Para o amigo Lourival Mourão
Eram três amigos.
Eram três amigos inseparáveis.
Ficaram unidos desde a primeira vez que se viram (gostavam de se pabular disso).
Eram carne e unha desde as primeiras brincadeiras de bila, bola e arraia. Moravam em ruas separadas, mas não distantes. Nunca houve briga, mancha alguma que os separasse.
Cresceram juntos, apaixonaram-se pelas quase mesmas meninas. Dois torciam pelo São Vicente e o outro pelo Unidos do Petróleo.
Cresceram, irremediavelmente.
Um ficou pelo ginásio e ajudava o pai na bodega. Outro foi para o seminário em Sobral. E o terceiro perambulou de festa em festa.
Fatalmente um deles seria próspero comerciante. Outro, dedicado padre. E o último, professor e poeta.
Porém um deles suicidou-se por causa de um amor não correspondido. O outro foi assassinado ao separar uma briga de casais. E o derradeiro pulou da ponte da linha férrea e espatifou a coluna.
Eram três amigos.
Eram três.
Eram.
Pedro Salgueiro
Especial para O Povo
Prezadíssima Isis,
ResponderExcluirboa tarde!
Soberbos os teus (e os dos demais confrades) poemas e comentários. Se utilizei o adjetivo "espritado" para caracterizar nossa gente de F. Santos, utilizarei o termo que, por mim, nada tem de pejorativo, mais de agueurridos, inspirados, fecundos "cabeças chatas". Minha querida, siga com eles, que chegarás à Lua, ao mundo inteiro, ao infinito. Eles têm, como nós, a paixão telúrica, o amor à terra, e tudo fazem pelo seu engrandecimento. Eu tenho dois genros e três netinhs "cabeças chatas", e não permito que ninguém deboche deles. Transmita o meu sincero abraço a esses - também - espritados do verso, do conto, da crônica.
Abraços literários do
João Bosco