pública que se tem ciência, foi saqueada por um rei Persa chamado Xerxes, também conhecido como Assuério.

Quando menino, mirava com admiração, ao lado da Catedral do Senhor do Bonfim, no meio da praça da matriz de Crateús, a Biblioteca Pública Municipal. (Inconscientemente, era como se estivéssemos relembrando a Grécia Clássica, onde as bibliotecas eram abrigadas nos templos). Um dia, a pretexto de se reformar e embelezar a praça, aquele prédio imponente e acolhedor foi destruído.

Passados vários anos, como que reparando o delito, um novo espaço foi erigido, juntamente com o Teatro Municipal, ao lado do Colégio Regina Pácis e da Casa de Cultura João Batista. Defronte à via de realização do carnaval popular, que faz da área o corredor cultural da urbe.

Teatro Rosa Morais, Biblioteca Norberto Ferreira Filho, o Ferreirinha. Justa homenagem ainda em vida a dois reitores da cultura e do saber, do magistério e da historiografia. Patrimônios da cidade.

Porém, a informação de que a Biblioteca Pública Municipal, na consecução do projeto de reforma da Praça na qual está inserida, poderia ser demolida, causou enorme comoção nos meios literários da cidade.

Seria mais uma contusão no miolo da cidadania, ainda ressentida, em sua sensibilidade ambiental, da derrubada de árvores centenárias na rua desembargador Olavo Frota. Cortar árvore e demolir biblioteca é como se esfaquear o coração cultural de uma comuna. É algo mais potencialmente lesivo do que uma mera dor física. Atinge os escaninhos da alma, o recôndito da consciência, a invisível gruta dos sentimentos.

Talvez lembrando da máxima de Samuel Johnson de que "nenhum lugar proporciona uma prova mais evidente da vaidade das esperanças humanas do que uma biblioteca pública" - a Academia de Letras de Crateús – ALC – tratou do assunto e constituiu uma comissão para fazer gestões no sentido de estancar essa descabida idéia.

O esforço vingou. A biblioteca, ao que se tem ciência, permanecerá incólume.

Do imbróglio poderemos extrair a lição: olhemos mais, vislumbremos melhor, aproveitemos mais a nossa modesta biblioteca. Pois, como bem ensinou Ralph Waldo Emerson: "Que imenso tesouro pode estar oculto em uma biblioteca pequena e selecionada! A companhia dos mais sábios e dignos indivíduos de todos os países, através de milhares de anos, pode tornar o resultado de seus estudos e de sua sabedoria acessíveis para nós."

(Por Júnior Bonfim - na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

REUNIÃO DA DIRETORIA DA ALC

Caros Coegas da ALC:

Pela presente mensagem, ficam os membros da Diretoria da ALC e Conselho Fiscal convocados para reunião extraordinária deste Sodalício, no dia 11 de novembro, proxima quarta feira, às 17 horas, na Casa de Arte e Cultura João Batista, situada ao lado da Praça dos Pirulitos, para tratar da seguinte pauta:

1)Avaliação e prestação de contas das ações dos meses de outubro e novembro;

2)Preparação de evento de lançamento de Livro do Colega Flávio Machado;

3)Outros assuntos de interesse social e cultural da instituição e da Sociedade.

Lembramos que a reunião é aberta a todos os Socios, que serão muito bemvindos.

Cordiais Saudações

Elias de França
Presidente

LOURIVAL VERAS


“O maior acontecimento de minha vida foi, sem sombra de dúvida, a biblioteca de meu pai”. Essa frase, comoventemente impactante e fascinantemente grandiosa, nasceu da boca do mais extraordinário poeta argentino, Jorge Luis Borges. Esse contagiante amor pelos livros acompanhou o escritor até os últimos dias de sua existência, quando já estava cego e dependente de amigos ou familiares que diariamente o realimentavam e rejuvenesciam através da leitura.

Em 1978, Borges completara vinte anos que havia perdido a visão. Fora convidado para proferir uma conferência na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. O tema? O LIVRO.

Cego – e só quem é privado da vista sabe a dimensão e a profundidade dessa experiência - Borges articulou ali uma das mais belas orações que conhecemos sobre o assunto. Ele, em pleno vôo de inventividade, espargindo a fertilidade imaginativa, recorre a figuras que sintetizam a sondagem do infinito e a captação das minúsculas partículas. Principia assim sua sinfonia reflexiva: “Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os outros são extensões do corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da vista; o telefone é extensão da voz; temos o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação”.

Em verdade, o livro liberta. Quem experienciou o gáudio de se relacionar com um bom enfeixe de folhas, sabe o olor revolucionário que dali exala.

Só capta o perfume libertário de um livro quem se deixa por ele envolver, num enlace de flerte, num lampejo de namoro, numa relação amorosa. Se, através da viagem singular e intima da leitura, descobrirmos o minério de paixão que o livro esconde, seremos capazes de rapidamente nos tornarmos ricos. Ricos, sim! Detentores daquele invejável patrimônio que sobrevive à corrosão das traças e ao desgaste do tempo.

Foi por isso que meu coração palpitou de alegria e minha alma se inebriou de satisfação quando o amigo Lourival Veras me enviou uma correspondência eletrônica avisando que, em Crateús, a SABi (Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho) estava a desenvolver um Projeto batizado de “Circulando Livros”, uma inédita feira de livros combinada com a oferta de brindes culturais ao ar livre, tendo como lócus a área do anfiteatro da Praça da Matriz.

Porém, o mais auspicioso é que aquele convite/contato virtual me fez repassar, no trailer da memória, um período abrasado de minha vida. Fiquei relembrando o velho Lourival de guerras idílicas. Lourival Mourão Veras. Amigo com quem comparti muitos momentos de fosforescência intelectual e semeadura poética, que me provocou a deixar cair as escamas e me permitiu vislumbrar a lua de uma mulher noturna.

