quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DASAFIO DE REPENTE ONLINE

Os dias presentes contam com um elemento novo, já quase velho, que são as redes sociais virtuais. Para alguns, um amontoado de bobagens circulando diariamente, reflexo da forma de vida urbana, massificada, que não comporta a inteligência.
Mas assim como as instituições antigas, as redes sociais são o que as pessoas fazem delas. Eis um exemplo:
O poeta popular cordelista Arievaldo Viana postou uma foto de uma bodega no facebook. De imediato foram surgindo os comentários para a foto. O proprio Ari, também, comentou um detalhe da imagem, que é a imensa quantidade de papel higiênico, o que, para ele, representava uma mudança de hábito do sertanejo: a aposentadoria do velho sabugo, aquele do lema "tem a tripla serventia / limpa, coça e pentia".  Fabio Sombra, em seguida, postou uma estrofe sobre bodega, papel higiênico e sabugo, iniciada com os versos "uma bodega no mato / não precisa ser sortida".
Daí, Arievaldo, então, lançou um desafio, que acabou virando uma cantoria de repente online. Veja no que deu:


Arievaldo Viana: Aos poetas de plantão. O mote é: UMA BODEGA NO MATO / NÃO PRECISA SER SORTIDA.
Cantoria no FACEBOOK debatendo o mote:
UMA BODEGA NO MATO
NÃO PRECISA SER SORTIDA
Foto: Francisco Estrela

Fabio Sombra

Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.
Mas papel pra limpar bunda
Tem a venda garantida
Pois até cu de matuto
Já está “miózim” de vida!

Arievaldo Viana

O papel não é refugo
Mas no tempo da vovó
Pra limpar o fiofó
O bom mesmo era o sabugo
Ao meu leitor não alugo
Minha rima é garantida
Pra quem melhorou de vida
Sabugo é um desacato!
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

Tem um lampião a gás
Manteiga, doce e bolacha
Um vinho também se acha
Mas sabugo não há mais
Porque na parte de trás
Matuto mudou de vida
Quer maciez garantida
Pois o papel dá bom trato
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

Fabio Sombra

O povo de antigamente
Era calmo e mais pacato
E o sabugo preferia
Por ser prático e barato.
Não precisa ser sortida
Uma bodega do mato.

Arievaldo Viana

Uma bodega no mato
Tem muita aranha na teia
Prateleira empoeirada
A parede muito feia
Mas nada disso eu refugo
E até prefiro o sabugo
Que limpa, coça e penteia.

Fabio Sombra

Papel branco e bem sedoso
Papel couché ou jornal
Papel liso ou bem rugoso
Papel lixa ou vegetal.
Nas cidades e sertões,
Muitas são as opções
Para a higiene anal...

Leo Medeiros

Uma saca de feijão
com a boca arregaçada
linguiça dependurada
cinco barras de sabão:
quatro sacos de carvão
uma caixa de bebida
na prateleira comprida
veneno pra matar rato
uma bodega no mato
não precisa ser sortida.

Quatro latas de sardinha
pacotes de soda preta
elástico, linha e chupeta
cuscuz, ovos de galinha;
uma saca de farinha
remédio que tem saída
um bêbado dando mordida
na sobrecoxa de um pato
uma bodega no mato
não precisa ser sortida.

José Alves Coelho

Arievaldo Viana
Se meteu numa refrega
No terreiro da bodega
Na sobra da cajarana
Com o bucho cheim de cana
Perdeu a noção da vida
Pouco antes da partida
Comeu e cuspiu do prato
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

Elias de França

Basta ser que nem a vida
de quem bebe agua no pote
que veve dando pinote
pelas istrada comprida
basta ter uma saída
a merma que é entrada
numa boa rede armada
tirar um sono de gato
uma bodega no mato
não precisa ser sortida

José Alves Coelho

Mas depois Arievaldo
Bom caráter como é
Fez sua profissão de fé:
“AGORA SÓ BEBO CALDO”
Recuperou o respaldo
Depois que mudou de vida
Dedica parte da vida
Às lutas do sindicato
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

Arievaldo Viana

Certamente, no balcão
Tem bacia de paçoca
Garrafas de Ypióca
E conhaque de alcatrão
Desse da marca SÃO JOÃO
DA BARRA, boa bebida
Tem sardinha, tem batida,
Tem aranha e carrapato
Que uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

José Alves Coelho

Versejou quem já faz dias
Que não vejo e não abraço
Pois vive me dando traço
O grande Poeta Elias.
Este não se mete em frias
Faz da arte a sua lida
E, como Ari, retrata a vida
Em versos de fino trato
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

Arievaldo Viana

Vovô tinha uma bodega
Com sortimento aprumado
De tanto vender fiado
Sofreu terrível refrega
Mas quem luta não se entrega
É esta a lição da vida...
Antes de sua partida
Ele fez este relato:
UMA BODEGA NO MATO
NÃO PRECISA SER SORTIDA.

