quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO "CRATEÚS: 100 ANOS"

Cultura e Educação em Crateús!

“Com a criação da Diocese de Crateús e a nomeação de Dom Fragoso como seu primeiro bispo (1964), surge na cidade um forte movimento em defesa dos mais pobres. A criação das associações de bairros e o trabalho por elas desenvolvido foram de grande importância para as comunidades mais carentes como enfrentamento às dificuldades historicamente estabelecidas. Neste período muitas foram as ações em prol de uma sociedade mais justa, tais como: a construção de casas e escolas comunitárias, politização e evangelização da população simples e menos informada, mas, principalmente, sua conscientização e organização na luta por seus direitos.” (Karla Gomes)


“Após esse período de estiagem que durou 5 anos (1979-1983), é chegado o momento de alimentar e ser alimentado pela esperança cantada pelo poeta. Por meio da resolução Nº32/83 de 31 de agosto 1982, chega em nossa cidade, com o propósito de modificar a face da região, a Universidade Estadual do Ceará. Passando a funcionar efetivamente no ano seguinte - tornando-se historicamente a primeira instituição a iluminar nosso sertão em um processo efetivo de interiorização do ensino, por meio da implantação de cursos de nível superior. Nesse contexto, impregnado pela cultura retirante dos sem rumo, dos sem letra, dos sem chuva e dos sem trabalho, toma corpo o ensino superior em nossa região, tendo como precursor o curso de Pedagogia da Faculdade de Educação de Crateús – FAEC...” (Nêga)

“Nessa viagem de aprendizagens significativas, faço hoje uma “chamada escolar” destes mestres com elegância, poesia, criatividade e entusiasmo. Uma chamada daqueles que são inesquecíveis porque levam o verbo de uma página para mentes que precisam aprender, acreditando que a proximidade com o divino se deve ao fato de que esses professores, por serem especiais, têm o privilégio de ficarem em nossas memórias apaixonadas, definitivamente.” (Ana Cristina)

“Ir às ruas buscar esse direito é expor à comunidade a lesão que os manifestantes sofrem. É não só denunciar, mas, sobretudo, juntar apoios. É partilhar de seus saberes reivindicatórios e aprender mais no exercício da cidadania, feito às ruas. É aprender e ensinar que o tráfego das comunidades – antes dos carros, dos semáforos e das leis que o regem – é composto por pessoas, e a estas todo o resto está submetido. É perceber que a contramão não está exatamente na placa de seta indicando “em frente cortada ao meio”, mas na ausência de reflexão das tantas faltas necessárias ao desenvolvimento humano pleno, atento aos princípios da igualdade, tolerância, fraternidade, justiça social e felicidade.” (Adriana Calaça)




Outros 100 anos para todos!