Carlos Drummond de Andrade, ao contemplar a plural singularidade do modus vivendi de Vinicius de Moraes, proclamou que ele tinha sido “o único poeta que viveu como poeta”.

Dos poetas crateuenses, Lourival é, talvez, o que mais tenha incorporado a mística essencial, a rota insana, o culto à desobediência e o fulgor telúrico que constituem a argamassa dos que renomeiam as coisas.

Abstenho-me hoje, como sempre faço nesta moldura louvativa, de alinhavar a cronologia existencial do referenciado, marcada pelos assombros espetaculares que quase invariavelmente acidentam a biografia dos transcendentais amantes da profundidade.

Pouco importa se foi ou é dirigente social, líder cultural, contista premiado, poeta laureado, fundador da Sabi e membro da Academia de Letras da terra natal.
O que é lisonjeiro, prestigioso ou elevado é que saboreou e saboreia vagarosa e intensamente a fruta da vida. Que se embrenhou pela vegetação das paixões arrebatadoras, percorreu a trilha íngreme das contestações, desceu à gruta secreta das novidades, tocou a pele selvagem do desejo, banhou-se na cachoeira do sonho e descobriu o olho d’água da fraternidade.

Sinto muito. Devo parar por aqui. De um poeta se deve evitar falar. Ante um poeta se deve silenciar, celebrar.

Ou lembrar Federico Garcia Lorca. Que, convidado para falar sobre poesia, limitou-se a estender as duas mãos abertas e dizer: “Eu não posso, eu não sei falar sobre poesia. Eu a tenho aqui em minhas mãos. Sei que está queimando minha pele. Porém, não sei o que é”.

Calemo-nos. Sintamos apenas o poeta. Ou a sua poesia. Queimando a sensibilidade da nossa pele, penetrando o recôndito da nossa alma, esparramando-se pelo córrego do nosso coração.

Aplausos à sociedade dos poetas vivos!

(Por Júnior Bonfim - publicado na Coluna "Gente Que Brilha" - da Revista GENTE DE AÇÃO)

domingo, 8 de novembro de 2009

BIBLIOTECA PRESERVADA

Caríssimos,

Sexta-feira, por volta das 19 horas, recebi uma ligação
do vice-prefeito, Dr. Mauro Soares, comunicando
que a administração municipal havia entrado em
contato com o engenheiro responsável pelo
projeto de reforma da Praça dos Pirulitos
para que fosse suspensa a idéia de demolição
da Biblioteca Municipal. Segundo ele (Dr. Mauro),
não se mexerá mais com aquele prédio.

Parabéns a nós todos!

Credito esta vitória à Academia
e aos esforços da família Norberto Ferreira.

Sobre a audiência pública para discutir
outros aspectos relativos à reforma da praça,
Dr. Mauro não estipulou data.

Caso seja do interesse da Academia continuar
a discussão, devemos prosseguir pressionando
a administração por mais diálogo.

Abraços a todos e todas

Lourival Mourão Veras

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

MIRAGEM

MIRAGEM
Aldo

Tua imagem mais divina está guardada
Para sempre, em minha mente, colorida
Superando o mais perfeito e objetivo
Retrato, feito por computador
Refletindo a saudade de um amor
Que a solidão dos loucos mantém vivo.

Com o ouro da alquimia te adornei
E em goles de wisky te bebí
Por capricho do destino te perdi
À imagens e lembranças me apeguei
Mil estradas, mil lugares já andei
Esquecer-te? Nem tentei, nem consegui.

Hoje, com sonhos de poeta me alimento
Na saudade aconchegante da lareira
Numa tarde de domingo, ou sexta-feira
Enquanto a terra teima em girar
Num balé de colibris e mariposas
Eu te vejo, em rendas brancas a bailar.

Baila ...baila...baila prá mim
É miragem mais eu sou feliz assim
Balada para Joel e Abigail
(Éricson Fabrício)
Introdução: Am ,Am4, Am9
Tom: Am

F G Am
No coração brota um amor que não vai cessar
F G Am
Nesta canção de trovador composta ao luar
F G Am
Força sublime do fundo d’alma destrói toda dor
F G Am
No tão temido perigo, amigo vem me guiar
F G C Am
Me trespassa o peito a solidão
F G C Am
Me devora no leito, acorrenta aflição
F G C Am
Vem consumir-me, desfaz o que fez
F G Am
Vem esquartejar-me, apunhala de vez...

(Esta parte é cantada por Abigail)



F G Am
Mas se tu queres de vera zelar a coroa do amor
F G Am
Escuta a voz do teu tão amado, teu trovador...

F G Am
Então vem com o teu bálsamo, sobre essas chagas vem derramar!
F G Am
Arranca os punhais e se lhe apraz, me leva ao teu lar...
F G C Am
E se és meu abrigo me faz transbordar
F G C Am
Com o teu uno amor me vem restaurar
F G C Am
Canta comigo a nívea canção
F G Am
Conjurada ao dar-te o meu coração...

(Esta parte é cantada por Joel)



( Música inclusa no livro "O eltequiano", por Éricson Fabrício)

ANIVERSÁRIO!

Caros Colegas:

Gostaria de lembrar a todos e todas que amanhã, sabado, dia 7 de novembro, comemoraremos o aniversários dos nossos colegas academicos nascidos no mês de novembro, com um delicioso sarau de poesia, a partir das 19 horas, no quintal do sindicato dos professores.

Todos os colegas da ALC estao convidados, aliás, a festa é toda nossa! reuna toda a familia e vamos lá, recitar poemas, comer um carneirinho, ouvir e cantar uma boa musica... e tudo o mais!!!

Grande Abraço

Até amanhã!!!

