(Aos
pincéis de João Batista)
Um dia, sucedido deleite
na rua da beira do rio,
uma inspiração dizia-me:
Bom dia!
Eram os pinceis fervorosos
do mestre João
que já se achavam inebriados.
Um dia,
pela janela descerrada,
qual tela visionaria,
pasmos, meus olhos liam
o escoar do Poti
fluvial
em aguado pincel de um Portinari
e o emanar do sertão cordial
afeito aguerrido Picasso.
Um dia,
as coisas avivadas verteram
em magia de um Da Vinci,
fluindo no expressivo plasma
expelido na doce janela
como luzidio arco-íris no ar.
Um dia,
porção de findo instante,
quando um encanto emergia
germinando flores,
a mão do poeta-pintor
adormeceu no tempo,
mas pincelou as águas revoltas
em memória estática
arrebatadas nos remansos
e nos delírios inesquecíveis
do Poço da Roça.
Raimundo Cândido
Um dia nós estaremos lá,
ResponderExcluirbem ali no Poço da Roça,
à sombra de um pé de jatobá,
esbanjando bossa
sobre uma carregada pá
que alivi’essa fossa.