segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Nova diretoria da ACE, para o biênio
2014-2016

Presidente de Honra:
Francisco de Assis Almeida Filho

Presidente:
Francisco de Assis Clementino Ferreira

Vice – presidente
 Silas Falcão

1º Vice - presidente
Maria Linda Bezerra Lemos

2º Vice – presidente
Francisco Bernivaldo Carneiro

Assessoria da presidência
Luis Gonzaga da Fonseca Mota e Abmael Ferreira Martins

Secretaria

1º Secretário
Rejane Nascimento

2º Secretario
Cornellius Ezeokeke Okwudilli

Diretoria Cultural

Diretor cultural
José Rubens Venceslau Silva

Membros:
Maria de Fátima Tavares Silva, Argentina Austragésilio de Andrade, Luis Eduardo Santana Cruz.

Coordenadoria Editorial

Coordenadora
Maria do Socorro Cavalcanti

Membros
Eliane Arruda, Rejane Nascimento, Silas Falcão, Pedro Jorge, Silas Façanha.

Diretoria de comunicações

Diretor
Antonio Oanes Tavares Venceslau.

Membros
 Audanice Arruda, Paulo Tadeu.

Diretoria de Eventos

Diretora
Maria do Socorro Cavalcante.

Membros
 Sonia Nogueira, Maria de Fátima Lemos Pereira Campo, Leila Maria da Silva.

Cerimonial

Mestre de Cerimônia

Joseleido Santana Bonfim

Mestre de Cerimônia adjunto
Francisco Bernivaldo Carneiro

Membros
Maria Eudismar Mendes, Cirlene Setúbal, Clara Setúbal.

Tesouraria

1º Tesoureiro
Joseleido Santana Bonfim

2º tesoureiro
Rosa Virgínia Carneiro Castro

Ouvidoria

Ouvidor
 Manuel Casqueiro.

Membros
Dalton Marques, Francisco Diniz.

Diretoria de Artes

Gilson Albuquerque Pontes, B. C. Neto, José Irismar Abreu, Carlos Roberto Nogueira Vazconcelos.

Conselho Fiscal

Presidente
 Raimundo Linhares

Membros
Péricles Araujo da Silva, Francisco Lima Freitas, Gutemberg Liberato de Andrade, Nirvanda Medeiros, Nanda Gois, Cícero Modesto.

Conselho consultivo

Presidente
 Francisco Muniz Tabosa
Vice-presidente

 Domingos Pascoal de Melo

1º Vice – presidente

Elson Damasceno

Membros

Dom Edmilson da Cruz, Juarez Leitão, Ubiratan Diniz Aguiar, Irapuan Diniz Aguiar, José Irismar Abreu, José Moacir Gadelha de Lima, José Rodrigues (J. R), João Bosco Barbosa Martins, Padre Raimundo Frota, João Gonçalves de Lemos, Barros Alves, Sylvia Helena Braun, Francisco José Pinheiro, Luis de Gonzaga Fonseca Mota, Antonio Vicente Alencar, Osmar Diógenes, João Ferreira, Mauricio Cabral Benevides, José Augusto Bezerra, Júnior Bomfim, João Teófilo Pierre, Adegildo Ferrer, Ednilo Soarez, Creuza Clementino Ferreira, Joaquim Clementino Ferreira, Fernando Sergio Clementino Teixeira, Roselaine Clementino Teixeira.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Padre Rosa – Hóstia, punhal e bala.

