quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Poema Infeliz

Oh! maldita coisa!
Penso pensar;
despejo soberbo;
bocejo, sobejo;
sobras de lira, delírio;
maldito ditado;
demônio das horas turvas;
Insônia, tentação da meia-noite,
que me abandona,
enquanto vago entretido
nos labirintos de lidas e pressas
e me possui na cisma!
Por que só me induzes a viajar,
quando não tenho aonde ir?
Se ao menos me falasses de flores,
de orgias ou embriaguez...
ou me trouxesses das lonjuras, da imaginação além-mar,
o impossível amor perfeito,
uma bonança de orgasmos,
ou um deleite com deusas anônimas...
Corrompe-me a sensatez!
Fragmenta-me em grão,
faz-te vento e me leve qual poeira pelo universo
para longe da crueldade do existir;
afasta-me do mundano mosaico de carne rasgada
a manchar os cenários de concreto...
Como te impões a mim,
assim, tão crua, voraz, pedra tosca, digo-te:
não és poesia;
és vômito, agonia...
Tempo perdido,
palavra doida,
viver doído!

Elias de França

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