Elias

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Poema Infeliz

Oh! maldita coisa!
Penso pensar;
despejo soberbo;
bocejo, sobejo;
sobras de lira, delírio;
maldito ditado;
demônio das horas turvas;
Insônia, tentação da meia-noite,
que me abandona,
enquanto vago entretido
nos labirintos de lidas e pressas
e me possui na cisma!
Por que só me induzes a viajar,
quando não tenho aonde ir?
Se ao menos me falasses de flores,
de orgias ou embriaguez...
ou me trouxesses das lonjuras, da imaginação além-mar,
o impossível amor perfeito,
uma bonança de orgasmos,
ou um deleite com deusas anônimas...
Corrompe-me a sensatez!
Fragmenta-me em grão,
faz-te vento e me leve qual poeira pelo universo
para longe da crueldade do existir;
afasta-me do mundano mosaico de carne rasgada
a manchar os cenários de concreto...
Como te impões a mim,
assim, tão crua, voraz, pedra tosca, digo-te:
não és poesia;
és vômito, agonia...
Tempo perdido,
palavra doida,
viver doído!

Elias de França

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

AÇÕES




Caros Colegas:

Conforme deliberado na reunião da nossa ALC, no domingo 18 de outubro, a Academia solicitou uma conversa com a Administração municipal, para tratar de dois assuntos, a saber:

- solicitação do predio principal da estação para nossa Sede;

e discutir projeto de reforma ou reconstrução da praça dos pirulitos e a situação da biblioteca publica que reivindicamos seja preservada.

A reunião aconteceu em 22 de outubro, na sala da Promotoria Publica da Primeira Vara de Justiça Estadual e contou com a presença de Elias, Lourival Veras e Doutor Arteiro Goiano, representando a ALC; Mauro Soares e Luís Alberto, Secretários de Adminstração e Infraestrutura, respectivamente, representando a Administração.

Como retorno aos pleitos, os representantes da admistração se comprometeram em:

1) levar o pleito da academia, quanto à cessão do Prédio da Estação para Sede a arquitetos e engenheiros do Banco do Nordeste que estão pensando o projeto de ocupação dos espaços desse corredor cultural;

2) Realizar uma ampla audiencia pública para debater o projeto de reforma ou reconstrução da(s) praça(s) em questão, onde os movimentos sociais e a sociedade possa conhecer, intervir e sugerir.

Em breve, o nosso Secretário Ericson Fabricio estará postando o relatorio da reunião de domingo para conhecimento dos colegas que nao puderam comparecer (vide Ata, abaixo).

Saudações Literárias!

Elias de França

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Querido Elias,

fico feliz em saber que o diálogo inicial foi promissor, vamos torcer para que a coerência esteja presente nas ações futuras do poder público municipal.

Sou uma mulher de FÉ, munida de muitas ESPERANÇAS.

Vamos torcer e lutar por uma Crateús bonita e construida com a participação popular.

Grande abraço,

Nega




"Tudo vale a pena se a alma não é pequena"

ATA DE REUNIÃO DA ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS - ALC

No dia dezoito de outubro de dois mil e nove, nas dependências da Casa de Arte e Cultura João Batista, na cidade de Crateús – Ceará reuniram-se alguns membros da Academia na intenção de discutir a regularização, definir uma data para a entrega dos memoriais e currículos e, além disso, a sede da Academia. Estavam presentes os seguintes membros: Adriana Calaça de Paiva França, Antonio Elias de França, José Bonfim de Almeida Júnior, Carlos Leite de Araújo, Éricson Fabrício Alves Vieira da Silva, Lourival Mourão Veras, Maria da Conceição Rodrigues Martins, Vera Lúcia Teixeira Fernandes, Raimundo Cândido Teixeira Filho, José Arteiro Soares Goiano e Edmilson de Sousa Lopes. Os demais membros não puderam comparecer por motivos justos. Discutiu-se o assunto da sede, e foi então prevista a confecção de um ofício - lavrado por Júnior Bonfim e assinado por Elias de França (Presidente) - solicitando uma reunião com a presença do Chefe do Executivo Municipal de Crateús, Secretário de Infra-Estrutura, o Arquiteto responsável pela obra e demais responsáveis diretos pelo projeto. A data proposta pelo ofício foi a de vinte e dois de outubro de 2009, tendo o local a Sala de Promotoria da Primeira Vara. Tudo isto se deu na intenção de conquistarmos a cessão do prédio principal da antiga REFFSA, para sediar a Academia. Também foi decidido que mensalmente seria realizado um evento de confraternização dos aniversariantes, onde seria feito um sarau e cada um contribuiria com recitação de poesias, música e o que fosse necessário. Júnior Bonfim comprometeu-se de produzir um “Blog” da Academia, os demais ficaram de acordo. E para constar, eu, Éricson Fabrício Alves Vieira Silva, como Secretário Geral, lavrei a presente Ata, que após lida e achada conforme, será assinada por quem de direito.

ACADEMIA DE LETRAS É REALIDADE EM CRATEÚS

Nascida da fértil e prodigiosa mente do poeta José Bonfim de Almeida Júnior (Júnior Bonfim), a Academia de Letras de Crateús - ALC tornou-se realidade na memorável noite de sábado, 13 de junho de 2009, em sessão solene de fundação, posse dos sócios e da diretoria, ocorrida no Teatro Rosa Moraes, dirigida pelo acadêmico Antônio Elias de França. Elias foi eleito como primeiro presidente da ALC e vai conduzir os passos da Arcádia por dois anos, nos termos estatutários.

O evento, realizado com lotação completa do Teatro, contou com a presença do deputado estadual Nenen Coelho, representando o Poder Legislativo do Ceará, do secretário de Cultura, Sílvio Werta, que representou o Executivo Municipal, da vereadora Elisabeth Moraes Machado, representando o Poder Legislativo Municipal, e do promotor de Justiça José Arteiro Goiano, que representou o Judiciário e o Ministério Público locais.

A Academia de Letras de Crateús é um sodalício de letras formado para ser preenchido por 40 sócios que ocuparão 40 cadeiras, cada uma com seu respectivo patrono, que tem a livre escolha do sócio. A ALC foi iniciada com 22 sócios, restando, pois, 18 vagas a serem preenchidas. Sua finalidade é a de agregar talentos da terra, amantes das letras e da literatura na sua mais ampla expressão, desde a literatura popular, conhecida como de cordel, à literatura erudita, e incentivar a cultura em geral.

