segunda-feira, 25 de março de 2013



  DEZ MIL NOVECENTOS E CINQUENTA DIAS, SEM MILTON DIAS


POR SILAS FALCÃO

Há trinta anos morria um dos nossos maiores cronistas: Milton Dias. Era 9h de 22 de 03 de 1983, na Casa de Saúde São Raimundo. Óbito: miocardia. Cronista semanal d´O Povo, neste 22/2013, nenhuma lembrança pública. Nem crônica em sua homenagem. Sequer aplausos coletivos.

Mas nem todos agem assim. Milton Dias é nossa eterna relembrança.

Nos dias 06 e 07 de junho de 2011, o SESC- Fortaleza realizou o III Seminário Revelando a Literatura Cearense com o tema Milton Dias - o eterno contador de estórias. Foram duas noites de palestras com o escritor e amigo de Milton Dias, prof. Pedro Paulo Montenegro que falou sobre Crônicas e memórias de Milton Dias. A professora de literatura Suely Oliveira abordou a sua dissertação: Milton Dias - a vida que poderia ter sido e que não foi. Depoimentos de ex-alunas de francês do cronista e declamações de trechos das crônicas de Milton Dias com o Grupo Converso diversificaram o conteúdo literário do Seminário.

Incorporando aos colégios municipais e estaduais, O SESC-Fortaleza realiza o Projeto Revelando a Literatura Cearense, onde parceiros do SESC falam sobre autores cearenses. Mensalmente eu participo deste projeto com Milton Dias: entre a dor e o riso.

Em 2010, através do Centro Cultural Banco do Nordeste – CCBN – mediei o Percurso Urbano Passeio com Milton Dias, título de uma crônica homônima de Carlos Roberto Vazconcelos.

Com o apoio do jornal O Povo desenvolvo, através do banco de dados deste jornal, pesquisas das crônicas que Milton Dias escreveu nos seus 26 anos de cronista semanal.

Há três anos criei o http://relembrancasdemiltondias.blogspot.com.br/

CONFISSÃO


Quando eu morrer, Mãe,


esquece este filho,


tão triste, tão pobre,


que só pede uma planta no túmulo.


Quando eu morrer, Mãe,


tudo o que eu peço


é uma oração crepuscular.


Quando eu morrer, Mãe,


perdoa a falsa alegria,


o riso gratuito


a alegria postiça


que escondia uma tristeza tão grande


que você, Mãe, nunca suspeitou.


Quando eu morrer, Mãe,


perdoa os erros todos deste filho


que nunca deixou de ser criança.

Rua da Goela - IPU - onde Milton Dias nasceu

1960

1966

1966

1971

1974

1977

1977

1978

    
1978

1982

Homenagem póstuma-1983



Milton Dias deixou inédito o romance A senhora da sexta-feira e Memórias de um professor de francêssobre sua experiencia como professor da casa de cultura francesa- UFC.

“Quando Milton Dias morreu, na manhã de 22 de março de 1983, deixou vago o seu lugar de melhor papo das rodas palestreiras desta terra de mares tão verdes, sábados líricos e tantas coisas que contar. Seus amigos o choraram em prosa e verso e alguns ainda apontam para o céu, em noites de nuvens escassas e muito uísque, de onde ele, feito estrela, ilumina a saudade de todos. Foi assim que Olga Stela o viu, quando produziu o poema”


BALADA PARA O ENCANTADO



 Na Ilha do Homem Só

No barco da Capitoa

Nas velas todas do mar

Lá está ele

Encantado


Nas cores do sol poente

Em cada boca da noite

Na brisa do alvorecer

Lá está ele

Encantado


Na várzea do Sete-Estrelo

No disco da lua cheia

No bojo da madrugada

Lá está ele

Encantado


Na Viagem do Arco-Íris

Na ciranda das Cunhãs

Nas ruas de Fortaleza

Lá está ele

Encantado


No compasso da viola

Nas noites de sereneta

Em cada gole de vinho

Lá está ele

Encantado


Nos pagos do Massapê

Na neblina que esvoaça

E abraça a Bica do Ipu

Lá está ele

Encantado


Nas ondas verdes do mar

De sua terra natal,

Nas águas do rio Sena

Lá está ele

Encantado


Nas baladas do sino

No toque da Ave-Maria

Na suavidade da tarde

Lá está ele

Encantado


Embaixo do pé de jambo

Onde a relva é sempre verde

Na morada mais singela

Lá está ele

Encantado


Na saudade que não passa

Em cada instante que passa

Na memória mais constante

Continua ele

Encantado


Continuará encantado

Como a estrela que morre

E seu brilho no firmamento

Permanece

Encantando”
 
SOBRE A AMIZADE


“Amizade não se impõe, não se força, não se transfere, não se delibera, tem a sua linguagem própria, até nos silêncios, nos gestos mais simples; é mais sólida do que o amor, muitas vezes baseado apenas na afeição física, que os anos podem desgastar – enquanto a amizade se aprimora, se fortifica, melhora com o tempo. É que nem o vinho”


Cartas sem resposta

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