quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"LEMBANÇAS QUE AQUECEM O CORAÇÃO - FLAVIO MACHADO

Eis um novo livro escrito em nosso chão e sobre esta terra. Da lavra de quem, pelo menos há seis décadas, vive a calejar os pés nas superfícies de barros, areias, pedras ou lamas que o rio Poti trouxe ou levou de suas encostas; retinas hexagenárias a fitar, gravar e sobrepor os cenários de cotidianos movidos e demolidos nos dia-e-noite, das pessoas e dos lugares ao tempo.
Os lugares são a cidade de Crateús; as pessoas, o seu povo; o tempo é quase um século; e o homem... bem, o homem parece menino ainda, despido de malícias, de lá de sua pequena estatura, a desferir um enxergar que a tudo vê, maravilhado ou pasmo, como que a recortar cenas de vida real para tecer seu álbum de figurinhas.
E é assim, de forma modesta, nostálgica doce e pura que Flavio Machado nos apresenta no seu “Lembranças que aquecem o coração” mais de meio século da historia de Crateús, do modo, creio, mais adequado de se contar historias, que é a partir da observação da vivencia e dos desdobramentos dos fatos no dia-a-dia das pessoas.
Alem do rio com seus poços, apelidos, encantos, fúrias e prantos, pode-se ler: chegada e partida do trem nessas terras, como crença de progresso; auroras e ocasos de instituições, escolas, veículos de comunicação; vindas e idas de personalidades da história local, cujos nomes ainda se lêem alguns nas placas que substantivam às ruas e, sobretudo, muitos relatos acerca de pessoas comuns, simples e típicas que compuseram o cotidiano da cidade nos últimos 60 anos.
Livro assim é bom que se tenha ao alcance da mão, na biblioteca ou na cabeceira. ‘Aquecer o coração’ com memórias é uma oportunidade impar de dar aos nossos jovens a chance de compreender como seus ancestrais fizeram acontecer o que ontem foi e hoje é, para assim melhor se pensar no como fazer o que será.


Elias de França – Presidente da Academia de Letras de Crateús - ALC