O cerimonial do evento foi dirigido pela elegante dama de nossa sociedade, Marta Bezerra, gerente da Unimed Regional, e teve animação sonora do talentoso músico e cantor Ernesto.

SÓCIOS E PATRONOS


Tomaram parte como sócios da ALC 22 nomes que escolheram o número de suas cadeiras, cabendo a cadeira nº 01 ao vetusto memorialista de Crateús, Norberto Ferreira Filho, que escolheu como patrono o jornalista e escritor José Blanchard Girão. Os demais sócios e patronos pela ordem numérica das cadeiras são: Antônio Elias de França, que tem como patrono o Ex-bispo de Crateús Dom Antônio Batista Fragoso; José Bonfim de Almeida Júnior, com Monsenhor Francisco Ferreira de Moraes; Flávio Machado e Silva, com Dom José Tupinambá da Frota; Carlos Leite de Araújo, com Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré); Geraldo Oliveira Lima (Pe. Geraldinho), com Euclides da Cunha; Sebastião César Aguiar Vale, com Jáder Moreira de Carvalho; João Lucas Evangelista, com Leandro Gomes de Barros; Ericson Fabrício Alves Vieira, com Clarice Lispector; Lourival Mourão Veras, com Alfredo Kunz (Pe. Alfredinho); Maria da Conceição Rodrigues Martins, com Mário de Miranda Quintana; Vera Lúcia Teixeira Fernandes, com Maria Gláucia Meneses Teixeira Albuquerque; Sílvia Régia Lopes Melo, com Rachel de Queiroz; Ísis Celiane Rodrigues, com Machado de Assis; Raimundo Cândido Teixeira Filho, com Luiz Bezerra; Luis Carlos Leite de Melo, com João Capistrano Honório de Abreu; Antônio Carlos Ferreira Bonfim, com Sebastião Ferreira do Bonfim; José Arteiro Soares Goiano, com João Crisóstomo de Azevedo; Adriana Calaça de Paiva França, com Nísia Floresta; Francisco Aldo dos Santos, com Raul dos Santos Seixas; Antônio Dideus Pereira Sales, com Gerardo Mello Mourão, e Antônio Edmilson de Sousa Lopes, com Emanuel Cardoso.

DIRETORIA

A primeira diretoria da Academia de Letras de Crateús ficou assim formada: Antônio Elias de França – presidente; José Bonfim de Almeida Júnior – vice-presidente; Ericson Fabrício Alves Vieira – secretário; Lourival Mourão Veras – tesoureiro; Maria da Conceição Rodrigues Martins – diretora de cultura. Compõem o Conselho Fiscal: Flávio Machado e Silva, Raimundo Cândido Teixeira Filho e Sebastião César Aguiar Vale.

JÚNIOR BONFIM

O acadêmico Júnior Bonfim, idealizador da Academia de Letras de Crateús, e que também pertence à Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF, fez um brilhante discurso de saudação aos seus confrades e à sociedade crateuense que, naquela noite, com ansiedade e abismada, via nascer para o nosso município uma entidade cultural da maior envergadura, com a finalidade de engrandecer a cidade e dar-lhe ainda maior representatividade.

PRONUNCIAMENTOS


A vereadora Betinha Machado, representando o Legislativo Municipal, congratulou-se com a idéia da criação da ALC e parabenizou a cidade e os acadêmicos que, naquele momento, assumiram um compromisso cultural com a sociedade, o de lutar em prol do engrandecimento de nossa cultura. Outros oradores também se pronunciaram no mesmo sentido, como o deputado Nenen Coelho, numa menção honrosa ao acadêmico ocupante da cadeira nº 01, o memorialista Norberto Ferreira Filho. Também usaram da palavra os acadêmicos José Arteiro Soares Goiano, Maria da Conceição e Antônio Elias de França que, tão logo cessaram suas palavras, deu como encerrada a magna sessão inauguratória da Academia de Letras de Crateús.

COMEMORAÇÃO

Após o encerramento da solenidade no Teatro Rosa Moraes, a diretoria da ALC recepcionou a sociedade de Crateús na Casa de Cultura João Batista, com um coquetel e com um show musical do duo vocal e musical Ernesto & Ivonete, e a participação improvisada de alguns talentos musicais que fazem parte da ALC.

(Notícia publicada no Jornal Gazeta do Centro-Oeste, de Crateús, Ceará, em 22 de junho de 2009)

A MENTE MOVE A MATÉRIA!

O mais célebre livro do poeta português Fernando Pessoa – o único que publicou em vida – é um feixe luminoso de 44 poemas. Na sua compleição original havia sido batizado de Portugal, o nome da pátria do poeta.

No entanto, como Portugal amargava sérios problemas, Pessoa, sob o influxo de conselhos de um amigo, resolve alterar o título do livro. E constrói a palavra “Mensagem” tendo como alicerce fundante a expressão latina Mens agitat molem, isto é, "A mente move a matéria", inspirado na famosa frase da história de Eneida, de Virgílio, dita pela personagem Anquises quando explica a Enéias o sistema do Universo.

E Fernando Pessoa começa a segunda parte do livro professando: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Ou seja, para a consecução de todo empreendimento há que se seguir essa trilha infalível: que o arquiteto da criação ceda o terreno, nele se lance a semente do desejo e, por fim, que se acompanhe a germinação.

O que hoje se opera é fruto dessa conjugação frutífera da vontade superior, do sonho cultivado e do ímpeto realizador. Por isso, indubitavelmente, a constituição da Academia de Letras de Crateús é um evento indelével, uma realização memorável, um feito histórico.

Tal qual o país que nos colonizou à época de Pessoa, a nossa pequena pátria afetiva, o município de Crateús, sofre sob o açoite das dificuldades de toda sorte, sobretudo pela sua própria condição geopolítica de encontrar-se encravado na mais dolorida região brasileira, o semi-árido nordestino.

