terça-feira, 30 de novembro de 2010

MEU PRIMEIRO AMOR (Elias de França)

Tenho um segredo sobre minha professora do primário.
Ela foi os primeiros cabelos lisos a entrelaçarem minhas fantasias...
Os primeiros ombros morenos expostos que enxerguei,
a costa nua que inaugurou minha virilidade.
Um ralho seu valia um verso...
Quantas vezes, beliscava colegas,
à espera de ter seus dedos longos cravados na minha orelha!
Contava, um a um, os minutos das tardes;
à noite, ninava sonhos
e acreditava na manhã seguinte,
no reencontro com a professora.
Ainda hoje, me apanho a olhar ossos da clavícula,
palmados na pele de moças anônimas,
como que a tocar o corpo da tia...
As músicas da época ainda cantam seu olhar.
Gosto mais, nos novos amores,
dos traços iguais aos da professora.



Raimundo Cândido disse...
Nas suas traquinices carregadas de malícias corria-se o risco de um ralho mas gerou-se um verso... e valeu a pena!

Um comentário:

  1. Nas suas traquinices carregadas de malícias
    corria-se o risco de um ralho
    mas gerou-se um verso...
    e valeu a pena!

    Raimundo Candido

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