As rodas escorrem
e perdem-se
na palidez reta do infinito...
Um apito longínquo
traduz a alinhada mágoa
e alonga-se nos trilhos,
afeito sonora dor!
Os encardidos vagões
lamentam no choro
rouco da velha locomotiva,
que celebra uma férrea poesia
em frente à minha janela!
O som da saudade,
num oleoso sorriso,
ressoa no dorido peito
e no chão dos calejados pés,
invocando-me, ao longe...
Ir-se, o que é preciso
e que intuitivamente prezo,
eu sei!
Vogar sobre os trilhos...
Pairar, como as paisagens
estampadas nas janelas...
Partir... À última fronteira!
Quem sabe dá próxima vez,
eu vou!
Raimundo Cândido