terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Heroico

(Ao velho amigo Sobreira)

A malíssima negridão afronta...
E continuará a afligir,
imperturbável,
os olhos metálicos das espadas 
dos anjos de Deus...
O bem e o mal fermentam, 
tônus inflamados, 
como tempero das eras!
E um dia o clamor de um poeta
quebrou os grilhões da escravidão!
Mas o cativeiro continuou, 
dominador e mortal, 
em vapores alcoólicos na alma de seres incautos... 
Um dia, um herói chamado Sobreira
ofertou seus dias, como permuta, 
no altar da negridão, por cegos olhos sãos, 
por dignidades regidas, por entes acorrentados
e os semi-vivos reedificaram-se na vida,
ao suplicar, como no milagre do cego de Jericó:
-Sobreira, filho de Davi, tem misericórdia de mim!

Raimundo Cândido

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