domingo, 22 de julho de 2012

Lascívia

   
É lúbrica a isenta noite
na claridade de um poste,
pois um silêncio desarranja-se 
ladrando na insônia tediosa.

E uma donzela espia
da janela, um brotar de um cio.

Um atraente feromônio
é um perfume solto na rua,
qual assanhada borboleta
despetalando uma libido a latejar.

E uma donzela sente
da janela, um rebuliço começar.

Ensandecidos cães
alvoroçam-se em alarido:
— Sou eu!  — Sai, é meu!
Latidos de um apetite ensurdecedor!

E uma donzela se excita
na janela, tal qual a jovem cadela!

O coito noturno é um luar
despudorado a se realizar
pela libertinagem em delírio
de um ensanguentado amor canídeo.

E uma donzela geme
da janela, ciente que é com ela!

Raimundo Candido

José Alberto de Souza disse...
Clássico e parnasiano,
transcende ao tempo presente.
Mergulha no subconsciente
e acha vocabulário arcano
ainda remanescente.

Um comentário:

  1. Clássico e parnasiano,
    transcende ao tempo presente.
    Mergulha no subconsciente
    e acha vocabulário arcano
    ainda remanescente.

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