segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011



Prezado Raimundo, acabei de ler seu texto sobre o Bandeira. É bom quebrar o jejum com uma iguaria desta. Parabéns. A propósito, outro dia, de brincadeira, rascunhei a paródia abaixo, no espírito gozador de Oswald de Andrade. E o meu amigo Claudio Parreira, do site de Literatura O Bule (conheces?) me disse que eu estava dessacralizando um cânone da nossa poesia que adorava dessacralizar seus antecessores.

Pasárgada, a Outra, primeira mão para voce dar uma apreciada.

Vou me embora de Pasárgada
A República triunfou
As mulheres não me querem
A minha cama quebrou.

Vou-me embora de Pasárgada
Escaparei por um triz
Da turba que não me atura
Caio fora, sigo em frente
Que Joana, safada, me estranha
Diz que me ama mas mente.
Já empregou seus parentes
Chance que eu jamais tive.

Na fuga farei um cooper
Roubarei uma bicicleta
Não mais burro nem mais brabo
Liso como pau-de-sebo
Tomarei banhos de gato
E quando estiver bem longe
Em São Paulo ou no Rio
Bebo, viro um pau-d'água
E dano a contar histórias
Que no tempo das vacas-gordas
Eu costumava inventar.

Vou-me embora de Pasárgada
Em Pasárgada não tem nada
Fim de civilização
Tenho um processo nas costas
Movido por Conceição
Meu celular não funciona
A Lei Seca me esturrica
As putas beijam na boca
Tenho pena de quem fica.

Um abraço de Tamanduá
Chico Pascoal
Crateuense de Ibiapaba, residindo em São Paulo
escritor/leitor. um aprendiz da arte de contar estórias.
postao por: Raimundo Candido

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