Pois bem, nessa paisagem sacudida por gigantescas adversidades, estonteada por tantas frustrações políticas, castigada por intempéries, sob o rescaldo das tiranias econômicas, à margem do fulgor capitalista – muitos hão de questionar qual a razão de se implantar uma Academia de Letras?

A resposta vem da pena pioneira de um dos patronos da nossa Arcádia, Gerardo Mello Mourão: “Os filósofos, os poetas, os artistas, como a própria arte, não são fruto da civilização industrial. São mesmo, de um modo geral, os marginais dessa civilização e desse tipo de progresso, desse poder de produção de riqueza”.

É movido por essa crença de aço, consciente dessa assertiva irrefutável, que cada um de nós se dispôs a oferecer o seu quinhão de contribuição a essa causa.

Cremos na floração dos talentos secretos que a nossa terra possui, cremos nos valores humanos que ainda dormitam sob o albergue do anonimato, cremos que esta região precisa de uma incubadora cultural que possa acariciar os embriões dispersos por todos os quadrantes desse município e lhes ofereça o único lenitivo que necessitam: o estímulo vital, o fermento biológico, o recanto para produzir, o púlpito para subir, o palco para brilhar.

Todos os sócios fundadores da Academia de Letras de Crateús – ALC - estamos algemados pela mesma corrente libertária: une-nos a convicção de que a mente move a matéria, o ser se sobrepõe ao ter. Curvamo-nos aos ditames da consciência. Proclamamos a supremacia da virtude, o reinado da inteligência.

Como as amplas casas que sediavam as nossas antigas fazendas e abrigavam numerosas famílias, esta Academia nasce sob o signo imperscrutável da amplidão, está marcada pelo ferro generoso do ecletismo e exibe no frontispício o magnético talismã da pluralidade. Abriga a erudição de um Geraldinho, de um César Vale, de um Elias de França, de um Lourival Veras e de um Carlos Bonfim; recepciona o lampejo cientifico do doutor Arteiro Goiano e dos Professores Luis Carlos e Adriana Calaça; areja-se sob a brisa poética de um Raimundinho Cândido de uma doutora Silvia Melo, da mestra Maria da Conceição (Nega), da juventude criativa de uma Isis Celiane e de um Ericson Fabrício; reacende a fogueira da história sob a ação de memorialistas como Flávio Machado, Vera Lúcia Teixeira e Norberto Ferreira Filho (o venerando Ferreirinha); se deixa embalar pela musicalidade de letristas como Aldo dos Santos e Edmilson Providencia; e se faz caudatária da expertise da melhor cepa da literatura popular aqui representada pelo cordelista Carlos Leite, pelo cancioneiro consagrado Lucas Evangelista e pelo patativiano poeta Dideus Sales.

Na nossa trilha existencial, marcada invariavelmente pelos percalços da trivialidade, às vezes nos deparamos com o desafio de fazer História. É o que estamos a realizar hoje. Sob o testemunho singular de cada um dos presentes, em especial dessa sacerdotisa do ensino que emprestou seu nome para este templo à cultura, a jovial octogenária Professora Rosa Morais, estamos erigindo um monumento à imortalidade. Estamos formalizando nesta data, dia de Santo Antonio, o Santo do matrimônio, uma aliança definitiva entre a nossa geração e as gerações vindouras.


A mente move a matéria!


Com a autorização do editor do livro da Criação, demos vazão ao impulso do sonho e a obra nasceu: Viva a Academia de Letras de Crateús!


(Por Júnior Bonfim - Discurso proferido por ocasião da Solenidade de Instalação da Academia de Letras de Crateús, no Teatro Rosa Morais, em 13 de junho de 2009).

LISTA DE ACADÊMICOS E RESPECTIVOS PATRONOS


ACADÊMICO

PATRONO

Cadeira 1

Norberto Ferreira Filho (Ferreirinha) – Historiador e comerciante, nascido em 27 de maio de 1918, casou com Maria de Lourdes Monteiro em 20 de maio de 1939, constituindo uma família sólida, dessa nascendo nove filhos. Um dos pilares históricos de Crateús, contribuiu social, cultural e politicamente com o desenvolvimento de nosso município. Membro ativo do Partido Comunista do Brasil, foi perseguido e preso durante o regime da ditadura militar. Publicou as seguintes obras: “Crateús, Nova Russas e Tamboril – Fatos e Cousas do Passado”, “Coletânea” e “Coletânea 2”.

José Blanchard Girão – Nascido em 22 de outubro de 1929, em Acaraú. Formou-se bacharel em letras neolatinas em 1953 pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará e também em direito pela Faculdade Federal do Ceará em 1958. Dirigiu vários jornais em Fortaleza e ocupou diversos cargos políticos. Algumas de suas obras: “Passageiros do Ontem e do Sempre”, “O Liceu e o Bonde na paisagem sentimental de Fortaleza Província” e “Só as armas calaram a Dragão”.

Cadeira 2

Antonio Elias de França – até a maioridade era menino de Sertão, analfabeto, poupado do trabalho na roça por causa de enfermidades congênitas. Já aos 12 anos, cantarolava “nas horas mais sertanejas”; nos anos 80 vociferava “vermelho”; no inicio dos 90, era “febre”; no século XXI, se converte em “cantigas do oco do mundo”, “a menina de cabeça nas nuvens”, “a lenda do espantalho”... Pedagogo, especialista em gestão, multiartista (poeta, compositor, dramaturgo, artista plástico) ganhador de dezenas de prêmios literários teatrais e musicais Brasil afora.