Admiro os historiadores quando, num esforço mais que braçal, utilizam-se de um afiado instrumento para apreender a(s) realidade(s) dos fatos: O pensamento na busca da verdade. Um filósofo, destes pós-moderno, chegou a afirmar: “... não há ninguém que veja a verdade sem pensar com ajuda de um olhar, e os olhos são sempre os olhos dos outros.” O que tenho de narrador-filosófico, além deste olhar difuso a me ofuscar, é uma grande curiosidade histórica, uma vontade de enxergar, entre findo olhares, um tempo antiguíssimo a procura de verdades. Tento entrever o murcho limo do passado, que nos espreita em cada esquina, munido unicamente deste estreito raciocínio de visão.  
Em suma, pensaremos no decorrido tempo passado pelo olhar dos outros! E assim, volveremos ao inicio do Século XX (Século Sangrento) nos Sertões de Cratheús, expondo olhares sem tentar corrompê-los.
                Decorriam os primeiros anos de 1900. No Ceará, acontecia a Era Aciolista. Antonio Pinto Nogueira Accioly frustrava toda expectativa do povo cearense criando uma oligarquia impiedosa que fez vistas grossas ao sofrimento do sertão, em anos de seca e, no desenho de um papel, construiu cinco pontes sobre o Rio Pacoti. O dinheiro apareceu nas contas do Estado. As Pontes é que nunca foram construídas.
                Entre dezenas de movimentos para derrubar Accioly do poder, o mais importante foi a Passeata dos Meninos. Liderada por mulheres cearenses, cerca de seiscentas crianças, todas vestidas de branco, com laços verde-amarelos e ostentando no pescoço um medalhão do Coronel Marcos Franco Rabelo, desfilaram pelas ruas de Fortaleza, cantando e sendo acompanhadas por milhares de pessoas. O Babaquara, apelido de Acioly, ordena que a polícia haja com rigor, ocasionando a morte de varias pessoas. A revolta só aumentou. O povo armou-se como pode para tirar o déspota do comando do Estado que, por fim, renunciou. Supõem-se outros olhares sobre a Passeata das Crianças, que a minha parca visão não pode alcançar!
                Em Crateús, tínhamos Aciolistas e Rabelistas exaltados em quase todas as esquinas.
                O velho sertanejo Furtuoso José de Sá, com a mente enevoada de cachaça e uma arma reluzindo na cintura, entrava no portão do Mercado Público a cavalo e vociferava: “Esse povo de Cratheús é todo sem-vergonha e ladrão! Os homens são todos Franco Rabelo e as mulheres frangas do rabão!”
                Um dos aciolistas mais ferrenhos da cidade era o vigário: Joaquim Gonçalves Rosa, o Pe. Rosa. Nascera nos Sertões de Cratheús, mas precisamente em Tamboril (antigo Arraial da Telha) e, ao sair do seminário, vem tomar conta do rebanho de ovelhas cristãs, da recente Vila Príncipe Imperial.
                No interior do Ceará predominava (?) uma cruenta servidão imposta pelo medo na alma do homem ingênuo e ignorante: “As coisas são assim porque são como são, sempre foram assim, sempre serão.” Os políticos, coronéis arrogante e opressores, e os padres oportunistas tiravam proveito disso e pactuaram uma tríplice associação: a oligarquia Accioly, o coronelismo de Giló e o sacerdócio do Pe. Rosa.
                No Distrito de Irapuá reinava insatisfação com o padre crateuense, pois o mesmo havia vendido todas as propriedades pertencentes à Igreja do lugar. Fora o sumiço de uma imagem, em ouro maciço, representando o padroeiro de Bom Jesus do Bonfim. O Pe. Rosa jogara uma maldição no ladrão que surrupiara o santo e este pega um estranho engasgo que o faz devolver a estatueta. O Vigário trouxe a peça sacra para Cratheús e, depois disso, ninguém mais a viu!
                Se o ouro sagrado logo sumia, imagine os difíceis contos de réis... O Padre cobrava 5$000 réis por um casamento sob a abóbada da Igreja. O casamento por fora, ao gosto do freguês, era o dobro. Até para um defunto se enterrar estava pela hora da morte: 15$000 réis. Com esses preços, reclamavam tanto os vivos quanto os mortos!  Mas a convivência só se tornou azedamente insociável pelas velhas rixas políticas. O bobo do sertanejo, como massa de manobra, era tangido, hora por um, hora por outro grupo, os Marretas do Padre Rosa e os Rabelistas do Dr. Luiz Chaves e Melo, que ficavam atiçando brasas e escrevendo denúncias nos jornais de Sobral e de Fortaleza.    
                No Unitário, jornal cearense de oposição a Accioly, em 4 de abril de 1911, ler-se: “Chamamos atenção do Revmo Sr. Dom Joaquim José Vieira, Bispo Diocesano do Ceará para as mui justas reclamações da população de Cratheús contra o procedimento do vigário, que foi posto ali. É um rapaz turbulento e que se está portando como qualquer Sargento de Polícia que comanda forças do interior.” O artigo continua: “ Vossa Excelência convirá que é um importante ato de caridade fazer sair dali uma criatura tão imprópria para o papel de cura das almas ou pastor de um rebanho de cristãos. O Padre está só servindo de  instrumento de um grupo prepotentes, como Deolino Lopes e Jerônimo de Sousa Lima, o Cel. Giló. Como foi que o filho de um pobre ferreiro de Tamboril, que chegou aqui puxando uma cachorrinha, se tornou uma pessoa riquíssima, juntamente com todos seus irmãos? A Igreja crateuense se transformou num celeiro de negócio rendoso, para algumas famílias!” E concluem, com um abaixo-assinado, a denúncia ao Bispo de Fortaleza, dizendo:  “ Ele se descuida até dos ensinamentos do evangelho.”