                                                   Relojoeiro
O primeiro assunto que nos surge para impulsionar uma conversa afável, em rodas de amigos, é quase sempre sobre o preponderante tempo. Normalmente principiamos pelas aparentes condições meteorológicas: ” —Oh! tempo quente!”, “—O tempo está bom”, “—Acho que o tempo logo vai desabar!”.  Quando não, é sobre uma sucessão que nos envolve, irreversivelmente, formando noções de passado, presente e futuro e que servem, às vezes, de argumentos para velhas desculpas ou para novas mentiras: “—Estive muito ocupado, não sobrou um tempinho sequer, para lhe visitar”, “—Ainda é tempo de reconsiderar!”, “—Como o tempo caminha a seu favor, só o renova e o enriquece!”
            É irredimível, o tempo, por ser eternamente atual, convergindo tudo para um só fim, que é o instante presente, como anuncia em tempo e hora o atemporal Poeta T. S. Eliot: ”Vai, vai, vai, disse o pássaro: o gênero humano não pode suportar tanta realidade, o tempo passado e o tempo futuro, o que poderia ter sido e o que foi convergem para um só fim, que é o sempre presente”.
 É esse fluxo perpétuo e ininterrupto que, aproximadamente, há quatorze bilhões de anos matura o mundo com espirais de poeiras, gases e luzes numa fenomenal força gravitacional compondo uma engrenagem de incalculáveis peças e que funcionam harmonicamente com um infinito relógio. Se há um relógio universal, há o Divino Relojoeiro! O Grande Relojoeiro responsável pela criação e manutenção desta imensa máquina cósmica.
Há, também, uma filosofia do tempo, a matéria-prima de todo tiquetaqueante relógio. Só podemos medir o tempo enquanto ele passa. Não medimos o futuro que não é ainda, nem o passado que não é mais, nem o presente que não tem duração, mas comensuramos uma ilusão que é circundada pelo nada, como a voz humana que começa e acaba em meio ao silêncio.
De segundo em segundo, vamos construindo uma estrada com nossos atos, nossas alegrias, nossos medos, nossas ânsias sem nos tornarmos donos do tempo e nem seus escravos, mas com a certeza de sermos manufaturados pelas horas que os relojoeiros tão bem dimensionam, em fina arte e precisão, nos instantes da longa caminhada humana.   
É uma profissão que exigi paciência, nervos de equilibrista e é para bem poucos que se propõem a exercê-la, por pura vocação. Alguns começam por um curioso diletantismo, mas logo estão conectados, num efeito de magia, àquela estupenda engrenagem de transmissão que gira em sentido horário, dando a impressão que trabalham contra as outras peças, que se movem no anti-horário, mas estão bem conectadas e em harmonia, a mover os determinantes ponteiros. 
O homem sem paciência é como uma lamparina sem óleo, e a serenidade, a perseverança tranquila que pressentimos no luzidio rosto de Seu Carlos Leite que já o iluminava deste aquele dia em que leu na Revista O Cruzeiro uma propaganda sobre um Curso de Relojoeiro por correspondência.  Lá no Distrito de Monte Nebo, seu torrão natal chamado Caldeirão, na Serra da Ibiapaba, consertou o primeiro aparelho, um antigo relógio de parede que pertencia ao Senhor João Mascarenhas. Os relógios de Crateús logo lhe acenaram os ponteiros, convidando-o para vir montar uma oficina.
Aliou-se a uma barbearia com uma banca de conserto, a mesma que ainda usa no seu ponto comercial Grão Duque, na Praça João de Melo Cavalcante, a que tem um nome popular que lembra a idade avançada dos velhinhos. De lá saiu o pão, a poesia e a educação dos filhos e do irmão Raimundo, todos executando, antes de outras atividades, a fina arte de relojoaria. — Os relógios, naquele tempo, eram como jóias, que passavam como herança de pai para filho. Hoje, de cada dez relógios que nos trazem para conserto, a metade volta porque não adianta nem um simples reparo.
Seu Carlos Leite completa 50 anos exercendo a arte da paciência, e o tempo que lhe sobrou gastou agradavelmente interpretando peças teatrais ou confabulado com musas( A Dona Verônica, sua esposa) para a produção de belíssimos poemas, quase sempre de cunho político e social:  “Tem gente falando grosso/ que é um pré-candidato/ mas a lei da ficha limpa/ vai cortar o seu barato/ sua ficha, dita cuja/ se encontra muito mais suja/ do que poleiro de pato.”
O destino de Seu Carlos já estava traçado, era mesmo consertar os relógios, impulsionar o teatro e dar asas a belos versos, em Crateús.
