Transfiguram-se, sombras e luz!
Vida afável, morte vil,
diligentes entram
e saem, pela velha porta
escoltando o sol e a lua.
Bom dia! Boa noite!
Olá! Como vai?
E, quando isso se dizia!
Uma mão cheia de gerações
pendeu nos degraus e partiu!
Punha-os a caminho,
na esperança de regresso,
e na prostração última, onde se nota
o turvo sorriso das ruínas
feito despedida e saudades!
A enegrecida madeira
guarda as lembranças
nos poentos destroços
e na proteção das tramelas
que guarnecia os dias de outrora
e desfere um adeus apagado,
que dolorido se extingue
no desfecho das eras!
Raimundo Cândido
Este poema me faz lembrar aquelas casas geminadas de antigamente que ainda subsistem tombadas pelo patrimônio público e que, apesar de ocupadas, não podem ser mexidas. Numa delas, deparei-me com uma porta deteriorada que só pode ser consertada, respeitando os detalhes originais com acessórios que hoje já não existem mais.
ResponderExcluir