sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Do Mercado Velho à Igreja Senhor do Bonfim, tangidos por Raimundo


Ontem recebi a visita sempre sorridente do grande poeta Raimundo Cândido Teixeira Filho, meu amigo há muito mais do que apenas um par de dias. Conheço Raimundo de um tempo em que o mundo parava somente para apreciar a gente na doce beleza de brincar de ser menino – ele quase nunca crescendo nos banhos demorados da temível "goela" do Poti, eu esquecido de crescer nas correrias atrás de bilas e papagaios. Se algum dia trocamos duas ou três palavras não lembro, talvez não tivéssemos tempo. Talvez Raimundo fosse calado, talvez eu, inquieto. Talvez, porém, o mundo, àquele tempo, fosse um mundo grande demais e nós, embora vizinhos, nunca nos esbarramos. Talvez. 

Quando voltei a encontrar Raimundo, anos e anos e anos depois, a vida já dera com a gente no chão um bom pedaço de vezes. Raimundo era então um curioso, um menino grande correndo as bodegas da cidade, bebendo-lhes todos os segredos, inclusive e especialmente os inventados. Eu, de minha parte, meio esquecido de crescer, aprendendo, quando muito, a ser besta. Tenho para mim, porém, que, ressalvadas as devidas diferenças, éramos eu e ele duas figuras! 

Hoje eu sei que Raimundo é uma daquelas descobertas que fazemos uma vez na vida, coisa única, sem sobresselente. Em risco de extinção, devemos cuidá-lo como quem cuida de uma cacimba num ano de seca braba no esturricado sertão cearense, bebendo-o com parcimônia, devagarzinho, apreciando todo o seu poder de hidratar nosso querer bem. 

Mas, como eu dizia no princípio, ontem Raimundo veio me visitar. Veio avexado, de passagem apenas, na correria de ir pegar o ônibus para nossa capital. Não é que o danado estará com suas obras expostas na X Bienal Internacional do Livro do Ceará! Para ser mais exato, no estande de número 121 da Associação Cearense dos Escritores. Nunca é demais lembrar que Raimundo é um feliz autor de três livros: [1] Karatis, [2] Raiz do poema: teorema pra nos tanger e outras esquisitices ao quadrado e [3] Crateús – do portão da feira aos galos das torres – este último o verdadeiro motivo de sua visita. Vejam só vocês, veio me deixar com antecedência sua mais nova obra, a ser lançada somente no dia 17 próximo. Arre! Me senti nem sei como!... 

Mas isso é bem próprio do Raimundo: essas atenções. E pelo pouco que vislumbrei do livro – ao qual prometo retornar com mais vagar num futuro próximo e aqui discorrer sobre ele, se vocês me derem a oportunidade de fazê-lo – e pelo pouco que vislumbrei, eu dizia, Crateús inteira, todos aqueles que provarem das letras derramadas da obra de Raimundo, hão de concordar comigo que ele é um iluminado, prendendo em nossa memória – e mais! –, em nossos sentidos muito daquilo que nosso município tem e teve de melhor. No livro do Raimundo, não temo em dizê-lo, em cada folha sua, um pouco da alma de cada um de nós. Desafio qualquer um a lê-lo e a não se identificar, n'algum momento, com alguma coisa. 

Não sei vocês, mas eu... vixe como eu gosto do Raimundo. Salve. 

Lourival Veras


João Silas Falcão disse...

Lourival, bela crônica. Justa homenagem ao Raimundo Cândido. Onte, sexta-feira, 9/11, o dito personagem de sua crônica me deu o prazer de sua longa visita ao estande da ACE. Conversamos. Conversamos. Rimos. Retornamos aos mergulhos do Rio Poty. Ele autografou três exemplares do seu Grande Mundo de memórias nossas que é Crathéus- do portão da feira ao galos da torres. Hoje, ele retornará ao mesmo ambiente da nossa Associação e sei que mais dois exemplares o esperam para autografos. R. Cãndido é um bom humano e outros adjetivos que eu o defino em meu prefácio ao Crathéus... Parabéns pela bela crônica, Poeta.

 José Alberto de Souza disse...

Pois é, como dizemos aqui no sul, o homenzinho é um "come-quieto". Eu até que desconfiava mas juro que não sabia que ele já era autor de três livros. E, se não fosse, já estava na hora dele botar o seu bloco na rua, para apresentar essas alegorias maravilhosas da sua gente e de suas raízes... Crateus se universaliza com seus escritos!

2 comentários:

  1. Lourival, bela crônica. Justa homenagem ao Raimundo Cândido. Onte, sexta-feira, 9/11, o dito personagem de sua crônica me deu o prazer de sua longa visita ao estande da ACE. Conversamos. Conversamos. Rimos. Retornamos aos mergulhos do Rio Poty. Ele autografou três exemplares do seu Grande Mundo de memórias nossas que é Crathéus- do portão da feira ao galos da torres. Hoje, ele retornará ao mesmo ambiente da nossa Associação e sei que mais dois exemplares o esperam para autografos. R. Cãndido é um bom humano e outros adjetivos que eu o defino em meu prefácio ao Crathéus... Parabéns pela bela crônica, Poeta.

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  2. Pois é, como dizemos aqui no sul, o homenzinho é um "come-quieto". Eu até que desconfiava mas juro que não sabia que ele já era autor de três livros. E, se não fosse, já estava na hora dele botar o seu bloco na rua, para apresentar essas alegorias maravilhosas da sua gente e de suas raízes... Crateus se universaliza com seus escritos!

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