segunda-feira, 31 de março de 2014

Trovejar


Ecoa, na sequidão do ar,
o motim rouco do trovão!
Voltam, favoráveis chuvas, 
anuviadas de presságios 
depondo a longa espera.
Redimirá o pecado ósseo
de desilusão pétrea
irrigando a solidão
de longínquas eras
na calha seca do Poti?
Troveja luz, som
e sobressalto no sertão
de intolerável sede, 
de saciar mirrado
no eterno aguardar.
A estridente disritmia
é como sermão que ressoa:
-Oh, Filho do desprezo 
obstinado em confiar!
- Brrrr booom! Boooooom
-Oh, teimosia que não aprende
a conviver, em harmonia, com 
a estúpida agonia de vida e morte!
- Brrrr booom! Boooooom
-Oh, ser pertinaz que crer
na força bruta e na essência do som
rimbobante, e prossegue a exaltar 
ao brado áspero do trovão
como se sublima ao Glorioso Pai!
- Brrrr booom! Boooooom



                                                                    Raimundo Cândido
Zacharias Bezerra de Oliveira disse...
Trovejar é muito melhor que alvejar
no sentido em que este mata
e aquele alça e realça a mata
proporcionando o seu verdejar!

Um comentário:

  1. Trovejar é muito melhor que alvejar
    no sentido em que este mata
    e aquele alça e realça a mata
    proporcionando o seu verdejar!

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