domingo, 4 de abril de 2010

TARDE URBANA


Tarde Urbana, extensão harmoniosa,
Quanta bondade eu queria possuir
Para estender-me sobre o pomar
De teu largo peito silencioso.

Deixa que venha e passe, Tarde Mansa,
Dentro da casa do meu sonho,
Toda clareza sem medida,
Toda a prática mal pensada,
Todos os passos feitos de infância,
Todos os vôos cheios de azul,
Todos os destinos que tiveram
Por pétala somente o Pão,
Por rumo apenas a Liberdade.

Traz a mim, Quadro Cristalino,
Terra Dura, Barro de Afeto,
Os castigos que mais te doeram,
as visitas que mais te alegraram,
tuas reconstruções mais felizes,
a brasa que mais te ardeu
durante o Fogo do Combate
e a música que aprendeste
da Bandeira Vitoriosa!

Dá-me, ó Pensativa Tarde Calma,
De água secreta e sino parado,
Que sentes o peso do Dia
E sabes a espera da Noite,
A borboleta de Luz sobre o leito,
O horizonte que ninguém imaginou,
A ponte invisível que liga
O morro dos lábios da União
Ao coração da estrada da Amizade.

Que na minha contemplação
Estejam presentes o estouro distante,
Os raios áureos do teu ocaso,
A flor germinal, a rosa organizada,
O sol que banha as palmeiras,
As folhas que conspiram escondidas,
As pedras que se plantam nos rios,
O dínamo que movimenta os seres,
O edifício construído na areia
Mas que eu possa sentir, sobretudo,
O humano sorriso ... sobre tudo.

Arvore Pura, Tarde Urbana,
Vivei em mim e sobreviverei
Á minha própria morte,
Cantai para mim e caminharei
Com a estrofe mais bela da Terra,
Subi comigo e voarei
Pelos espaços da alegria perene,
Oferece-me tua Paz nua e terei
Um amor mais amplo que o infinito!
(Júnior Bonfim, in Poesias Adolescentes e Maduras)

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