Um antigo relojoeiro é como um médico afastado da mesa de cirurgia, a qualquer instante por ser solicitado a prestar um socorro, como seu Zé Pires que aos 88 anos ainda conserta as Vigorelles e as Singers que embirram nas mãos das costureiras impossibilitando seus cosidos zigue-zagues. Como relojoeiro está parado há algum tempo e lá alguma vez é que o convocam para consertar um cansado relógio de parede, que lentamente volta a respirar no ritmo de um ofegante tempo. Seu Zé descobriu a arte dos relógios como as crianças descobrem as engrenagens dos carrinhos de pilha, por pura curiosidade de uma afiadíssima inteligência. Relembra de quando trabalhava num salão de barbearia com Seu Deusinho, na Rua Santos Dumont quase na esquina da Coluna da Hora.  O freguês chegava pedindo para que o seu Roskopf ficasse a prova d’água e ele logo respondia: — Meu amigo, relógio é para marcar as horas, não foi feito para nadar no Poti, não!
Quem conserta um relógio em dois tempos é Seu Wilson, num Box do Shopping Popular (Shopping Souza Neto), troca o pino de um bracelete, muda a bateria de um automático e os trocados vão caindo na gaveta. Avisa-nos: — A vida de relojoeiro é dura, precisa de muita paciência e concentração, mas dar para garantir o ganha pão e sustentar a família. Começou a trabalhar com Seu Carlos Leite e depois que criou asas levantou um longo vôo solo e, mesmo enxergando com um só olho, domina o dinamismo das máquinas como se fosse com o olhar de uma águia que perscruta o rústico solo do sertão.
Um especialista é um homem que conhece cada vez mais sobre cada vez menos, não deixando de saber sobre o restante das coisas da vida, como o relojoeiro Andre que possui uma coleção de Certificados de Cursos Técnicos de Relojoeiro com respaldo na Terra da Garoa e até na Suíça, o país dos relógios. Mas Andre aprendeu o verdadeiro segredo foi na prática, quando trabalhou com um mestre-professor, judeu e austríaco, que veio escapar das garras de Hitler na selva paulista e lhe passou todas as dicas e manhas dos relojoeiros. Uma vez Andre consertou o relógio que a vaca comeu. O bovídeo esfomeado mastigou a camisa de um leiteiro com um relógio no bolso e Andre teve o privilégio de consertar o estrago que o ruminante fez, mas trabalho especial mesmo foi conserta um magnífico relógio de parede pertencente à Condessa de Matarazzo que ainda deve está dependurado numa parede de uma antiguíssima casa na badalada Avenida Paulista.
Voltando para a nossa bucólica Crateús e caminhando pela Moreira da Rocha, no prédio de Nº 933 e um acabamento por terminar, encontramos a trabalhar em sua oficina do Sr. Zé Maria Camelo, mecânico, pedreiro, carpinteiro e até poderia ser um grande orador, pelas palavras fáceis que saem de sua boca, chega a me parecer um profeta, quando diz: Eu sei ver as coisas!  Zé Maria foi o relojoeiro da antiga nobreza crateuense: o Sr. Deusteth  Albuquerque, o Sr. João Melo Cavalcante, o Sr. José Bezerra, O Sr. Raimundo Machado, O Sr. José Cardoso Rosa, o Sr. Chico Lopes, todos eram fregueses habituais . Foi quem consertou o relógio da Coluna da Hora a pedido da prefeita Leonete Camerino e de lá para cá, pelo abandono no tempo, os ponteiros foram ficando birutas e foi soando 3 horas da tarde bem antes do meio dia, tocando 5 horas da madrugada muito antes da meia noite. Há muito parou!Está a espera da boa vontade de um zeloso prefeito,  que peça ao Seu Zé Maria para consertá-lo novamente, e possamos ouvir  o sino da matriz em harmonia com os badalos da Coluna da Hora nos desejando um Feliz Natal!  
“Mas o mundo mudou, posso sentir na água, posso sentir na terra, posso cheirar no ar”, são as palavras de abertura de um filme de aventura adaptado de um livro de J. R. R. Tolkien que aproveito para fantasiar com os fantásticos relógio de hoje, que também mudaram. Não se ver mais um elegante cidadão puxando uma áurea correntinha do bolso da calça, com um cromado relógio na ponta orgulhosamente a dizer: foi uma herança de meu avô! Após tantas revoluções tecnológicas os relógios aparecem agora na TV, na geladeira, no fogão, no freezer, no carro, no celular e espantosamente me dizem que existe um relógio atômico que mede até o micro milésimo de um segundo pelas oscilações do átomo de césio-133 só para tiquetaquear toda a pressa do mundo, que realmente mudou!
Sim, o mundo mudou...  E eu, embirrento, teimo em não mudar! Por isso vou ficando por aqui, no meu esquecido tempo, com um olhar esmaecido a contemplar a areia que escoa de minha ampulheta de onde também escorrem minhas lágrimas de saudade, que nunca param! E vêm-me, mais uma vez, os doces versos de meu querido poeta Quintana, que me acalma e me diz, mesmo acabando os relojoeiros do mundo, que só a saudade é que fazer as coisas no tempo pararem...

