quinta-feira, 2 de junho de 2011

7 Palmos (Poema Concreto)
                                                                                         Chico Pascoal
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cova


Crateuense que publica o Blog MICRORELATOS DO CHEEKO
http://microrelatosdocheeko.blogspot.com/

quarta-feira, 1 de junho de 2011

DESCOMPASSO

Elias de França


Tenho um desarranjo em mim
Mal de nascença ou vício de hábito, não sei:
Meus dois lados não se entendem, são pólos em conflito.
Em essência, sou destro pelas esquerdas
E adquirido às direitas.

Minha esquerda é pulsante, sucinta, alada;
A direita gestante, parida, arada.
A Esquerda corre na frente apressada;
A direita rasteja tangente, a esmo.
O olho esquerdo desgastado, caolho;
O direito descansado, abrolho.
A minha macheza esquerda é roncolha;
A direita é fêmea por escolha.
O ouvido esquerdo vazado, mouco, fajuto;
o direito astuto,
assaz aguçado.
Meu lado esquerdo é cansado,
Dilacerado das traquinices tantas,
padece senil, esclerosado;
O direito dissimulado,
pousando de jovial, banca o varonil.
O lado esquerdo se aventura no desconhecido;
O direito passeia descontraído.
O esquerdo faz e aproveita;
O direito espreita come e deita.
A Face esquerda leva o bofete;
A direita é oferecida.

Quando tenho febre, meu lado esquerdo é o primeiro a arder;
Já na cura, o direito extravasa todo o suor de alívio.
O lado esquerdo sempre está alguns meses mais velho,
com uma ruga a mais no semblante;
O direito sempre tem de hábil um item em falta.
O esquerdo sempre um ai a mais de dor,
enquanto no direito sobra um gracejo, um vigor.

Penso que, ao fim, não hei de morrer de vez, por inteiro:
Um dos ventrículos do coração há de parar primeiro,
Deixando de irrigar do gás vital a cinzenta massa do amor,
Enquanto o eu razão resistirá agonizante.
Morto o coração, o fígado arquejará até o ultimo suspiro
abraçado ao pedaço de pulmão mais próximo.
E no cemitério faltará terra para sepultar uma das bandas,
ou, talvez, o coveiro esqueça minha mão direita fora do túmulo,
a acenar minhas despedidas póstumas aos parentes
E dando pitoco aos curumins travessos.
Se outra vida houver, com céu ou inferno como morada,
a esquerda há de ser elevada
e a direita se deixará cair nas profundezas, no fogo eterno assada.

terça-feira, 31 de maio de 2011

                                   Um sonho
  
Era  um sonho leve como um barco a vela soprado na madrugada.
A mesma luz, o mesmo rosto com algo a me dizer, solene e indispensável.
Por não ouvir o que dizes, fico a confabular.
A luz do rosto se parece a tantos rostos perdidos na memória
que não identifico o teu  semblante, no vulto de meu sonho.
Sei que o vento das palavras que pronuncias me é familiar.
Garimpei nas cinzas que toldam meus longínquos olhos,
após a combustão de uma vida, mas as tuas palavras são só olvido.
Com um novo apuro tento suscitar o que dizes,
sussurro por sussurro, numa concentração de sonâmbulo.
Nada. É o vazio que fica da tua voz que me perturba!
Uma presença tal qual uma ausência a me ser preenchida.
Como uma esfinge pronunciando meu inexplicável enigma
que de tanto atender, sonho em decifrar.

Raimundo Candido
www.raimundinho.hpg.com.br

segunda-feira, 30 de maio de 2011

EDITAL

Pelo presente edital, ficam os 22 membros efetivos da Academia de Letras de Crateús – ALC convocados para Assembléia Geral ordinária que se realizará no dia 11 de junho de 2011, às 15:00h, em sua Sede à Rua do Instituto Santa Inês, n° 231, nesta Cidade de Crateús, para discutir e deliberar sobre a seguinte pauta: 1) eleição da nova diretoria da Arcádia, mandato 2011 a 2013; 2) eleição de novos membros efetivos para preenchimento de cadeiras vagas de n° 23 a 40; 3) discussão e planejamento da excursão de pesquisa sobre o centenário de Crateús às cidade de Oeiras e Teresina, no Estado do Piauí, a se realizar em junho do ano corrente; 4) outros assuntos do interesse da Entidade.

Crateús, 30 de maio de 2011



ANTONIO ELIAS DE FRANÇA
presidente

domingo, 29 de maio de 2011

                            Tarrafa

Era o braço que se esticava como uma corda
e se abria em flor, desabrochando
sobre minha epiderme líquida.

Bailavam repetidas vezes, como um par,
a rodopiar, debulhando-se ao vento
para o abnegado sangue fluvial.

Daquele tarrafear bíblico e invulgar milagre:
“— Navega ao largo e lançai as redes! “
arrojo-me a cardumes à luz do dia.

No arrastar de malhas é que sempre me sei,
como uma realidade vital de me perenizar
a toda fome, só pelo mero ato de pescar!

Raimundo Candido
www.raimundinho.hpg.com.br

Chico Pascoal disse...

Meu velho pai bem que tentou me ensinar a jogar tarrafa. Não aí no Poty, mas no Rio Grande, em Barreiras, Bahia.
Eu jogava, só abria a metade. Inventei sem querer a técnica da meia-lua.

Quarta-feira, 01 Junho, 2011