                O povo ficava espantado e de boca aberta, quando via o Pe. Rosa treinando tiro ao alvo nas árvores das Cajás, à beira do Rio Poti. Fora ao Mercado Público, com o mestre de música da Igreja, que era casado com sua sobrinha, para comprar um rifle e algumas caixas de balas. Agora se exercita em pontaria num arbóreo alvo, imaginando ser algum famigerado rabelista. E tinha que está preparado, pois era hábito do povo andar armado pelas ruas, até dentro do templo sagrado da igreja do Senhor do Bonfim. Em qualquer um se percebia o cabo do punhal “rabo de andorinha” sobressaindo da camisa ou o volume indicativo de um Smith & Wesson nos cós da calça.           
                O dia 18 de março de 1913, na festa de São José, o Padroeiro do Ceará, a esperança aflora na pele do sertanejo, em suplicantes orações buscando alento para as agruras da seca. Naquele dia, sob a cúpula da Matriz do Senhor do Bonfim lotada de fiéis, reinava uma atmosfera de animosidade. Os rabelistas e os aciolistadas, lado a lado, dividiam o espaço do templo sagrado.  O Padre, inoportunamente, começa a descompor, asperamente, alguns assistentes que não eram de sua predileção: - Esse povo mal educado que se ajoelha numa perna só são ignorantes, são uns brutos, uns canalhas!
                O Cap. João de Deus Coutinho sentiu-se ferido nos brios. Interrompe o sermão do sacerdote e contesta: - O Padre estar é se esquecendo que rezar é a missa!
                A confusão estava armada. Muitos, já de revólver na mão, procuram um alvo. Afora as peixeiras desembainhadas que brilhavam no ar. Partiram pra cima de João de Deus, que se retira do recinto. Dizem que ouve um disparo rumo ao altar, onde repousa a imagem de madeira do Senhor do Bonfim.  Hóstia e bala se juntam no mesmo local de adoração. O Padre Rosa havia tirado a batina e de costas para a multidão, afoitamente, vociferava: - Podem atirar! Querem atirar? Atirem!
                Décadas, após aquele famoso incidente no dia de São José, a Catedral do Senhor do Bonfim receberia outro estampido de bala, mas desta vez pelo lado de fora, no confronto com os revoltosos.
                 Após incidentes tão sérios numa cidadezinha interiorana, o Pe. Rosa teve que se retirar de sua velha paróquia, por ordens superiores. Como o Oligarca Accioly, que foi deposto e retirou-se às pressas, num navio de cabotagem. A oposição ainda continuou a perseguição ao Babaquara, mar adentro, até alcança o navio e matar Acciolito, o filho de accioly,  pois a cruel vingança, filha da selvageria, só se sacia no ardor do fogo ou na avidez do sangue! 
                Uma tropa, de muitos animais, estava em prontidão para levar os pertences do Padre Rosa, no quarteirão em frente a Igreja. Alguns aciolistas e as beatas vertiam lágrimas na despedida do padre.  Do outro lado da rua, em frente Igreja, um grupo de rabelistas se compraziam com a visão da partida do presbítero brigão. Dona Chica Pereira, uma senhora da sociedade, levara um auxiliar para ajudar a soltar uma dúzia de fogos.
                Joaquim Gonçalves Rosa também se especializara em jogar pragas, era exímio na arte e já dera provas disso, como Moises fizera no Egito dos Faraós.  Um dos rabelista ouviu o padre balbuciar uma oração olhando para o grupo opositor: “Me revisto de toda armadura de Deus... e que o fogo dos infernos suba de chão acima!”
                Dona Chica ordena ao ajudante que acenda o primeiro rojão, nem bem o padre pegara na rédea do cavalo. O negro, herdeiro da antiga sensibilidade e premonição dos escravos, sentindo um arrepio na espinha, rejeita a missão, avisa: - Cuidado com o castigo divino, Dona Chica! Ela zanga-se e chama o negro de covarde: - Me dê essa merda que eu mesmo acendo! Na raiva desenfreada, toca fogo diversas vezes no estopim, que não acende. O braço cansado baixa ao chão e o foguete dispara, resvalando na terra e refletindo nas pernas de Dona Chica queimando a anágua de lã, como as queimadas nas capoeiras do sertão. Essa foi a praga do fogo divino, que faltou no Egito dos faraós, pensou de longe,  o negro fujão!               
                O Padre segue na trilha do seu novo destino, sem olhar para trás. Confia na poderosa oração da época de Moises, pois nunca uma praga sua falhara!
                Um comerciante-poeta, José Saboia Livreiro, assaz espirituoso, que curiosamente assistia ao espetáculo por ali, aproveita a ocasião e aumenta uns versos de um poema rimado em pês: “O padeiro Paulo Pereira / pacato porco preguiçoso / palerma de pouca pataca / padece passando pomada / na perereca da Chica Pereira do PP.”
                Como disse o filosofo, só contemplamos a história pelos olhos dos outros, mas bem que eu gostaria de ter assistido a estes estupendos espetáculos entre os aciolista e os rabelistas com o meu difuso olhar, mesmo a me ofuscar, no velho Sertão de Cratheús.      


