quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Minha vida!


(A Miriam Menezes Teixeira)

Flor de Nabucodonosor não fui, não sou!
Fico ao vento, verde ramo, tal galho seco
imaginando borboletas que rebentam casulos.
De um inocente subsistir, prisioneira sou!
Oh, Deus... A minha vida!
Desaprendi o infantil sorrir,
mas não me retirei pranteando
o aguado sal a escorrer no rosto,
pela antecipada ruína da vida!
Nada disputei, perdi e ganhei a hora da dor.
Hora de um instante amargo,
é o que me restou!            
Oh, Deus... A minha vida!
O que pintei sem tom, o que fiz de ruim,
Deus dos Profetas?
O que deixei por fazer nas eiras que nunca trilhei,
Deus dos inocentes?
Que pesado holocausto imputam a mim,
Deus da humanidade?
Pois expio o fel do mundo com o reles doce
que em mim, ainda há!
Oh, Deus...Da minha vida!


Raimundo Cândido

Um comentário:

  1. A amargura contida nesse poema
    me provoca sem querer uma ansiedade,
    mas quem sou eu para pedir ao poeta
    que preste conta sobre seu desabafo?

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