sexta-feira, 1 de março de 2013

CONVITE

CONVITE DE INAUGURAÇÃO DO BUSTO DO Poeta José Coriolano de Souza Lima - Dia 8 de Março – 19: 30 horas Do lado direito da Praça da Matriz. Crateús Ceará.
 
Quem foi ele? Foi um grande poeta, autor de mais de 250 poesias. Nasceu em Crateús, em 29/10/1829, onde habitaram os índios Carateús, outrora chamada Povoação de Piranhas e, posteriormente, Vila do Príncipe Imperial. Sétimo e último filho de Gonçalves Correia Lima e Anna Rosa Bezerra. Descende do primeiro Mourão cearense: Alexandre da Silva Mourão (I). A sua avó paterna, Joana Batista Correia Lima, era neta desse primeiro Mourão, filha que era de sua única filha do primeiro casamento, Maria Coelho Franca. Em 1870 os amigos fizeram publicar parte de suas poesias, com o título: “Impressões e Gemidos”, escolhido por José Coriolano atendendo a sugestão do seu pai. O plano era publicar seus originais, escritos de próprio punho pelo poeta, em dois volumes. O primeiro veio a lume com a ajuda do Governo do Piauí. O segundo nunca chegou a ser publicado, por não contar mais com o apoio oficial. Como houve uma mudança na direção da Província, o novo Governo decidiu não patrociná-lo (segundo volume), por não concordar com as ideias republicanas do poeta e de seus amigos. Foi, portanto, vítima da ignorância de uma censura política que, nos anos seguintes, tanto se repetiu na história brasileira. A viúva, com cinco filhos menores, não tinha recursos para arcar com a publicação. Em 1973 o Governo do Piauí, na gestão de Alberto Silva, promoveu uma nova edição de Impressões e Gemidos, com o título: Deus e a Natureza em José de Coriolano. O Piauí o considera “o Príncipe dos Poetas Piauienses”, pois na época em que viveu (1829 a 1869), Crateús, sua cidade natal, pertencia àquele Estado. A passagem para o Ceará deu-se em 1880.

Chico Pascoal disse ...                 
Ainda que tardia, a homenagem ao nosso primeiro homem de letras. Soube que é uma reinauguração, mas não conheci o antigo busto.
Crateús bem o merece, Parabéns a todos.


Ivens Mourão disse...
A todos que fazem a Academia de Letras de Crateús meus parabéns por resgatar a memória do grande poeta José Coriolano. Que venha agora um Memorial para o estudo da sua grande obra poética.
Farei o possível para estar presente.

Ivens Roberto de Araújo Mourão
Trineto do poeta


Luiza Lira disse ...
 Estimado colega,
Raimundinho.
Bom dia!
Agradecemos o convite e sugiro que  a academia de Letras em colaboração com a Prefeitura, possa criar um espaço onde tenhamos a oportunidade de conhecermos o acervo bibliográfico e de forma explícita possamos divulgar para turistas a obra poética deste renomado escritor.

Um carinhoso abraço a todos da ALC.

Luiza Lira
 

 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013




SOBRE A AUTORA
 FERNANDA COUTINHO é Doutora em Teoria da Literatura pela UFPE e Pós-Doutora em Literatura Comparada, junto à UFMG e à Université de la Sorbonne – Paris. Professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada na UFC. Responsável pelo projeto intitulado Infância e interculturalidade, cujo objetivo é refletir sobre a construção e desconstrução da noção de infância num movimento histórico-sócio-ideológico.
Publicou Família e sentimento: paisagens da infância em Vidas Secas; organizou o seminário “Vidas, para sempre secas” e a exposição “Caras murchas das vidas secas”, no CCBNB. Organizou ainda os livros: A vida ao rés do chão: artes de Bispo do Rosário, em colaboração com Marília Carvalho e Renata Moreira; Raquel de Queiroz: uma escrita no tempo; Clarices: uma homenagem (90 anos de lançamento de Laços de família, em parceria com a Profª Vera Moraes.

SOBRE O LIVRO
“Num livro claro, denso e preciso, Fernanda Coutinho sabe como ninguém abrir o envelope das palavras, dando-lhes vida. Mais do que um ensaio sobre literatura comparada, esse livro é uma meditação. Merece estar nas mãos de todos os que se preocupam com a infância, real ou imaginária, no Brasil.”
Mary Del Priore 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013



Gosto de livros antigos, mesmo tendo edições recentes. Li vários títulos de Jorge Amado. Tenda dos milagres foi um dos apreciados. Este exemplar é de 1969.  Editora Martins. 75 mil exemplares. Na estante virtual ele é comprado por 8,00/9,00 reais acrescido do frete. Encontrei em um sebo de Fortaleza por 3,00 reais. Aliás, encontrei Moacyr Sclyar, Ledo Ivo e etc. Todos nas prateleiras da promoção.

Silas Falcão  
Raimundo Candido disse...
Grande Silas Traça Falcão, aproveito para lhe agradecer o Livro de Crônicas do Drummond, acho que ele foi editado antes do poeta nascer. Valeu!
                                                        
                                                            COISA
                                                                                                         
                                                                                      Autor desconhecido
  
A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia.
 Coisas do português.
Gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".
Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.
Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha. [Incentivando crianças ao uso de baseado???!!!]
Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica "O Coisa" em 1943."
A Coisa" é título de romance de Stephen King.
Simone de Beauvoir escreveu "A Força das Coisas", e Michel Foucault, "As Palavras e as Coisas."
Em Minas Gerais , todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".
Devido lugar: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro.

"Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.
Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).
Em 1997, a NASA lançou a "Missão Mars Pathfinder", enviando um robô para explorar Marte. O mecanismo foi programado para ser acionado a partir do som de uma música e a escolhida foi um samba de Jorge Aragão/Almir Guineto/Luis Carlos da Vila. Assim, o robô da Nasa, foi "acordado" com a música: "Ô coisinha tão bonitinha do pai...". Lembram?
Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!
Coisa de cinema! "A Coisa" virou nome de filme de Hollywood, que tinha o "seu Coisa" no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: "Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar", e A Banda, de Chico Buarque: "Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor". Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".
Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.
 Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade afinal, "são tantas coisinhas miúdas".
 "Todas as Coisas e Eu" é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música "Qualquer Coisa", de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."
Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal.
O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa.
Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.
A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!
Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema "Eu, Etiqueta", Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa.

Silas Falcão