         Raimundo Cândido

sábado, 22 de fevereiro de 2014

MULHER POESIA

 Estou muito feliz e envaidecida. O nobre Professor Auriberto Vidal Cavalcante, há três dias, comunicou-me que fui eleita, dentre outras escritoras, para receber a Comenda "MULHER POESIA", conferida pelo Grupo Chocalho, recanto de literatos. Há 30 anos esta entidade, incentivadora das letras e da cultura, realiza eventos de grande porte, que visam ao engrandecimento das letras e das artes, estimulando àqueles que se curvam à musa, dando-lhes a oportunidade de concretizarem os os seus anelos, de preferência, a publicação de suas fantasias. A solenidade acontecerá no dia 08 de março, de 2014, na sede da APEOC. Professor Auriberto, agradeço-lhe, bem como a Comissão de Outorgas, por esta inenarrável HONRARIA. Pergunto-me o porquê da minha eleição, mas não encontro a resposta, vez que não me sinto merecedora de tanta distinção, entre tantos valores femininos da nossa amada "terrinha". Muito obrigada. Abraços.
Lucineide Souto Antonio Marcos - poetisa crateuense

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CONVOCAÇÃO

ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS
Ficam convocados os 30 membros da ALC para uma reunião no dia 22 de Fevereiro às 17:00  horas no Prédio da REFESA na Praça da Estação ( Praça Antônio Acelino) Sede da ALC.
PAUTA:
- Participação mais ativa e contribuição monetária dos membros da Academia.
- Participação da ALC, em Associação com a Academia do Lions Club, na XV Convenção do Distrito LA-4 em Crateús
- Participação de todos os membros da Academia de Letras  de Crateús na Audiência Publica que se realizará no dia 17 de Março sobre a situação da nova Sede da ALC , com a presença de representantes do IPHAN, Secretária do Patrimônio da União, Secretaria de cultura de Crateús, Promotoria Pública, representantes da Gestão Municipal, publico em geral e Acadêmicos da ALC
- Outros  assuntos pendentes.

