terça-feira, 21 de junho de 2011

                                                                Um Tributo Matemático
                                                                                         (A Rodrigues Neto, um avatar)
                O caminho começou a ser traçado há cinco mil anos e já era o caminho de amanhã.  Ainda auscultamos aqueles primeiros passos inseguros e receosos que alguém ainda persegue e repete sucessivamente nos dias de hoje. Mas, na realidade, tudo que havia até então denotava este caminho, como uma placa sinalizando: É por aqui, sigam-me!
                E foi extraordinário! E está sendo admirável esta história que simples palavras articuladas imperfeitamente e com hesitação não conseguem contar minuciosamente em toda sua magnânima grandeza. É preciso que se ouça a amplidão de um silêncio incomensurável para suscitar as partículas que formaram seu genoma e que são, na realidade, partes de um bem maior, saídas daquele momento inicial, onde tudo se compôs e se aperfeiçoou, nas mãos de Deus. Ao escrever seu livro do universo, único best-seller escrito com divino papel luzidio, Ele gravou em letras garrafais assim: Tenho em mim todos os sonhos do mundo que se realizarão por obra das entidades simbólicas e numênicas e que levam meu anseio e o desassossego de toda realização preso numa eternidade.
No cerne de tudo que é grandioso há segredos, há mistérios que a humanidade atenta incansavelmente em decifrar. Mesmo que vá às profundezas dos abismos, que se desfolhem todas as florestas, que se saboreie a cintilação dos  raios , se perscrutem os rimbobados dos trovões, ainda assim, se não for um enigmático Avatar , nada decifrará. Mas se o espírito milenar de um anacoreta te for alicerçando a alma, alargando teu espírito, e se implorares com voz mansa em súplicas mil, em fatigantes rogos, aí sim, o segredo se revelará.
Foi assim no começo, será assim até o fim. Desde quando o profeta de Sámos, anunciado por Pítias, conhecido como o velho Pitágoras desvelou o primitivo discernimento e proferiu que todas as coisas são números e o número é a lei do universo que uma legião de seguidores perscruta incansavelmente essas pisadas, passo a passo, na estrada pedregosa de minas. O soberano Euclides afirmou, lá em Alexandria, que a trilha da matemática não era a mesma da realeza.  Arquimedes, o dá eureka, elevou-se com seus belos escritos geométricos.  Apolônio assombrou a escola de Atenas com suas cônicas. Diofanto veio fundando uma nova vereda pela álgebra e pelos cálculos simbólicos. Hipátia , a mais ilustre das sábias anônimas que se tem notícia, evidenciou o mundo grego, completando esta relação de incalculável valor.
Por mais que processe essa enumeração de seres extraordinários, duendes, magos, profetas versados em números feitos os poetas, que aqui acolá vagueiam por entre nós, no intuito de decifrar os mistérios do mundo, a lista nunca dará quorum. Sua incompletude se fará em virtude de um sem fim de mistérios, um infinito contido no infinito. E se paga um preço por ser aclamado no palco da genialidade, um sofrido tormento se apodera dos momentos que não se usam para a busca, como se decifrar o mistério fosse a única salvação.
                Um avatar vagueia entre nós, à sombras de seus sólidos geometricamente platônicos de faces vazadas, como o olho do infinito nos ligando a uma antiga Atenas. Um mago perambula entre nós, com seu raríssimo laboratório de experimentos matemáticos que asperge os teorema feito poemas, comprovado o que disse Waierstrass, um professor de matemática da Universidade de Berlim: Um matemático que não é também um pouco poeta nunca será um matemático completo! Seja bem vindo, Netão! Vamos beber água do rio Poti e se inspirar, que aqui é nosso chão!

Raimundo Candido

Nenhum comentário:

Postar um comentário