domingo, 23 de março de 2014

Quase Poesia

Às vezes as flores brotam nas fendas das rochas e exibem o poder invisível que há no cerne das coisas.  Como magia que nos alumbra e, repentino, vai desvelando a pureza que surge de onde menos se espera. Soube destes sucedidos milagres quando o poeta João Cabral de Melo Neto concretou seus versos, duros como pedras, mas com uma engenhosidade poética que me fazia, e ainda faz, chorar...

Meus olhos, absortos e incrédulos, brilharam de emoção ao terminar de ler (Sorver!) o livro QUASE POESIA do engenheiro-poeta Humberto Rodrigues Paz, meu amigo Cancão, que traz, magicamente, o engenho de Cabral na oralidade de Patativa do Assaré. Não sei o que faz, nesta periodicidade rara da vida, surgir do duro concreto, dos cálculos inalcançáveis, dos fios de prumo e das aglutinantes argamassas tanta sensibilidade, tanta essência poética, tamanha inspiração calculada em rimas e métricas num livro que me fez pensar: É o primeiro QUASE que percebo ser mais que perfeito! Praticar o verso como quem manuseia o concreto armado, buscando um equilíbrio, uma simetria e usando palavras como tijolos é coisa de pura magia. Vocês perceberão o que afirmo lendo os poemas e as memórias deste grande poeta que canta a natureza e amor e ainda se chama Paz

Como o Cancão, pássaro curioso da nossa Caatinga, nada passa despercebido ao poeta Humberto (Solitário Navegante) que, num aguçado olhar amoroso, mostra sua sensibilidade, quando proclama: “Quem ama não envelhece / O tempo lhe será leve / Que nem a luz do luar / O voar dos colibris...” Até que enfim, em Crateús, emerge mais um grande poeta para cantar as belezas da Ribeira do Poti.

Raimundo Cândido

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