quarta-feira, 8 de julho de 2015

Linha D’água



Toda existência corre para o mar
como escorro na superfície d’água
deste desatinado rio que me carrega.

Estanco, às vezes, permeio ao fundo,
agarrado às pedras, porto e salvação,
atado às moitas, amparo e atracação.

Por vezes, encrespo a um vento aceso,
ondeio, ao sabor de um insosso rio
e nas endiabradas folias dos socós.

Vezes outras estagno nos poços
embrejado de desejos e medos
e do enevoado revoo das garças.

Outras vezes minhas ilusões entornam
invadindo margens, tomando várzeas
e volto a sonhar, na suave linha d’água.

Raimundo Cândido

Um comentário:

  1. Lá entre galhos do fundo do rio,
    liberto-me com sofreguidão
    e busco um ar restaurador,
    chegando à superfície,
    mantenho-me à tona até quando?

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