domingo, 16 de outubro de 2011



DOM FRAGOSO – PRIMEIRO BISPO DE CRATEÚS.
Vera Lucia Teixeira Fernandes1

       Antonio Batista Fragoso nasceu em Teixeira, na Paraíba. Esse homem de fé, convicção, coerência, ideal e de ações foi o primeiro bispo de Crateús. Optou por ser pobre e assim viveu até a morte. A opção pelos pobres determinou suas ações e o fez coerente a vida toda. Era um homem culto, dinâmico, perspicaz, simples e franco. Tentou se aproximar da vida de Jesus Cristo, pois se dedicou aos pobres e necessitados, fez da vida um Evangelho vivo. A pobreza de sua casa em Crateús e em João Pessoa, onde viveu os últimos anos testemunhava sua santidade e causava admiração àqueles que privavam de sua companhia. Alguns amigos sensibilizados com a carência de bens materiais básicos e outras necessidades ofereciam-no ajuda, quando ele respondia: “precisa não meu irmão, tá muito bom assim”. Faltavam-lhe dinheiro e coisas básicas, mas viveu com muito entusiasmo e alegria, mostrava-se um homem feliz.
Direcionou a vida e a intelectualidade ao serviço dos pobres, dos excluídos, enfrentando com grande coragem e posicionamentos frente à sociedade burguesa, aos militares, pois viveu à época da ditadura de 1964, e teve que enfrentar poderosos, governos e opressores que confundiam a vivência do Evangelho com comunismo. Assim, encarou com ousadia a repressão dos anos da Ditadura Militar, em defesa dos injustiçados, e dos militantes da diocese que o seguiam. Defender a classe operária consciente de seus direitos e deveres, erguer a voz na luta por dias melhores para os oprimidos o deixava muito feliz. Costumava dizer que “o medo que tinha era o de ter medo”. Os agricultores, trabalhadores urbanos, desempregados encontravam no bispo grande apoio para a luta sindical. Privilegiou comunidades de base, sindicatos, associações de moradores, agricultores, prostitutas, negros, desvalidos e analfabetos, dando-lhes condições para se tornarem sujeitos de suas histórias. Sua catequese passava pela formação da consciência, na busca de uma vivência mais fraterna. Lutava pela justiça social, era a favor da paz e não violência. Suas idéias semelhantes às de Cristo, pareciam subverter a ordem da sociedade individualista, segregada. Em 2004, aposentado e residindo na periferia de João Pessoa, responde em entrevista ao Diário do Nordeste “subversivo era a realidade que eu denunciava”.
        Escreveu alguns livros mostrando o rosto da Igreja de Crateús que a comparava com o rosto dos sertanejos sofridos, afirmando que neles se esconde o rosto de Deus. E que a estrutura econômica e política que esmaga e escraviza o povo pobre é incompatível com o Evangelho. Trabalhou 34 anos na Diocese de Crateús, de 1964 a 1998, tendo como sucessor Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho.
        Primogênito dos seis filhos do casal José Fragoso da Costa e Maria José Batista Fragoso, nascido em 10/12/1920. Ordenou-se Sacerdote em João Pessoa - PB, em 02/07/1944 e Bispo, também em João Pessoa, em 30/05/1957. Foi assistente da Juventude Operária Católica - JOC, no Nordeste de 1947-1957 e iniciou o serviço episcopal como Bispo Auxiliar de Dom José Medeiros Delgado, em São Luís - MA, de 1957- 1963.  Nomeado 1º Bispo da  Diocese de Crateús, em 1964 onde permaneceu até 1998, vivendo as diretrizes e as ações de uma Igreja Popular e Libertadora.
      Foi Profeta da contemporaneidade. Como bispo adotou a Mística Bíblica quem toca no Rebanho, toca no Pastorsendo essa a motivação, a força que o conduziu como Pastor Diocesano cuidar em especial das ovelhas fragilizadas.  Faleceu no dia 12 de agosto de 2006, aos 86 anos, deixando um legado na consciência e no coração dos crateuenses, e uma história de Igreja dos pobres, que inaugura a Diocese de Crateús e a faz conhecida no mundo todo.
Crateús – CE. 02 de outubro de 2011


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