terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ofertório


        
Eis o que ponho no altar!
 
O limo amontoado
em meus olhos,
eclipsando
a íris d’alma
nas lides do dia.
 
Eis o que eu ponho no altar!
 
A indisposição
ao impreciso porvir,
uma inapetência
à fecunda oferenda
de vida e salvação.
 
Eis o que ponho no altar!
 
Os ossos enfastiados
intentando transmutar,
pouco a pouco,
vagas convicções
em mero ato de fé.
 
 Raimundo Candido

Um comentário:

  1. Precisava confiar menos no absurdo e mais em si mesmo ("A cruz era o sinal"/Jacqueline Aisenman) - li hoje no Varal nº 18 (p.128), de Novembro/2012, e notei essa correlação.

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