segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Diogo - Cavaquinho e Violão


Por Flávio Machado e Silva
                Crateús, ao longo da sua história, ganhou uma infinidade de filhos adotivos. Diogo Barros de Macedo é um destes filhos acolhidos por esta terra desde 1961, quando ainda jovem acompanhou seus pais que escolheram como morada a terra do Senhor do Bonfim.
Nasceu em  Mutuquinha, uma localidade no município de Tauá, onde cresceu e aos 6 anos mudou-se para outro lugar conhecido por Lindoia, perto do distrito de Trici. Filho de família humilde não conheceu nenhuma moleza nos seus dias de vida e logo aos quatorze anos, em 1958 já estava alistado para trabalhar em frente de serviço no lugar Várzea do Boi, onde seu pai conseguiu duas vagas uma para si e outra para o jovem Diogo, na construção do açude.  A penúria acompanhava a família dos seus pais Francisco Fernandes de Macedo e dona Francisca de Souza Barros, a ponto de em certa época terem que morar sob um frondoso Juazeiro, na localidade Retiro, perto da obra onde trabalhava. Quando foi desativado o serviço na Várzea do Boi, em 1959 a família enfrentou o sol causticante do nordeste, onde desta vez aquele garoto viu as dificuldades enfrentadas por quem trabalha na roça, na produção do Ouro Branco, (Algodão), cultura que para dar camisa a quem trabalhava nas capoeiras, precisava ser zelada, através do roço, labuta que hoje o Diogo comenta com a felicidade de quem conheceu e venceu certas intempéries da vida.
Em 1964 ingressou no exército e era integrante do Programa 4° BEC EM SEU LAR, levado ao ar através das ondas sonoras da Rádio Educadora de Crateús. O Soldado Diogo participava na parte musical. O comandante da programação era o Sargento Valdir Labres. No exército Diogo Integrava a Banda de Música do 4° BEC. Pouco foi o tempo de escola do nosso jovem, razão por que logo completado o tempo, deu baixa e ficou quites com o serviço militar, mas passou a integrar o conjunto musical  “OS ALUCINANTES”, organizado por um grupo de sargentos.
Em 1968 conheceu a companheira com quem segue a vida até hoje. Maria Vilani Feitosa Macedo, vem ao longo do tempo, ombro a ombro trilhando os caminhos do casal que divide o lar com o filho Ivany, companheiro inseparável.
Mas aquele menino que, nas veias, nasceu com o dom da musicalidade, logo cedo descobriu a arte e a paixão por instrumentos de corda. Cultivou uma hereditariedade e se familiarizou com o cavaquinho e o violão. Aqui no município de Crateús, morando no quilometro dez, onde trabalhava nos algodoais do agropecuarista Tobias Soares Resende, à noite, hora do descanso, se deleitava com um violão acariciado no peito e se aperfeiçoava naquele instrumento que mais tarde o levaria a ser conhecido como um dos grandes violonistas que Crateús conhece. Integrou-se ao regional do Grande Músico Zé Regino e a partir daí cresceu a fama daquele menino humilde que não mais retornou para as capoeiras de algodão, preferindo participar, nos estúdios da Rádio Educadora de Crateús nas noites das sextas feiras, do Programa Hora da Recordação e Saudade. Integrado ao Regional foi animador de festas e forrós, e também participou das inesquecíveis serenatas, costume tão intensamente vivido nas noites enluaradas de Crateús dos Anos sessenta.
Durante muitos anos dividiu a profissão de músico com a de segurança ou vigilante. Fez curso para esta área e prestou serviço na CORPVS, ajudando a transportar valores e trabalhando como segurança, até se aposentar servindo no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA).
Dificilmente encontramos um tocador de violão ou cavaquinho que não caia na tentação e enfrente, imune, as oportunidades de beber. São viciados em bebida quase todos os violonistas que conheço. Diogo foi um destes, mas consciente e ajudado por amigos, principalmente pelas professoras do CEJA, teve força de vontade e hoje, nunca vemos o nosso amigo tragar algum tipo de bebida alcoólica.
Ao longo da vida o Diogo notabilizou-se como um dos grandes instrumentistas desta terra. É dotado de elevada auto-estima e é amigo de todos que cultivam interesse pela arte e pela música. Atualmente é solicitado por pessoas para ministrar aulas de violão ou cavaquinho. Trabalha em oficinas culturais tanto ensinando, como participando de eventos. É componente de um grupo que se faz presente em aniversários, serestas e eventos outros promovidos por integrantes da sociedade crateuense. Belas páginas musicais compõem o CD intitulado DIOGO MACÊDO – 48 anos de cavaquinho e violão. Portanto, quase cinco décadas integram o mestre Diogo com estes nobres instrumentos utilizados no mundo da música, esta companheira inseparável e harmoniosa participante dos nossos sentimentos.

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