Meu caro ELIAS DE FRANÇA
E JOSÉ ALVES COELHO
Aos amigos aconselho
A continuar na dança
Pois quem rima não se cansa
De persistir nessa lida
Minha viola querida
Bota tostões no meu prato
E uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.

Monnalysa Araújo S

Agora é a minha vez,
Que a rima já tá comprida.
Só tem cachaça e papel
Não precisa da comida
Depois de beber,faz 2
E assim se leva a vida
Não liga se tem barata
Cobra,escorpião ou rato
Porque bodega no mato
Não precisa ser sortida!!!

Elias de França

Quem é França tambem dança
Monalisa entrou na Rima
Coelho tá mais em cima
Com a sua fala mansa
Amizade é a herança
guardada por toda a vida
que torna mais leve a lida
seja a distância um fato
uma bodega no mato
não precisa ser sortida

Barros Alves

Se tiver umas cachaças
A coisa tá resolvida,
Não precisa de mais nada,
Pode até já tá falida,
Para que tanto aparato?
UMA BODEGA NO MATO
NÃO PRECISA SER SORTIDA.

O poeta Arievaldo
Resolveu mudar de vida,
Já montou um botequim
E empreendeu nova lida,
Vende “churrasquim de gato”
QUE UMA BODEGA NO MATO
NÃO PRECISA SER SORTIDA.

E agora quer propaganda
De graça, assim no barato,
Ô poeta véi sabido,
É um João Grilo gaiato...
Nossa missão foi cumprida:
- Não precisa ser sortida
Uma bodega no mato.

A garota Monnalysa,
O Coelho e o Elias
Não entram em vãs porfias.
É gente que não alisa,
Observa e analisa
No verso cordeliano.
Quando afirmo não me engano
Pois não me fio em boato.
É coisa certa e sabida:
NÃO PRECISA SER SORTIDA
UMA BODEGA NO MATO.

Fabio Sombra

Vou glosar este mercado
Com minhas décimas também
Vou cantar o que ele tem
Em cordel bem alinhado
E assaz metrificado.
Venda pobre e esquecida
Mas vivaz, tão colorida,
Fizeste nascer poesia
E inspiraste a cantoria
POIS BODEGUINHA NO MATO
NÃO PRECISA SER SORTIDA.

Arievaldo Viana

Uma bodeguinha desta
É melhor que um SPA
Fica aqui no Ceará
E quem vai lá, faz a festa
Porque cachaça só presta
Quando já está bem curtida
Com a tampa encardida
E roída pelo rato
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida!

Elias de França

Uma simples bodeguinha
sem precisar ser sortida
antes no mato escondida
com sua sorte em definha
Ari deu-lhe uma meizinha
a meteu numa peleja
e agora o senhor veja
tinha matriz varonil
a força daquele ato
a bodeguinha do mato
tá virando um mercantil

começou pelo sabugo
que limpa, coça e pentia
mas este artigo hoje-em dia
coitado, ficou tansgênico
então o papel higiênico
tomou lugar na bodega
esta foi ficando mega
comendo cada bocado
sortida com aparato
a bodeguinha do mato
tá ver um supermercado
...

Agora é com você, leitor! Mande seus versos!

JoseIran Santos 
Vai ter gás pra lamparina
E rapadura das boas
Quatro pacotes de broas
Ração pra galo-campina
Farinha só tem da fina
Charque, só da curtida
Raizada bem batida
Mas não tem ração pra gato
Uma bodega no mato
Não precisa ser sortida.
Gotardo Beserra Bomfim

Já vi até mortadela
pendurada na parede
quartinha pra matar sede
cinco pacotes de vela
cumbuca, saco e panela
querosene e formicida
coisas que pra nossa lida
são necessárias de fato
uma bodega no mato
não precisa ser sortida

Um comentário:

  1. Gotardo Beserra Bomfimquinta-feira, 02 fevereiro, 2012

    Já vi até mortadela
    pendurada na parede
    quartinha pra matar sede
    cinco pacotes de vela
    cumbuca, saco e panela
    querosene e formicida
    coisas que pra nossa lida
    são necessárias de fato
    uma bodega no mato
    não precisa ser sortida

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