Crateús 17 de Fevereiro de 2014
Raimundo Cândido Teixeira Filho

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Antes que o galo cante!



Recebi a pergunta por Email e logo uma luzinha de alerta ascendeu na minha consciência, como um pisca-pisca no painel de carro, de quando havia algum sinal alertando no meu velho Del Rey. Também ficou uma ordenzinha insistente, obstinadamente teimosa, repetindo uma voz de mando: - Responde logo a pergunta, Raimundo! E antes que o galo cante!
Dizia a missiva eletrônica: “A propósito do livro “Cratheús do portão da feira aos galos das torres” que ainda não li, qual é o fundamento ou significado bíblico dos galos das torres de nossa Catedral do Senhor do Bonfim? Abraços, Dr. Manoel Martins.”
O alerta não era sem motivo, pois havia colocado a seguinte pergunta na promoção “Ler é vida” da Academia de Letras de Crateús: Qual o nome completo do magistrado que gravou seu nome na história recente de Crateús quando, assumindo as funções jurisdicionais da 2ª Vara, colocando no cárcere criminosos de todos os naipes, inclusive doutores, políticos e servidores públicos graduados?” Um promotor de Justiça, Dr. Antonio Arcelino Oliveira Gomes, havia ganho o livro,  sobre Jurisdicionalidade Reprimida da autoria do Promotor Dr. José Arteiro Soares Goiano, quando respondeu na lata: Foi o Dr. Magno Gomes de Oliveira.  
Pelo nome, MAGNUS, que significa o grande, só poderia ter nos deixado o que realmente deixou, como um bom exemplo: A ORDEM PÚBLICA! Já que Cratheús tem uma estranha tendência, desde a velha Vila Príncipe Imperial, à inclinação ao desarranjo, ao desvairamento de sua organização pacífica, social, política e econômica de cidade ribeirinha.
Minhas orelhas ficaram de pé! Dois Juízes e dois Promotores assim, como que despretensiosos, entres as linhas mal escritas deste escriba de pouco recursos. Pareceu-me um presságio! Que fiz eu, para atraí-los à abstrações literais nestes destituídos parágrafos? 
Quando batizei os galos das Torres da Igreja da Matriz, o da esquerda com o nome de Bonfim e o da direita de Macedo, tinha certeza de que nenhum vultoso antepassado viria me perguntar os porquês destes digníssimos nomes. Os mortos, que agora se preocupam com outras amenidades, não! Mas os vivos, com o atordoamento das incertezas, sim! O primeiro a me contestar foi o grande escritor Flávio Machado: - Raimundo, porque um dos galos não se chama Juvêncio, já que foi ele que construiu a torre poente? Custou-me convencê-lo de que os nomes Macedo e Bonfim correspondiam a uma geração de homens-padres que semearam uma ordem, comeram e beberam a ceia de uma era que ficou como um pilar deste tórrido chão.
Nunca esperei uma cobrança “jurídica” acerca dos vigilantes galos a olhar a Ribeira do Poti sobre os braços do Cristo Redentor.
Mas a voz da minha consciência continuava martelando: - Não enrola! Responde logo a pergunta do doutor, senão tu vai ver! Cedo à insistência daquela clamorosa voz que me chegou pelo correio eletrônico e, por esse mesmo imã do mundo, respondo.
Meritíssimo Dr. Manoel Martins: Tenho em mente a história de um menino que um dia se achegou à janela do Externato N. S. de Fátima, como um esperto garnizé em busca de sapiênci e cintilou nos olhos da professora Dona Delite, como uma promessa de irrefutável valor, como um voto de qualificado brio e que se concretizou, para orgulho da cidade. Hoje, como guerreiro que cumpriu a missão de cidadão, repousa como os galos das torres, a velar o compasso do tempo na cristalização das eras. 
Caríssimo Doutor: Como os bois lá na Índia do kamasutra numa aglomeração de sagrado e profano, os galos das torres da Catedral Senhor do Bonfim, mesmo sem batinas e sem togas, são sagrados e vigiam a profanação que os sem decências proclamam pela cidade, fazendo aumentar a inclinação ao desarranjo, ao desvairamento de sua organização pacífica, social, política e econômica.
Enquanto os crateuenses dormem, eles, os galos Macedo e Bonfim, em nome dos homens, louvam a Deus e observam atentamente, toda sensatez e todo descaminho desde o portão da feira, o coração da cidade às torres erguidas aos céus, como súplica de salvação.
Já que o poema Ofertório o fez recordar a primeira comunhão quando recebeu o "Corpo e Sangue de Cristo sob a forma de pão e vinho", aproveito a ocasião de confluência de religiosidade, de honestidade, de honradez e de força dos homens das leis, como Magnus crateuenses da justiça, para conclamar ajuda aos nossos dois galos, que passarão a ser três com suas presenças, seremos quatro, cinco, seis... Uma multidão!  E como os galos de Cabral, que entregando uns aos outros a responsabilidade de tecer o dia, teceremos um amanhã de esperanças nas Ribeiras do Poti.
De um grande admirador dos Galos das Torres da Matriz e dos que promovem, indistintamente, justiça aos homens na Terra e aos olhos dos céus.
Raimundo Cândido