Dom Antonio Batista Fragoso – Nascido na Cidade de Teixeira, Sertão da Paraíba, à beira do Riacho Verde que seu pai José chamou de abençoado, veio à beira de outro Riacho, o Poti, escrever com o seu povo a face de uma igreja que faz opção preferencial pelos pobres, uma historia de amor, união, resistência e fé. Seu bispado tinha como principio que “quem meche com as ovelhas, meche com o pastor...” Seu jeito de ser Igreja viva, na organização dos humildes, alcançou repercussão mundial, e continua guiando a caminhada do povo desta cidade e de toda a região dos Sertões de Crateús.

Cadeira 3

José Bonfim de Almeida Júnior é poeta e pai, cronista e militante, advogado e pedagogo. Autor dos livros “Poesias Adolescentes e Maduras” e “Amores e Clamores da Cidade”, é também membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF, onde ocupa a Cadeira 18, cujo patrono é Gerardo Mello Mourão. Escreve regularmente para o Jornal Gazeta do Centro Oeste e para a Revista Gente de Ação.

Monsenhor Moraes – Nascido em Crateús, contemporâneo de seminário e sacerdócio do saudoso Monsenhor Bonfim (ou “Tio Zezé”), Francisco Ferreira de Moraes, o monsenhor Moraes, honrou a História. Após uma profícua passagem por Nova Russas, fincou suas raízes no Ipu. Ali construiu sua morada definitiva, o lar da alma, a pátria do seu coração. Tendo o coração como fonte, foi mais que um sacro pastor de seres humanos: consciente de que o céu começa aqui, envolveu-se nas terrenas lutas pelo desenvolvimento local, travou o bom combate contra as agruras da sua gente a bafejou o município com incontáveis benefícios no campo sócio-econômico. Escritor meritório, deixou vasta obra literária.

Cadeira 4

Flávio Machado e Silva nasceu em Novo Oriente aos 18 de setembro de 1945. Estudou em Crateús e Sobral, formando-se em Contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Padre Juvêncio. Foi funcionário do Banco do Brasil por 28 anos. Amante das letras, atualmente colabora com o Jornal Gazeta do Centro Oeste, onde escreve crônicas sobre a história de Crateús.

Dom José Tupinambá da Frota – Nasceu em Sobral em setembro de 1882. Foi doutorado em Teologia e Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, em 1902. Em 1916 foi nomeado e sagrado como o 1º bispo de Sobral, pelo Papa Bento XV.

Cadeira 5

Carlos Leite de Araújo é cordelista, relojoeiro e histórico líder comunitário dos bairros crateuenses. Vinculado ao movimento eclesial de base, destacou-se nas lutas sociais e populares, ocasião em que produziu cordéis narrando a heróica luta do povo sofrido da periferia de Crateús.

Antonio Gonçalves da Silva, Patativa do Assaré, nasceu no dia 09 de março de 1909, na Serra de Santana, município de Assaré, no Vale do Cariri cearense. Filho de agricultor, analfabeto, foi criado no ambiente da roça. A sua vocação de poeta, cantador da existência e cronista das mazelas do mundo, despertou cedo e já aos cinco anos de idade exercitava seu versejar. Suas poesias foram publicadas e algumas transformadas em músicas, gravadas por cantores como Luiz Gonzaga e Raimundo Fagner. PATATIVA DO ASSARÉ transformou-se no maior poeta popular do nordeste brasileiro e se vivo fosse estaria completando em 2009, um século de existência. Sua morte ocorreu no dia 08 de julho de 2002, aos 93 anos.

Cadeira 6

Geraldo Oliveira Lima, o Pe. Geraldinho, é um sacerdote que se fez poeta, historiador e museólogo. Possui o maior particular de raridades dos Sertões de Crateús. É autor de vários livros e intelectual militante, sendo nacionalmente reconhecido pelo trabalho de fôlego que empreendeu sobre a Coluna Prestes.

Euclides da Cunha nasceu em Cantagalo, estado do Rio de Janeiro. Freqüentou a Escola Militar, dela sendo afastado por ser adepto da Proclamação da República. Escreveu Os Sertões em 1902. Morreu vítima de um crime passional, em 1909.

Cadeira 7

Sebastião César Aguiar Vale é graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará, em grau polivalente. É o jornalista-editor e o responsável pela Gazeta do Centro-Oeste que, a cada 15 dias, circula pela cidade de Crateús, por cidades do seu entorno, na Capital do Estado, na Capital Federal e outras capitais e cidades brasileiras. Sozinho, o jornalista compõe o jornal que representa a cidade em suas páginas e através de site na internet.

Jader Moreira de Carvalho é um dos mais legítimos representantes do jornalismo cearense e também um dos maiores poetas deste Ceará sofrido e devastado pelas secas. Sua poesia brota do chão adusto, dos incêndios da caatinga, do sertanejo estóico, dos vaqueiros, do cangaceiro valente e dos beatos do Cariri. Brota das cheias do Jaguaribe, “dos tabuleiros mansos de Quixadá, do Quixeramobim de Araújos e Maciéis e, sobremodo, brota da alma nordestina.

Cadeira 8

João Lucas Evangelista nasceu em Crateús em 06 de maio de 1937. É poeta cordelista e violeiro da popular Literatura de Cordel. Apresentando de forma simples e original a verdadeira essência da cultura popular, Lucas Evangelista viaja o mundo divulgando sua arte e, através dela, faz da sua vida o verdadeiro palco da arte do cordel. Conforme lei dos tesouros vivos – Lucas Evangelista foi consagrado Mestre do Mundo da Cultura Popular.

Leandro Gomes de Barros nasceu aos 19 de novembro de 1865. De instrução elementar, foi não apenas a mais alta expressão da poesia popular do Nordeste, mais o maior poeta brasileiro. Sua publicação é estimada em centenas de títulos. Viveu e sustentou enorme prole única e exclusivamente da venda de seus folhetos.

Cadeira 9

Éricson Fabrício Alves Vieira, amador da Arte, apreciou sempre a música e a literatura em principal. Hoje, encaminha-se ao rumo literário na intenção de contribuir na construção do pensamento.