Raimundo Candido

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO "CRATEÚS: CEM ANOS"

AS LETRAS DE CRATEÚS
Júnior Bonfim: No meio da praça havia um busto. Um busto, robusto, em meio aos arbustos, um organizado labirinto de algarobas que enfeitava a praça principal, a geradora de todas as agendas da urbe. Era a pedra angular, o pátio do povo, a praça, a praça da matriz. Menino sem hino, ainda não havia descoberto a fonte da alegria, a poesia, sempre perto da nossa mais perfeita tradição. Mas sabia, com emoção, que alguma coisa ocorria no meu coração. Sem susto, me intrigava aquele augusto busto. Indagava: quem é este? Respondiam-me: é o doutor José Coriolano de Sousa Lima... Depois descobri tratar-se de um dos maiores gênios da poesia no século XIX.”

Juarez Leitão:... quando o homem regressou, não trazia nem o carneiro, nem o couro e nem um centavo de dinheiro. Com a maior cara de pau, o peralta (que havia vendido o presente e gastado o dinheiro com mulheres e cachaça) afirmou que precisou comer toda a carne do carneiro na longa travessia. E o couro do animal? Onde estava o dinheiro? O homem cinicamente respondeu que não tinha.
A mulher virou uma fera:
‘Não me diga nem de graça
Uma história como esta.
Procede desta maneira
todo homem que não presta.
Eu fico logo é danada
E você não me contesta.’
Mas o marido encerrou a discussão com as razões de sua prepotência:
‘Deixa de asneira, mulher,
vaca não briga com touro!
Cala logo esta buzina
tua zoada de besouro
que carneiro em Tamboril
nesta época não tem couro!’”

Vá e leve toda a turma!
MAIS CEM ANOS PARA CRATEÚS!

domingo, 4 de dezembro de 2011


                                    Poesia na Escola
A poesia brotou na roça e em pleno verão, pelos ardentes versos de Drummond. Voou pelo rústico sertão, livre como um pássaro chamado Quintana. Veio marejando, lá de Portugal, só para se confraternizar com centenas de Curimins-Poetas que recitavam versos de Pessoa, aos borbotões. A natureza transbordou com um olhar de espanto e fascinação com o que ali se viu! Nesta sexta-feira,dia 2 de dezembro a poesia foi arrebatada em êxtase e agradeceu a grandiosa homenagem recebida na culminância do Projeto Literário da Escola de Cidadania Umbelino Alves da Silva, cujo lema é: Educando com experiência, aprendendo com a diversidade e por nossa conta completamos, com muita sabedoria, mas também é a Escola Nota 10 consagrada em prêmios pelo Governo do Estado. Esta localizada no povoado de Curral do Meio no poético Distrito de Curral Velho. A Academia de Letras de Crateús agradece a homenagem recebida e parabeniza o núcleo gestor, os dedicados professores da ECUAS e seus talentosos alunos pelo belíssimo espetáculo literário ( sarau poético) que aqueceu nossos corações.


Albery Gomes( Diretor) disse:
Obrigado pela participação, pelo aplauso e toda emoção que nos fez sentir com suas presenças, desejamos que a academia de letras seja nossa parceira nesse rumo a cultura poética, sabendo que vocês sendo está referencia sejam o remo desta canoa em direção não só a poesia lida mais escrita. Mais uma vez obrigado! E contamos com vocês.