No transcorrer do tempo, os fatos marcantes acontecem deixando lembranças imorredouras nas mentes de muitos que presenciaram ou participaram de tais acontecimentos que a cada dia se transformam em recordação e saudade.
Crateuenses que viveram em décadas passadas não desconhecem a existência do Instituto Santa Inês, escola primária particular reconhecidamente como a melhor de Crateús, no final da década de 1940 ao limiar da de 1950.
Fundado pela professora Francisca de Araújo Rosa (Madrinha Francisca), que tinha em mente para os seus alunos, a construção de um futuro promissor, ainda distante, com base nos moldes da boa educação. Muitas práticas educativas adotadas por ela em sua escola, são válidas até hoje.
O Instituto Santa Inês comemorava todas as datas importantes do calendário nacional. Nas comemorações, além da participação dos alunos, tinha presença constante a “Orquestra Morais Rolim”, pequeno conjunto musical formado por alunos do Instituto. Madrinha Francisca à época, se adiantava no tempo, colocando a música como importante ferramenta para a educação.
A Orquestra Morais Rolim era integrada por Juraci Lopes, sanfoneiro que mais tarde foi substituído por Jeová; por Edson Martins (cavaquinho), Edmilson Barbosa (violão), Melinho (cuíca), Cirineu Lima (pandeiro), além de Raimundinha Andrade, Carlos Dirceu e pelos irmãos Vânia e Erisvaldo Martins, que tocavam outros instrumentos. Eram todos alunos do Instituto. A “Orquestra Morais Rolim” marcava presença nos mais diversos eventos: em sessões solenes, desfiles cívicos, aniversários e, principalmente nos inesquecíveis piqueniques realizados em fazendas próximas a Crateús, em comemoração a diversas datas.
A Orquestra tinha o seu hino, cuja letra era da autoria da professora Leonor Rosa, uma paródia sobre a letra da música “Tem gato na tuba”, de João de Barro, adaptada pelas professoras Rosa Virginia, Natália e Terezinha Albuquerque. A melodia do hino continua até hoje na cabeça daqueles que viveram aquela época de ouro. Integrada por alunos do curso primário, o conjunto musical tinha um diversificado repertório, executado com ritmo, cadência e harmonia. Suas apresentações se tornaram famosas pela característica musical executada no início e término de cada evento. A letra do hino da orquestra assim iniciava: Todos os dias, com alegria/ cantando sempre assim/ com mui respeito e entusiasmo/ na Orquestra Morais Rolim. Bis. Tum, Tum, Tum, Tum Tum Tum, Tum, Tum (bis) É Orquestra Morais Rolim. Também executava o Hino do Instituto que apresentava a seguinte letra: Do Instituto Santa Inês os estudantes/ São crianças esforçadas a florir/sobraçando felizes muitos livros/aguardando o futuro a sorrir. CORO - O Instituto é a luz farolizante/onde haurimos prazenteiros à instrução/pelo bom Deus, pela virtude, sempre avante/entregando ao Brasil o coração. Na senda do dever é livro aberto/onde lemos os princípios da ciência/divisando o progresso bem de perto/venceremos na luta em diligência. Nosso lema é prenúncio auspicioso/do esforço, da instrução e do saber/ nosso desejo também é grandioso/é crescer é subir e florescer.
Morais Rolim foi um crateuense de presença constante na vida da sua cidade. Foi coletor federal, desportista e amante da música. Era flautista dos melhores que a cidade conheceu no seu tempo. Contemporâneo musical de Felipe Morais, José Furtado, José Lopes, Osterne Santiago, Murilo Chaves e José Martins, entre outros. Solícito, não esperava ser chamado para algum trabalho e com sua presença e atuação voluntária ajudou nos labores sociais da cidade. Faleceu em São Paulo no dia 12 de fevereiro de 1984, onde se encontrava em tratamento de saúde, sendo sepultado em Fortaleza, onde residia há anos.
Em sua homenagem a Câmara Municipal de Crateús nomeou “Morais Rolim” a Rua lateral ao Hospital de Referência São Lucas, seguindo em direção ao nascente, cruzando com as Ruas Manoel Idelfonso e Maximiano Barreto, até encerrar na Rua Juvenal Galeno.
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Dedico esta matéria à Maria da Glória Monteiro Ferreira Bonfim, que estudou no Instituto Santa Inês e à professora Natália Albuquerque, que colaboraram com o feitio da mesma.
Flávio Machado
CronistaRaimundo Candido disse...
Flávio Machado, guardião do baú de nossa memória, sentinela de nosso passado que é o presente que sobrevive a lembrança humana. Vejo-o sempre no zelo e no cuidado de preservar, de valorizar o que se findou, como bom cronista que és, meus Parabéns!
Raimundo Candido
Quinta-feira, 23 Junho, 2011
Silas Falcão disse...
Flávio Machado, parabéns pela crônica. Lembrei-me da Madrinha Francisca expandindo sua alegria pelos salões do Caça e Pesca. Ela gostava muito de dançar.
Abraços.
Silas Falcão
Sexta-feira, 24 Junho, 2011
Flávio Machado, guardião do baú de nossa memória, sentinela de nosso passado que é o presente que sobrevive a lembrança humana. Vejo-o sempre no zelo e no cuidado de preservar, de valorizar o que se findou, como bom cronista que és, meus Parabéns!
ResponderExcluirRaimundo Candido
Flávio Machado, parabéns pela crônica. Lembrei-me da Madrinha Francisca expandindo sua alegria pelos salões do Caça e Pesca. Ela gostava muito de dançar.
ResponderExcluirAbraços.
Silas Falcão
Sempre bom relembrar nossa historia. Parabéns pela crônica. Norberto Bonfim.
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