sábado, 11 de fevereiro de 2012

                                                O  Facebookeiro

Tudo que realizamos sobre a face da Terra é só para pleitear a tal felicidade, como uma árvore milagrosa toda arreada de dourados  pomos que nos preceituou um magistrado-poeta chamado Vicente de Carvalho, coisa que nossos passos diários podem, e devem, constatar neste longo e árduo caminhar.
Essa suposta felicidade, quando em nós se instala, gera um simulado sorrisinho que na maioria das vezes é impuro e virtual, pois fica estampado na parte externa do semblante  corporal. A Ventura só é real e pura se o sorrir estiver expresso labialmente na nossa  indubitável alma. Porém, sinto-me na obrigação de os prevenir, não se aprofundem muito nessas minhas fictícias induções filosóficas, é perda de tempo.
É só para lhes dizer que hoje presenciei aquele risosinho virtual de satisfação nos lábios de um animado grupo de viciados no facebook, a mais nova mania entre as redes sociais, que sempre aparecem na internet, esse invisível monstro cheio de tentáculos, chamado de o supra-sumo das democracias, imaginem, e sem ela o mundo não respiraria mais.
Buscávamos   confesso aqui a minha inclusão a mesma felicidade que acompanha a nicotina dos fumantes, ou a cafeína dos tomadores de café, para não citar outras incivilidades mais pesadas.
Com os olhos grudados na página inicial do face, lembro-me das velhas reunião de fim de tarde, com as cadeiras nas calçadas e uma conversa solta sobre amenidades da vida. É como as antigas e adoráveis bodegas, tudo que se procura, tem. Uma belíssima charge me chamou atenção: O cantor Vando vai chegando no céu e São Pedro, precavido, se antecipa ordenando às irrequietas beatas Controlem-se!
O que no face é estampado corre em firme seriedade ou na mais irreverente criatividade, motivo de tanto sucesso no mundo inteiro, mas continuo achando que tem, também, uma substância química bem viciante, como um nicobit qualquer que faz um rebuliço danado na vida das pessoas. É como estar rodeado de amigos e amigas fofoqueiras, dá até para ouvir suas altas e estridendes gargalhadas: KKKKKKKKK!
Fiquei sabendo do cruel e covarde assasinato do palhaço Harley pela postagem do reporter Tony Sales e uma grande comoção tomou logo conta da cidade.
Às vezes o ambiente é mais sofisticado e sinto-me como se estivesse passeando nos corredores de um grande Shooping Center com suas vitrines coloridas, livros expostos nas prateleiras, fotografias espalhadas numa demonstração de sadia vaidade pessoal.
O website é uma sala de aprendizagem virtual onde os professores são alunos numa interatividade transdisciplinar, como num histórico e automático forum romano, praticando a cultura plural. Aprendi a usar o coletivo @#%!* que abrange uma infinidade de palavras impublicáveis, e  usamos recentemente para defender o nosso querido Sertão de Crateús, pois alguns internautas, por serem analfabites ou por mera ignorância geográfica, querem nos infincar é lá no distante Vale dos Inhamuns.
Sempre leio o erudito amigo Luiz Bonfim, com suas postagens de interesses atuais:" ‎...a vida é uma roleta, ninguem sabe que bicho vai dá! Eu vi a campanha do Janio Quadros, fez comício em Crateus, sua eleição, posse e renúncia...  vi a turbulência por ocasião da transição e da posse de Jango, vi a anarquia generalizada do governo do Jango, vi sua queda e a tomada do poder pelos militares. A coisa tá ficando preta. O Brasil está sem rumo. O Brasil não deve nada ao FMI ? Mas a União deve mais de 500 bilhões ao BIRD e ainda empresta 15 bilhões ao Fundo e ainda financia Cuba. Rodaram a roleta, você sabe que bicho vai dar? " Pergunta-nos ele. (Amigo Luiz, aproveito a agilidade da internet para lhe tranquilizar pelo menos numa coisa, ainda lhe devolverei aquele livro raríssimo de autoria do Dr. Luiz Chaves de Mello, O Telvídeo, que você me emprestou.)
O facebook é um tesouro achado até para os políticos, como os deputados, os prefeitos e os vereadores,  todos estão lá, a cata de amizades e votos, lógico. Por um dispositivo chamado bate-papo, como se fosse um telefone, resolve-se tudo, ali mesmo, e na hora.
Percebo a presença do influente Vereador Márcio Cavalcante, online! Sinto a oportunidade para resolver uma missão, a mim imposta. Por esse bate-papo a conversa começa: Bom dia, Márcio! Amigo Raimundo, como vai? E sou informado que o mesmo havia colocado no orçamento municipal para o ano de 2012 a quantia de 300.000,00 reais para a construção de um prédio para o funcionamento da Academia de Letras de Crateús. Agora é só cobrar do prefeito, avisa-me ele. Uma excelente notícia!
O que eu só não entendo deste tal face, com toda essa complexidade de links, é como o estudante Zuckerberg, que o criou,  tornou-se, rapidamente, um dos homens mais rico do planeta, se nenhum dos viciados facebookeiros, como eu, deposita um tostão furado para o funcionamento do mesmo. É mesmo um milagre desta moderníssima tecnologia que produz até neologismos verbais. Vocês sabem como se conjuga o verbo facebookar? Pois aprendam:
Eu posto.
Tu comentas,
Ele curte,
Nós compartilhamos,
Vós publicais,
Eles riem, e
Ninguém trabalha!

      Raimundo Candido

Elias de França disse...
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!
Eita, Raimundo! Um poeta no facebook é que nem um santo no inferno: um grande perigo! Pois não é que ja fez filosofia (ou melhor, poesia) com a nova (quase velha) moda!
Gd abç, Rdo!!!!

Um comentário:

  1. As redes sociais são verdadeiras armadilhas para nos roubar o tempo disponível. Entrei no Orkut para acessar Jaguarão Memória e formei um grupo de amigos. Mas o que se vê lá, albuns de retratos, recados, coleções (bestas), etecetera e tal, formalidades e amenidades que talvez venham a nos interessar como relíquias familiares ou nem tanto...

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