domingo, 13 de outubro de 2013

A Cerca


Às vezes,
na ponta da estaca
pousa uma sabiá,
mas só de passagem,
a peneirar as penas!
E sempre o intrometido
Bem-te-vi vem curiar!
Às vezes,
há perfume de roseiras
e o colorido da jitiranas!
Num momento invulgar...
Todavia,
o que predomina no ar
é um cinza decadente,
desdouro de paus-a-pique,
das velhas estacas abraçadas
no peito de um Mourão
que o tempo rói o limo,
retornando-o ao chão!
A cerca corre na fila torta
escoltando uma vereda
na trilha da amplidão!
Às vezes,
no desalinhamento rude,
ancora um passador
onde a fé se transpõe
de lado a lado, elevador
de ossadas e esperanças,
na senda da solidão!


Raimundo Cândido

Maria do Socorro Cavalcanti disse...
Meu prezado amigo e Presidente da Academia de Letras de Crateús, Raimundo Cândido 
T. Filho, sou realmente uma privilegiada! Contar com o envio de variados textos advindos de tão nobres confrades, é realmente agradável e proveitoso. O seu poema A CERCA vai fundo no interior de cada Nordestino, que venha a ter a feliz oportunidade de ler tão importante obra. Parabéns!

Zacharias Bezerra de Oliveira disse...
Às vezes por ali também pousam, curiosos, urubus
Outrora, quem sabe, maneirosas juritis...
A cerca, outras vezes, já não se destaca,
Pois nada mais cerca, são apenas estacas.

José Alberto de Souza disse... 
Enxergas uma sobrevida
pairando no ar eterno
como se quisesse contar
uma história oculta
na solidão de paus a pique
cravados na terra morta.

2 comentários:

  1. Às vezes por ali também pousam, curiosos, urubus
    Outrora, quem sabe, maneirosas juritis...
    A cerca, outras vezes, já não se destaca,
    Pois nada mais cerca, são apenas estacas.

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  2. Enxergas uma sobrevida
    pairando no ar eterno
    como se quisesse contar
    uma história oculta
    na solidão de paus a pique
    cravados na terra morta.

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