Clarice Lispector, embora ucraniana, naturalizou-se brasileira e transformou a literatura com suas obras profundas e analíticas.

Cadeira 10

Lourival Mourão Veras tem suas raízes profundamente fincadas na Furna dos Caboclos, em Montenebo, descendente que é dos índios que ainda hoje habitam aquelas terras. Poeta, contista e dramaturgo, vencedor de prêmios literários, identifica-se apaixonadamente com a promoção da cultura em Crateús.

Alfredo Kunz, mais conhecido como Pe. Alfredinho, foi um filho do mundo que escolheu o Brasil para disseminar o amor aos mais carentes. Soldado prisioneiro, aprendeu nos campos de concentração da II Guerra Mundial o quanto é necessário estar ao lado dos que sofrem. Plantou em Crateús lições de solidariedade e desprendimento que ainda hoje vicejam.

Cadeira 11

Maria da Conceição Rodrigues Martins – crateuense, filha de Delmira Rodrigues Martins e Francisco Martins. Poetisa, pedagoga, professora da FAEC/UECE; aluna do mestrado em Educação da Universidade Estadual do Ceará. A professora Nêga é uma apaixonada pelas letras, arte e história. Alguém que se apega aos versos de Quintana na busca de seus ideais: Nas palavras do poeta ela traduz essa luta: Esses que ai estão atravancando meu caminho/eles passarão/ eu passarinho.

Mario de Miranda Quintana - poeta e tradutor gaúcho que nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906, tendo obras publicadas em vários países. Quintana recebeu o título de Doutor Honoris Causa de 5 Universidades brasileiras, concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade do Vale dos Sinos, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Universidade de Campinas e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1989 foi eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros. O poeta passarinho nos deixou no ano de 1994 e pôde enfim fazer o que queria: deitar-se de sapatos.

Cadeira 12

Vera Lúcia Teixeira Fernandes - Nasceu em agosto de 1948, quinta filha do casal Raimundo Candido Teixeira e Maria Delite Menezes Teixeira. É pessoa culta, de muita leitura, extrovertida, feliz e comprometida com o desenvolvimento da cidade. Professora, funcionária do INSS aposentada. Escritora do livro D. Delite: uma história de vida.

Profª. Mª. Gláucia M. Teixeira Albuquerque - Doutora em Educação Brasileira pela UFC. Professora e pesquisadora de Política e Gestão Educacional do Programa de Pós-Graduação da UECE, com produção na área de Política, Planejamento, Gestão Educacional e formação de Professores. Autora de vários livros: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica; Política e Planejamento Educacional; Política e Gestão Educacional: contextos e práticas, entre outros.

Cadeira 13

Sílvia Régia Lopes Melo, ainda menina, conheceu o sorriso da palavra e encantou-se com a poesia, que fez a emoção soar em sua vida; as cartas foram seus primeiros ensaios literários, até chegar, em 1997, à conclusão de um livro, Fragmentos e Sentimentos (não publicado), dedicado apenas ao primeiro amor. Em agosto de 2005, realizou o sonho de publicar um livro de poesia, intitulado: Carnaval de Lembranças, e promoveu, assim, o encontro da menina com a mulher.

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza/CE, em 17 de novembro de 1910; foi a primeira mulher a ingressar na “Academia Brasileira de Letras”. Publicou 23 livros individuais e quatro em parceria. Sua obra está traduzida e publicada em francês, inglês, alemão e japonês. Além disso, traduziu 45 obras para o português, sendo 38 romances. Colaborou, semanalmente, com crônicas no jornal “O Estado de São Paulo” e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 4 de novembro de 2003.

Cadeira 14

Ísis Celiane Rodrigues – Amante das letras postas no papel, das poesias e livros que a modernidade, apesar de todo seu esforço, ainda não conseguiu superar. É representante de uma parcela generosa da juventude que ainda acredita no poder de transformação das palavras.

Machado de Assis – Nascido no país das riquezas restritas e pobrezas distribuídas. Filho da mesma educação das poucas oportunidades que muitos freqüentamos. Brasileiro autodidata, buscou conhecimento além dos muros das escolas. Diziam-lhe pessimista e cínico. Era romântico e realista. Ajudou a fundar e foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Ainda vive nas obras que atravessarão os limites de todos os tempos.

Cadeira 15

Raimundo Cândido Teixeira Filho – Professor por precisão e poeta por predileção, ou seja, o verso sempre foi seu maior anseio. Está aqui para provar que a poesia é como musgo, pode surgir de onde menos se espera e que no insensível teorema pode haver intensos poemas. Aprendeu a ser traça nas velhas páginas do “Tesouro da Juventude” na biblioteca do saudoso Colégio Pio XII e de lá pra cá não mais parou de ruminar as palavras, as quais reverencia bo seu livro Karatis.

Prof. Luiz Bezerra – Dia 17 próximo estaremos comemorando o centenário de nascimento do empresário, radialista, romancista, cronista, poeta, exímio orador e professor Luiz Bezerra, mentor de uma geração de crateuenses que agora é, em justa homenagem, escolhido patrono da Cadeira 15, ocupada por Raimundo Cândido na ALC. Seu raciocínio brilhante e sua cultura invejável o fizeram um bom jornalista, um cronista de intensa imaginação e um poeta atuante. Um grande cidadão do passado, presente hoje no nosso coração.

Cadeira 16

Luís Carlos Leite de Melo é escritor, historiador e professor da Faculdade de Educação de Crateús – FAEC, exercendo há vários anos cargos de direção naquela instituição de ensino superior.

João Capistrano Honório de Abreu, um dos principais historiadores do Brasil, nasceu em Maranguape, antiga Província do Ceará, no dia 23 de outubro de 1853. Estudou em Fortaleza e Recife, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1875. Nomeado oficial da Biblioteca Nacional, em 1879, e professor de Corografia e História do Brasil do Colégio Pedro II, de 1883 a 1899, quando o ministro da Justiça Epitácio Pessoa determinou anexar o ensino de História do Brasil ao de História Universal. Em sinal de protesto, recusou-se a lecionar a nova disciplina preferindo manter-se em disponibilidade para se dedicar à pesquisa. Capistrano de Abreu faleceu no Rio de Janeiro em 13 de agosto de 1927, perto de completar 74 anos.


