sexta-feira, 3 de abril de 2015

Poeira



Da realidade poenta:
  Eu sou, tu és,
    nos somos impuro pó!
      Atila, os Papas,
        as putas, as freiras,
          as santas intensões,
as tramas do capeta,
a claridade do dia,
o breu da noite,
as lamurias, as orações,
a esperança que nos guia,
o fútil, o essencial,
                          e o cruento tempo
                          é, fundamentalmente,  
                          impudico pó.
Toda existência, por fim!
Mas só a dor no peito,
atada ao pó que sou,
ainda não pulverizou!


                   Raimundo Cândido

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