quinta-feira, 8 de abril de 2010

EXPEDIENTE DO ABSURDO - Rogerlando Gomes

Da americana República Federativa do Brasil
O mais farsesco e, brasileiro, mais latino – e ladino –
Presidente, essa terra assistiu cuspir – Cuspiu
Glórias inverossímeis e, por sabedoria, pus e desatinos.


E se não nos, porque a mim, não, vos representou.
Vossa soberba, vossa empáfia, vossa sagacidade,
A vos que dele e por ele e nele e ele também espelhou
À arrebatadora miséria de impronunciada felicidade.


Ouvi rumores de risos de despossuídos – e lautos – vindos
De fóruns, da caatinga, das matas, de alagados,,, rumores de continental
E de incontida global satisfação de mesmerizados indivíduos
Que vislumbraram grandezas, a negarem-se à pequenez do que real.


Esse real que feito de medidas humanas ao surreal
Das coisas apenas em palavras constantes desfaz
E impacta assim muito mais e definitivamente tal
Só a Natureza por si sobre nós e sobre si mesma se faz.


Da metamórfica República Federativa do Brasil
Não espero nada que não seja assim fantástico,
Que não fascine o mundo: uma cuspida no rio
Do presente que congele o universo e degele o ártico.


E o absurdo disso tudo não surge nem vem do Oriente
Nem lá da África, ou irrompe cá no Ocidente ou ali na Oceania
E, se é com o que me atrito, não advém de gente, mesmo e se, rente,
O absurdo é do mundo – e humano, e deles meu expediente e poesia.

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