sábado, 8 de fevereiro de 2014

O Oficio de Rastrear

                                                     
                Quem sabe dos segredos do sertão é porque nasceu com uma preciosa dádiva, um raro dom de ver-olhar, olhar e ver. Só podemos captar o que não está à mostra, o que não se divisa, quando podemos sabê-lo, pressentir o invisível. E para se pressagiar assim, é preciso pensar. Raciocinar com o sexto-sentido conectado aos elementos da terra, às vibrações do ar e às essências dos mistérios que revelam os indícios do que não se pode ver.
                A humana criatura foi perdendo esse dom, hoje incorporado as insensíveis máquinas tecnológicas que, simplesmente olham, captam e realizam o que tem que fazer, sem a mínima descrença em si, mas privadas da doce contemplação ou do inesperado espanto! Chamam-na de nanotecnologia e já é parte integrante do corpo humano. Numa engrenagem menor que um grão de arroz, dissimulada no corpo, guardam-se todas as informações de um cidadão: nome, endereço, árvore genealógica, tipo sanguíneo, histórico de medicamentos, RG, CPF, senha de bancos e um localizador, com Sistema de Posicionamento Global viam satélite, o GPS, fazendo com que esta pessoa possa ser escaneada, rastreada em qualquer ponto do Planeta.
Se o sábio filósofo Aristóteles, que achava ser o coração a mola mestra dos pensamentos e dos sentimentos, tivesse imaginado que, um dia, alguém caminhasse pela face da terra com um chip implantado na pele ou com um motorzinho de titânio e plástico acoplado na caixa torácica, fazendo um vruuum, no lugar do característico tum tum tum entre a sístole e a diástole, diria a mesma coisa que muitos crentes alardeiam, exageradamente, por aí: - É a marca da besta ferra! Isto é o sinal do anti-Cristo!!!
Um bom rastreador, outrora, usava uma visão apurada, um faro aguçado e o espírito em total alerta para seguir uma trilha deixada por uma caça ou por uma pessoa perdida na Caatinga. Virgulino Ferreira da Silva, o famigerado Lampião, que sobreviveu por quase vinte anos lutando e fugindo pelo sertão nordestino, tinha mais ódio dos rastreadores das volantes do que dos próprios policiais que o perseguiam. Proferia colérico: - Quem eliminar um desgraçado de um rastreador terá matado uns cem macacos!
Para despistá-los, o bando usava todo tipo de artimanhas: invertiam a posição do salto das alpercatas, pisavam somente no chão duro, sobre o mesmo rastro para parecer o caminhar de um só homem e, quase sempre, o último cangaceiro da fila apagava as pisadas que iam ficando, com uns galhos folhudos. Andavam dezenas de quilômetros por dia despistando os rastreadores, num silêncio quase sepulcral. Mas cometeram um pecado mortal, para quem queria desnortear os “cães” farejadores das volantes: como raramente tomavam banho, para tirar o cheiro forte sob os trajes de couro cru, despejavam vidros de perfumes sobre o corpo! Só poderia dá no que deu, foram pegues de “assalto” no pedregal da Grota de Angicos, por 45 macacos conduzidos pelo legendário rastreador pernambucano Antônio Cassiano. Nem a Oração da Pedra Cristalina, encontrada no bolso de Virgulino, fechou o corpo do cangaceiro contra as balas das metralhadoras e o faro dos rastreadores da Caatinga.
Os Sertões de Crateús sempre foram afamados pelos seus rastreadores. Eles tinham um lema: Se voar, deixa sombras. Se andar, deixa rastros.  O de mais remota memória chamava-se Alfinete, que rastreava bichos, gente e até visagens. Numa acirrada briga política entre dois Partidos Políticos: o Conservador, apelidado de Marretas, e o Liberal do Pe. Inácio Ribeiro de Melo, o padre levou a melhor e venceu o preito de 1849, com uma grande maioria de votos. A oposição resolve processar o Pe. Inácio e tentam enquadrá-lo nos crimes do irmão, o famigerado Cascavel. Há oito dias que o Pe. Inácio partira ao encontro do Juiz de Piacó, recém nomeado para essa região, para relatar a situação caótica de Crateús e se livrar de um “arranjado” júri popular.  O ferrenho adversário, Pe. Francisco Santiago, convoca o rastreador Alfinete para conduzir um bando de assassinos na perseguição do Padre Inácio. O tempo apaga os vestígios, a aspereza do sertão engole os rastros e o dom de olhar-ver tem que estar bem apurado, principalmente quanto o sol escaldante e o relento da madrugada dissipa estas marcas efêmeras. A visão microscópica, o sentido farejador, o senso de percepção detectam os rastros deixados pelo padre como se fossem pisadas recentes. Já próximo de Sousa-PB, nas margens de um riacho, sob as sombras de frondosas oiticicas, os assassinos executam a infeliz missão, com requinte de uma inenarrável perversidade.
No celebre livro Notas de Viagem, de Antônio Bezerra, encontramos mais um velho rastejador dos Sertões de Crateús, e chamava-se Bernadino. Ele decifrou um bárbaro crime, após um tarrafeiro pescar uma perna de um poço do Rio Poti. Bernadinho foi incumbido de rastrear o assassino, pelas pegadas que partiam das margéns e, o incrível, foi que ele relatou toda história, como se tivesse vendo “in loco”, até chegar ao filho do dono de uma fazenda, a 60 km do local do delito. O assassino confirmou tudo, como Bernardino havia decifrado.
 No município de Tamboril, o Senhor Francisco Pedrosa amalucara de vez.  Enlouquecera de tal forma que pegava uma faca e dizia que ia se matar. Certo dia ele desapareceu e entrou sem rumo pela Caatinga adentro. A família procurara por toda parte e já perdera a esperança de encontrá-lo vivo. Alguém se lembra do velho Bernadino, que sai em seu encalço, prometendo encontrá-lo. O rastrejador disse que ficou zonzo e sentiu o que é ser um zuruó por tantos ziguezagues, tantos vai e vem, passando pelo mesmo ponto e seguindo seu rastro. Bernadino vai encontrar o amalucado quando o rastro resolve partir na direção do Serrote Feiticeiro e acha-o, no alto dos íngremes lajedos, sentado numa pedra, olhando o precipício, em iminente perigo de vida. E como havia prometido, restitui o maluco a sua família, não tão são, mas salvo.    
No sumiço de um animal, daqueles propensos a fugir do curral ou quando tangido por espertalhões, logo chamavam um rastreador da região. Sempre que os bodes de Zé Ivan Melo fugiam, ninguém achava e ele ordenava: - Oh Menino, chame ali o Altino, filho do Aureliano dos Anjos. Altino partia rumo à Serra da Ibiapaba, esmiuçando o chão e sempre voltava com os bodes fujões.
Para fazer vida no sertão o trabalho do cidadão é árduo, é duro, principalmente para quem é honesto e não tem uma herança em vista. O boiadeiro Raimundo Cuímba, quando vinha do Piauí, sempre trazia uma ou duas vaquinha, para revender em Crateús e nunca passava disso. Um dia Milton Menezes cavalga ao lado do grande rastreador Firmino dos Anjos, que caminha cabisbaixo, concentrado nos veredas do caminho. Súbito, Firmino levanta a cabeça e afirma: — Mas menino, pois num é que o Raimundo Cuímba agora cresceu os olhos! Desta vez ele veio tangendo doze vaquinhas.  Vão até o curral em que está o gado, cansado da viagem e contam: Uma, duas... Doze! Com espanto nos olhos Milton afirma:
— Como é que pode? Isso só acontece se for adivinhando!!!
Como o velho Bernadino do livro de Antonio Bezerra, Firmino dos Anjos também tinha o olhar microscópico, igual ao do irmão Lauriano, um dom de família, sabiam olhar e ver o que ninguém mais via. Quando o menino que Dona Donana criava desapareceu, tomou rumo ignorado pelas veredas do Pereiros, Firmino aguçou a vista e, como fazem os carcarás caçando calando entre os gravetos do sertão, pegou o fio da meada e seguiu até achar o coitado perdido no meio do mato, com um assombro maior que a fome e a sede que o devorava.
Um dia resolveram testar o oficio de Firmino. Havia morrido um cavalo velho pelas redondezas. Pegaram os cascos do finado e fizeram umas marcas numa cacimba de gado. Chamaram o rastreador dos Pereiros: — Firmino, nós encontramos uns rastros de um animal ali. Parece que o cavalo não é daqui não! Você quer olhar? 
Foram lá, ver. Firmino examina, detalhadamente, sente os elementos da terra, as vibrações do ar, e a essência do mistério revela-se como que milagre, aos olhos que brilham numa sentença:
— Eh, rapazes... Esse cavalo velho, aqui, está com um bocado de tempo que morreu!

