Elias de França
Meus olhos envelheceram antes de mim
Deixaram-me órfão das feições belas da moça
Do brilho da Estrela D’alva
Dos versos de “de Mello”...
Mas desde ontem tenho nova vista
Ganhei um par de olhos de vidro
Bem redondos, bem graúdos, bem emparelhados...
Ganhei de volta o sorriso da moça,
Rindo risadas, chegando a gargalhar
As estrelas todas me cresceram
As Três-Marias mais parecem Vênus trigêmeas
Ganhei até um novo nome
Sempre pronunciado com ar de graça:
olhos de bila.
Hoje estou mais distante do ancestral homo sapiens
E mais parente dos sapos e das moscas
Em desforra, a linha do horizonte dá nó no meu nariz
O infinito céu roça a barriga no meu telhado
E posso, enfim, com meus olhos postiços
Encontrar sozinho os buracos das fechaduras
Das portas de tantos mundos.
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