Cadeira 17

Antonio Carlos Ferreira Bonfim nasceu no Curral Velho, Distrito de Crateús, em 16 de abril de 1965. Estudou em escolas públicas do Estado. Estudou 3 anos de teologia em Anápolis, Goiás (1987-1989). Ainda em Anápolis fez 2 anos de Sociologia. Em Crateús, Ceará, formou-se em Pedagogia pela FAEC/UECE. Logo em seguida fez Mestrado em Educação pela UFC. Ensinou no Departamento de Teoria Econômica da Faculdade de Economia da UFC. Retornou a Crateús e desde agosto de 2004 leciona na Faculdade de Educação de Crateús (FAEC). Paralelamente se dedica às letras: produzindo contos e textos científicos.

Sebastião Ferreira do Bonfim foi um poeta popular. Bastiãozinho, como era conhecido, fez importante contribuição para a poesia popular dos Sertões de Crateús. Construiu um estilo de poesia naturalista, configurada mediante uma escrita simples, cujo conteúdo encontra-se diretamente associado ao mundo cotidiano, às personagens sociais e, sobretudo, aos bichos e aos eventos da natureza. Escreveu mais de 70 cadernos, a maioria com textos poéticos. Destes encontram-se preservados 30 cadernos em escrita cursiva.

Cadeira 18

José Arteiro Soares Goiano nasceu e viveu, até os 17 anos, em “Sombra”, localidade pertencente ao distrito de Santo Antonio dos Azevedos, município de Crateús. Escreveu seus primeiros artigos no “Leoderante”, jornalzinho de um clube de serviço do qual participou ativamente. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da UFC e pós-graduou-se em Direito Processual Civil pela mesma Universidade. Foi funcionário do Banco do Brasil. É professor concursado da disciplina de Direito da Universidade Estadual Vale do Acaraú e, desde 1997, está investido no cargo de Promotor de Justiça do Ministério Público do Ceará.

João Crisóstomo de Azevedo, natural de Crateús, foi funcionário do Banco do Brasil, ascendendo ao posto de advogado dessa instituição. Foi sócio fundador do Lions Clube de Crateús, membro da Comissão Editorial da Revista “O Jangadeiro”, de Fortaleza, e Orador Oficial do Lions Club. Bacharel licenciado em Letras pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, publicou artigos na área jurídica e o estudo monográfico com o tema: “Cronologia de uma fatalidade”, acerca da morte de sua 1ª esposa.

Cadeira 19

Adriana Calaça de Paiva França é pedagoga e especialista em arte e educação, coordenou grupo de teatro e dança do Realejo e o núcleo de artes no SENAC/Ceará. Publicou artigo “A função social da arte” no livro [Des]caminhos da arte e educação (2005). É atualmente professora municipal e diretora do Sindicato dos Professores do Município e professora da Faculdade de Educação de Crateús – FAEC/UECE.

Nísia Floresta foi abolicionista, indianista, nacionalista e precursora dos ideais feministas no Brasil. É considerada uma das maiores mentes femininas do século XIX, tendo deixado – além de uma grande obra literária, um legado de luta pela valorização do verdadeiro papel da mulher. Lutava por uma educação igualitária: às mulheres o conhecimento e não apenas o bordado. Nasceu em Papari, no Rio Grande do Norte. Morreu na França, em 1885, após 75 anos vividos e 15 obras publicadas.

Cadeira 20

Francisco Aldo dos Santos nasceu em Crateús aos 16 de fevereiro de 1956. Filho do casal Zacarias Costa dos Santos e Emília Cordeiro de Melo. Concluiu o segundo grau em Administração de Empresas em Brasilia. Formado em Pedagogia pela FAEC/UECE. É amante da poesia, do cordel e da música.

Raul dos Santos Seixas – Um dos artistas mais cultuados da música brasileira, nasceu em Salvador, Bahia. Tímido na infância e adolescência, vivia trancado no quarto lendo e compondo. Seu sonho era ser escritor. Avançado para sua época, Raul compôs músicas que até hoje são executadas.

Cadeira 22

Antonio Edmilson de Sousa Lopes, “Edmilson Providencia”, despertou o interesse pela musica e poesia desde a adolescência. A inspiração vem acompanhando seus passos permitindo que sua produção literária verse sobre temas diversos.

Emanoel Cardoso, amigo de infância, amante da poesia, um jovem poeta, político de muita sensibilidade, boêmio e amante das artes.

Cadeira 22

Antonio Dideus Pereira Sales, poeta telúrico, cantor da vida e plantador de sonhos. Nascido no tórrido sertão de Independência no segundo dia do quarto mês do segundo ano da década de 1960, veio para Crateús, com os seus pais, quando tinha apenas três anos, e aqui viveu até 1997, transferindo-se para Aracati. Apesar da distância, não deixou de vir pelo menos uma vez por mês à cidade que considera berço. Sem resistir aos apelos de sua vocação, Dideus já produziu uma dúzia de livros que o colocam em posição de relevo no cenário cultural cearense.

Gerardo Mello Mourão, genial poeta, pensador, romancista, jornalista e político. Nascido em Ipueiras, ainda menino recebeu as carícias da brisa do Poti, quando aqui em Crateús veio estudar. Da sua impagável lavra de sua verve destacamos: O Cabo das Tormentas (1950), O valete de Espadas (1960), O País dos Mourões (1963), Peripécias de Gerardo (1972), A Invenção do Mar (1997). Um dos poucos escritores brasileiros indicados para o prêmio Nobel de Literatura, Gerardo Mello Mourão é considerado pela crítica um poeta grego reencarnado na literatura de língua portuguesa.