Raimundo Cândido

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Visita à Crateús


(Saulo Barreto Lima – Bisneto de Amâncio Correia Lima)
Já estava no final das minhas férias, em janeiro de 2014, quando resolvi concretizar um sonho recente: conhecer a cidade de Crateús no Ceará. Já havia passado bons aos bocados no nosso sítio Antonio Amâncio, na cidade de Ubajara, situada na verdejante e encantadora Serra da Ibiapaba. Meu paladar ainda se desfazia das doces lembranças do saboreio de rapadura, manga, jaca e tangerina, em meio a um clima de baixas temperaturas, avigorado pelas constantes ocorrências de chuvas, neblinas e ventanias. Além disso tudo, tive a oportunidade de xerocar uma coletânea de 5 livros do escritor e irmão de meu avô Antonio Amâncio, Raimundo Raul Correia Lima, gentilmente cedidos por seu filho, Luís.                                                                                     
O fator determinante para conhecê-la, apesar de não ter “ninguém” lá, se deu por conta da necessidade de resgatar uma certidão de nascimento do meu bisavô Francisco das Chagas Barreto, também nascido naquela urbe, quando esta ainda mantinha a categoria de Vila Príncipe Imperial. Esse documento iria compor a recente obra produzida por meu primo, o Poeta do Becco, César Barreto Lima e Marcelo Barreto Alves, chamada de “Um Varão de Plutarco: A Saga de Chagas Barreto Lima”. Infelizmente, não logrei êxito na tentativa resgatar tal documento, apesar do apoio de muitos.                                                                                                                                    
Pois bem, estava na minha querida Teresina quando embarco no ônibus da empresa de viagens Barroso, uma das únicas que fazia linha para Crateús. Depois, pude entender bem o porquê da escassez de oferta. É que existe um trecho pelo lado do Piauí onde a estrada, pasmem, ainda é de carroçal brabo. A viagem foi tranquila. Pude me deparar com diferentes cenários do sertão piauiense marcado pela ocorrência de grandes buritizeiros ao longo da estrada. Ao fim, ainda podemos ver na descida, ao pé da serra, um lindo espetáculo natural de imensidão verde. Percebi, também, a presença marcante de algumas protuberantes formações rochosas e de vegetações típicas do sertão crateuense como cactos e xiquexiques.           
Uma das cidades cortadas pelo nosso busão foi a peculiar cidade de Castelo do Piauí. Não demorou muito para entender por que a cidade leva esse nome. Em toda sua circunscrição, são vistas casas, a maioria revestida e murada com pedras. Isso mesmo, por conta da abundância desse material, quase não se usa tijolos de cerâmica por lá. Tudo é construído e levantado por enormes pedaços e mais pedaços contínuos de pedras ornamentais do tipo gipsita de corolação amarela escura, chamadas também de Pedra de Castelo.                                                                                                                              
  Outro motivo crucial de querer visitar essa cidade diz respeito à importância que ela teve quando da constituição dos meus antepassados. O berço de toda minha linha ascendente materna recente vem de Crateús. Entretanto, apesar da sua importância nunca havia tido a oportunidade de conhecê-la melhor. De mochila nas costas e com minhas economias depositadas no Banco do Brasil para custeio da minha estadia, parto sem olhar para trás.                                                                                               
Hospedo-me logo numa pousada, bem no coração da cidade, chamada de Crateús: Pousada e Restaurante. Um local muito agradável, limpo, bem cuidado e o melhor de tudo, com um preço de diária bastante convidativo. E é justamente nesse local onde as coincidências vão acontecendo. O proprietário desse estabelecimento, é o simpático senhor Raimundo Soares Dias, que por ventura conheceu muito bem meu avô A. Amâncio.                                                                                                                                             Pois bem, logo na noite do primeiro dia, não poderia ter sido melhor, pois a cidade estava em festa. Afinal de contas, estava sendo instalada uma placa no monumento em comemoração aos 88 anos da passagem da Coluna Prestes por Crateús. Isso ocorreu em pleno point cultural da cidade, que fica a beira dos trilhos da antiga Estação de Ferroviária de Crateús, ainda hoje, operante. Foi justamente nessa estação, que meu avô, ainda menino, Antonio Amâncio fazia uns bicos, carregando as malas de alguns passageiros. Foi nela também que ele embarcou rumo a Sobral para se casar com sua eterna amada, minha avó Margarida.                                                                                  
Lá também se concentram o espaço cultural de artes, o Teatro Rosa Moraes, a Biblioteca Municipal Norberto Ferreira Filho e a prolífica Academia de Letras de Crateús. Em paralelo, acontecia também, a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Governo Federal, que contou com a presença do governador Cid Gomes, do seu irmão, o secretário de Saúde Ciro Gomes, do vice-governador Domingos Filho, do prefeito municipal Carlos Felipe Saraiva Beserra e demais outras autoridades.                                                                                                                                  
Voltando a solenidade de Prestes, foi exibido um documentário sobre a Coluna, havendo em seguida, a intervenção de uma primorosa banda de música, que tocou o hino da cidade bem como um breve discurso de alguns escritores e autoridades. Logo lá, tive a oportunidade de conhecer o poeta e presidente da Academia de Letras, Raimundo Cândido Teixeira Filho (o Raimundinho) que com toda sua paciência e parcimônia, me acolheu e me repassou dados importantes da sua tão estimada cidade. Lá também conheci o simpático vice-prefeito municipal, o Dr. Mauro Rodrigues, uma figura cativante com seu peculiar chapéu de couro nordestino, que na ocasião logo me agendou uma visita em seu gabinete, unicamente para me presentear com o livro comemorativo: Crateús 100 anos.                                                                       
No outro dia, logo cedo, passei pelos cartórios da cidade para ver se conseguia sucesso no meu intento principal. Porém apesar de estar próximo de praticamente todos os cartórios disponíveis a dificuldade era achar o tal documento, ou ao menos algum registro de nascimento de Chagas Barreto. Essa dificuldade se deu muito também por conta da histórica troca da cidade de Crateús (outrora pertencente ao estado do Piauí) por Luís Correia (que era do estado do Ceará).                                                                              Como última tentativa, fui ainda à Paróquia da Igreja Matriz para ver se conseguia seu registro de batismo, porém nada feito. Não havia nem registros da documentação do período que eu aspirava. Essa troca de uma cidade pela outra acarretou, à longo prazo, uma série de “desencontros arquivísticos”. Uma delas foi o translado e guarda de documentos históricos. Muitos documentos de Crateús, estão em poder da cidade de Oeiras, outra parte no Arquivo Público do Piauí, muitos outros foram até perdidos.                 Conheci também, as dependências da Academia de Letras de Crateús e sua biblioteca, do qual na pessoa do anfitrião e escritor Raimundinho, foi feita muito bem as honras da casa. Ele destacou um artigo dedicado no seu livro “Ribeira do Poty” aos meus outros bisavós, José Amâncio e a Professora Amália. De forma escorreita e com uma condução primorosa das palavras, ressalta no escrito, tanto a popularidade bem a constatação de como o casal era muito bem querido pela cidade toda.                                        
Lá ele ainda me revelou acerca de um grande vulto da literatura brasileira quase-esquecido: o poeta José Coriolano de Souza Lima considerado o “Príncipe dos Poetas” e fundador-patrono da literatura piauiense. Graças ao esforço de um trineto, chamado Ivens Roberto de Araújo Mourão, sua obra está sendo resgatada e divulgada. Inclusive, Raimundinho me apresentou a relíquia da casa, que era o original incólume de uma de suas poesias devidamente envidraçado.                                                                        Depois desse banho literário, tive a oportunidade de adquirir relevantes livros sobre a cidade de sua autoria e de outros escritores. Dele, adquiri os livros “Ribeira do Poty - Sertão de Cratheús: verso e prosa” e mais “Cratheús: do portão da feira aos galos das torres”. Do outro escritor, o Sr. Flávio Machado e Silva, adquiri “Crateús, lembranças que marcaram a história” e “Crateús, lembranças que aquecem o coração”. No final da feira, ainda tomei guarda do livro “Marcha da Coluna Miguel Costa: Prestes através do Ceará” do Pe. Geraldo Oliveira Lima, ou Geraldinho, como carinhosamente é conhecido na região. Por fim, como cortesia do templo letrado, Raimundinho ainda me presenteou com “Memória Póstumas de Brás Cubas: Obra Transcendental e Filosófica” também de autoria do padre e a “História dos Evangélicos em Crateús” do irmão Zacarias Alves Beserra.                                                            
Pois bem, ao fim desses rápidos, mas muitos proveitosos três dias, ainda conheci e fiz amizade com uma simpática filha da cidade, chamada Zulania. Muito gentil, curiosa e solícita ela me convidou para aventurarmos em sua moto num passeio incurso pela cidade através de outros prismas e olhares.                                Essa foi uma viagem, de 72 foras, onde pude garantir com firmeza que houve 100% de aproveitamento. Não houve, sequer, um mísero segundo desperdiçado. Num tempo vago, ainda pude almoçar no Mercado Municipal da cidade, além de conhecer o descuidado sepulcro do meu estimado bisavô José Amâncio Correia Lima. Ele era poeta e idealizador do Museu Histórico de Crateús, inclusive dispondo daquela que seria sua primeira peça de exibição: um antigo engelho, do ano de 1910, de moer à bolandeira fabricado pelo primeiro autoforno da América Latina.                  
Esse projeto, segundo Raimundinho, está em andamento, mas em se tratando de bem de valor cultural e educacional, não sabemos até quando os operadores do Poder Público terão interesse de viabilizar tal empreitada. Essa foi a experiência marcante pelo qual passei. Essa que agora passa a ser uma das “minhas cidades”. Espero que seja primeira visita de muitas, pois tem um povo acolhedor, consciente do seu valor histórico-cultural do qual devem primar e preservar. Saí na certeza de que cada cidadão crateuense, é na verdade, um mecenas. Um soldado em defesa da sua história. Isso explica o porquê do chão dessa terra atrair, brotar e gerar tanta gente descente de enorme caráter e irrefutável valor humano.
Até muito breve Crateús!            
Saulo Barreto Lima
Em: 25/01/2014


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A Busca



                                                           Sorvo o fel dos dias
                                                           adoçado ao mel dos sonhos
                                                           e rumo a um extremo instante.
                                                           Elo de um primevo sopro 
                                                           ao suspiro de um longo fim!
                                                           Sigo no rastro dos que vagam
                                                           e nada encontram...
                                                           Somente a lama da noite
                                                           impregna-se na minha pele,
                                                           como biles das nulidades
                                                           evaporada dos poros
                                                           tal apática e agoniada letargia.
                                                           E a secreção nos olhos,
                                                           a escorrer desilusões,
                                                           afirma a dor da ausência
                                                           afeito pura essência,
                                                           naufragada num abismo
                                                           de saudades e melancolia!

                                                           Raimundo Cândido

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Agricultor.

                                              CARLOS HOLANDA

Olhe bem presta atenção
Para o que vou lhe falar
Que é ser agricultor
Nas terras do Ceará.
Homem sério e trabalhador
Que precisa só plantar!

Veja só autoridade
Prefeito e governador
Deputado e vereador
O que eu estou a alertar.
O que precisa o agricultor
Para a terra cultivar!

Sem ele se passa fome.
Pois os legumes colhidos
É para alimentar o povo
Então presta atenção
Olhe com compaixão,
Estou afirmando de novo!

Essa ajuda é justiça
E desta forma, então,
Há uma dívida social
Ajude a seu irmão
A melhorar o sertão
E tudo será legal!

Ajude acabar a fome
Do povo do sertão.
Vamos achar a solução
Pois a grande evasão
É descaso dos homens
É falta de condição!

Será que as autoridades
Não têm essa consciência
Seca, fome, sofrimento,
Do homem do meu sertão
Cadê sua alteridade
Estou a pedir clemência

Se o homem do sertão
Permanece em seu torrão
Eu garanto, pode crer.
Crescerá a produção
E mudará o sertão
Falta ajuda pra valer


Portanto, autoridades,
É por falta de opção
Que apela ao esquecimento
E vai parar nas cidades
Sem nenhum conhecimento
Parece até gozação


Sem teto, dinheiro e alimento.
E com muito sofrimento.
Fica triste e pobretão
A tendência é tornar-se
Delinquente, pela falta de visão.
E de conhecimento!

Não vou generalizar
Nem também discriminar
Pois o homem do sertão
É sério a trabalhar
E tem caráter a zelar.
Então preste atenção!

A  responsabilidade é sua
Ajudar o nosso irmão
A ficar no seu torrão
Fazendo a plantação
Desta forma então
Garantir a alimentação!

Só assim ele será
Sempre grande cidadão
Benéfico à população
Pelo amor que tem a Deus
Pelo amor ao seu sertão.
Valorize seu irmão!


(Autor: Antonio CARLOS HOLANDA da Silva  (Professor, Radialista e Palestrante)– Fortaleza-Ce, 26 de Janeiro de 2014